Dominguinhos

 Dominguinhos: Isso Aqui Tá Bom Demais

Musical homenageia o mestre da sanfona e da música popular e chega ao Rio depois de 10 anos sem Dominguinhos

por Waleria de Carvalho

Mestre da música popular brasileira, o saudoso compositor e sanfoneiro pernambucano Dominguinhos (1941-2013) recebe uma homenagem com o musical Dominguinhos: Isso Aqui Tá Bom Demais no ano que se completa uma década da sua morte. O espetáculo foi idealizado pelo diretor Gabriel Fontes Paiva e pela diretora musical Myriam Taubkin, que trabalharam durante um bom tempo com o homenageado. Já o texto foi criado pela premiada dramaturga e jornalista Silvia Gomez e traz de forma contemporânea toda emoção daquele que acabou se consolidando não somente como o mestre do forró, mas com uma carreira musical própria englobando diversos gêneros como o jazz, o pop e a MPB. Inclusivo, contará com intérprete de libras às sextas-feiras. E todas as apresentações têm libreto em Braille.

Para fazer jus a sua amplitude musical, boa parte do elenco veio do universo da música, como é o caso de Liv Moraes, cantora, parceira e filha de Dominguinhos, Cosme Vieira, que tocou sanfona com Dominguinhos quando ainda era criança, o ator e professor musical Wilson Feitosa, o compositor e arranjador Zé Pitoco, de Cupira / PE, que acompanhou Dominguinhos em inúmeros shows ao longo se sua carreira, um dos grandes expoentes da nova safra de atores e cantores brasileiros Fitti e os conhecidos internacionalmente Hugo Linns, músico que é referência brasileira em viola e o aclamado percussionista Jam da Silva, os três últimos de Recife. O sanfoneiro Cosme Vieira e Zambumba, clarinete e sax alto, complementam a banda.

“Quando Dominguinhos faleceu foi um momento difícil, porque o acompanhamos de perto. Ele era muito querido e sempre foi uma delícia trabalhar com ele. Pouco depois da morte dele, procurei a Myriam, minha parceira no Projeto Memória Brasileira, que documenta a memória viva da música brasileira há 35 anos, para criar um musical sobre a vida e obra desse gênio. Foram sete anos elaborando, negociando direitos autorais e viabilizando o espetáculo. E hoje eu entendo que conseguimos construir o projeto ideal com dezenas de outras pessoas que compreendem, respiram e vivem neste universo”, revela Paiva.

Sobre o processo de construção da dramaturgia, Silvia Gomez conta que o texto foi escrito ao longo de dois anos a partir de entrevistas com pessoas que conviveram com Dominguinhos, como Anastácia, Liv Moraes, além dos próprios Gabriel Fontes Paiva e Myriam Taubkin. Além disso, o jornalista especializado em música Lucas Nobile assina a pesquisa documental que apoiou a escrita dramatúrgica.

“Lucas trouxe um material vasto de linha do tempo, músicas, motivações, notícias e casos da vida desse mestre. O mergulho na obra incluiu programas, documentários, entrevistas e reportagens de jornais e revistas de época, além de livros como O Brasil da Sanfona, de Myriam Taubkin. Nos baseamos em fatos reais e depoimentos públicos de Dominguinhos, sem, no entanto, deixar de dialogar poeticamente com essa realidade, ficcionalizando certas passagens que envolvem as personagens evocadas”, comenta a autora.

Muito mais do que contar de forma linear e cronológica a vida de Dominguinhos, a dramaturgia explora essa combinação entre o documental e o poético. “Há um certo lugar delirante em minhas dramaturgias e, aqui, pude expressá-lo no recorte escolhido como procedimento narrativo: em seu último momento de vida, Dominguinhos é visitado pelas histórias, pessoas — e sanfonas — que marcaram sua carreira, como se tudo se passasse numa fração de segundo infinita do pensamento e da memória. Também sou jornalista, e, pela primeira vez, pude combinar em uma peça teatral a minha formação híbrida, entre a dramaturgia e o documentário. Ou melhor, pude buscar a vocação narrativa dessa vida e dessa obra tão importantes para a nossa formação cultural e afetiva”, acrescenta.

Já a encenação parte de um jogo entre os atores e músicos, que se alternam nos papéis de Dominguinhos e das pessoas que fizeram parte da vida dele. “Este jogo tem tudo a ver com a trajetória de Dominguinhos e com a obra dele. Um homem que viveu para trazer alegria para as pessoas e que conseguia contar, inclusive coisas tristes, de uma forma alegre. A encenação parte desta brincadeira com a plateia para que a gente possa transmitir a energia que ele conseguia levar a todos nós. Quem viu Dominguinhos tocar ao vivo sabe do que estou falando e é isso que vamos tentar reproduzir”, explica Gabriel Fontes Paiva.

Ainda sobre a direção, Paiva conta que buscou resgatar como grandes referências para a montagem elementos importantes para o sanfoneiro, como a cidade de Garanhuns, em Pernambuco, onde Dominguinhos nasceu, e os ritmos e danças como forró, baião e xaxado.

“Também buscamos a música pop dos anos 70 e 80 em São Paulo e no Rio de Janeiro. Fomos atrás da raiz, mas também da antena que ele foi: um músico pop que conseguiu passar por todos os gêneros musicais e realizou parcerias com dezenas de músicos de linguagens diferentes, um artista que sempre falou de sua época”, adiciona o diretor.

Um pouquinho sobre Dominguinhos

Dominguinhos conseguiu unir o regional de um Brasil profundo com o que havia de mais moderno na música. Foi um artista que cantou a experiência humana em sua essência mais luminosa, sempre com leveza, humor, alegria e poesia.

Nascido em Garanhuns (PE), em 1941, José Domingos de Moraes iniciou a carreira ainda na infância. Aos oito anos, se apresentou para Luiz Gonzaga em um hotel de sua cidade natal, sem saber que tocava para o Rei do Baião. E, aos 13 anos, deixou seu estado com a família para tentar a sorte no Rio de Janeiro.

Em mais de 55 anos de carreira, Dominguinhos gravou 40 discos. No último desses trabalhos, Iluminado Dominguinhos, lançado em DVD em 2010, gravou grande parte de seu repertório instrumental com a participação de Gilberto Gil, Elba Ramalho, Wagner Tiso e Yamandu Costa, entre outros.

Suas músicas mais conhecidas são “Eu Só Quero um Xodó” e “Tenho Sede” (parcerias com Anastácia), cujos registros mais famosos foram feitos por Gil na década de 1970, “Isso Aqui Tá Bom Demais” e “De Volta pro Aconchego” (com Nando Cordel), clássico na voz de Elba Ramalho, nos anos 1980, “Abri a Porta” e “Lamento Sertanejo” (com Gilberto GIl).

“De Volta pro Aconchego” e “Isso Aqui Tá Bom Demais” fizeram parte da trilha da novela “Roque Santeiro”, aumentando a popularidade do artista nos anos 1980. Na mesma década, Chico Buarque gravou “Tantas Palavras”.

Dominguinhos também venceu o Grammy Latino duas vezes (em 2002 e 2012); o Prêmio Tim de Música Brasileira duas vezes (em 2007 e 2008) e o Prêmio Shell de Música (2010).

Embora morasse em São Paulo, ele sempre voltou ao Nordeste, desde as primeiras turnês com seus trios no início de carreira; nos muitos anos em que acompanhou Gonzagão; e ao lado de Anastácia. E, nunca deixou de se apresentar nas tradicionais festas juninas de Campina Grande (PB); Caruaru (PE); Feira de Santana (BA), entre muitas outras cidades.

Dominguinhos negava a maneira como sua região era tratada — pela ótica da miséria, da seca, da falta de esperança. Ele também adorava Fortaleza, onde fez inúmeros amigos, onde era muito bem recebido e onde ia descansar de seus compromissos. Sempre elogiava o povo cearense, como trabalhador e hospitaleiro.

O sanfoneiro faleceu no dia 23 de julho de 2013, depois de uma longa luta contra um câncer de pulmão, deixando um legado inestimável de valorização da música popular e da cultura nordestina.

Sinopse

O musical conta certas passagens da vida e obra de Dominguinhos misturando documento e ficção, já que o artista relembra sua trajetória através de fatos, músicas e parcerias profissionais e afetivas, enquanto conversa com sua maior e fiel companheira, a Sanfona.

Liv Moraes é cantora e filha de Dominguinhos e ingressou profissionalmente na música aos 18 anos como backing vocal da banda de seu pai, percorrendo o Brasil por vários anos realizando shows. Em 2002, fez sua primeira participação gravando a música “Desenho”, no CD “Lembrando de Você”, de Dominguinhos. Convidada por Toninho Horta, interpretou “Amar como te amo” no CD “Com o pé no forró”, que foi indicado ao Grammy Latino. Cantou com grandes nomes da música brasileira, como Gilberto Gil, Elba Ramalho, Jane Duboc, Yamandu Costa, Fábio Júnior, Lenine, Fagner, Toninho Horta e Maestro Spok.

Cosme Vieira tem uma trajetória parecida com o próprio homenageado. Ambos iniciaram a carreira de sanfoneiros ainda crianças e, antes de completarem 10 anos, tocaram para ícones que foram seus padrinhos. No caso de Dominguinhos, ele tocou para o grande Luiz Gonzaga, que já era conhecido como o Rei do Baião, embora o menino não soubesse disso. Já Cosme teve como mestre o próprio Dominguinhos. Atualmente, Cosme faz carreira solo, tocando por todo Brasil e desenvolve vários trabalhos tendo acompanhado grandes nomes da música como Ivete Sangalo, Duani, Zeca Baleiro, Mariana Aydar, Liv Moraes, Toninho Horta e outros.

Zé Pitoco, com forte atuação na cena musical brasileira, é um grande representante da música regional nordestina em São Paulo. Transitando sempre com maestria entre o clarinete, o saxofone e a zabumba, esse multi instrumentista e arranjador pernambucano notável exprime todo o cotidiano de um nordestino que vive na capital paulista em música. Tocou com grandes nomes, entre eles o próprio Dominguinhos, com quem fez inúmeros shows. Atualmente integra o grupo de Antônio Nóbrega, sendo um de seus principais componentes e arranjadores. Foi integrante da Orquestra Popular de Câmara, ao lado de Benjamim Taubkin, Teco Cardoso, Mané Silveira, Guelo, Caíto Marcondes e Monica Salmaso.

Hugo Linns é violeiro, baixista, arranjador, compositor e diretor musical e reconhecido nacional e internacionalmente. Toca e compõe em viola dinâmica de 10 cordas desde os 18 anos, em sua terra natal, Recife. Linns tem cinco álbuns lançados com renomados artistas brasileiros e internacionais, como o percussionista sueco Sebastian Notini e o violoncelista francês Olivier Koundouno, lançado pelo selo alemão Martin Hossbach. Em 2018 foi vencedor do 9º Prêmio da Música de Pernambuco como melhor álbum de música instrumental.

Jam da Silva nasceu em Recife e é um dos grandes nomes da percussão nacional. Jam tem abordagem inovadora em suas produções, uma mistura de artesanato com invenção. Parte de suas criações vêm da rua, com ruídos e ambientações urbanas e parte vem de sua construção musical, com diversos instrumentos de percussão. Seu trabalho faz com que possua grandes parcerias com artistas nacionais e internacionais como Massilia Sound System, Moussu T et les jovents, Troublemakers, Camille e Sebastien Martel, Marisa Monte, Elba Ramalho, Roberta Sá e muitos outros. Foi vencedor de melhor trilha sonora em 2011 com o filme Os Narradores de Javé.

Fitti, fruto de Recife, é multiartista e estreou recentemente no elenco da série original da Netflix, “Só Se For Por Amor”. Aos 14 anos, viralizou na internet com um vídeo interpretando Sozinho, de Peninha. Desde então, abriu shows de grandes nomes como João Bosco, Zé Renato e Guilherme Arantes, sendo hoje um dos grandes expoentes da nova safra de atores e cantores brasileiros.

Wilson Feitosa é ator e professor de música formado em Licenciatura Plena. Sua carreira artística possui grandes trabalhos como “Os Sertões” no Teatro Oficina e “Mãe Coragem”, com Bete Coelho. Com sua música e teatro participou de diversos festivais pelo Brasil e mundo e trás mais de vinte peças teatrais, filmes e séries em seu currículo. Além de ator e professor, Will toca acordeom, violão, cavaquinho, pandeiro e percussão.

FICHA TÉCNICA

Dramaturgia: Silvia Gomez
Direção: Gabriel Fontes Paiva
Direção musical: Myriam Taubkin

Elenco:
Cosme Vieira
Hugo Linns
Jam da Silva
Liv Moraes
Fitti
Wilson Feitosa
Zé Pitoco

Desenho de Movimento: Ana Paula Lopez
Desenho de Luz: André Prado e Gabriel Fontes Paiva
Figurino: Ana Luiza Fay
Cenário: Gabriel Fontes Paiva
Pesquisa documental e consultoria de repertório: Lucas Nobile
Preparação vocal: Ana Luiza
Assistente de direção: Ana Paula Lopez e André Prado
Assistente de direção musical: Hugo Linns
Coordenação técnica: André Prado
Desenho de som e operação: André Omote
Assistente de som: Gustavo Magrão
Direção de Palco: Dani Colazante

Montagem e operação: Cassio Omae
Camareiro: Jô Nascimento
Design gráfico: Teresa Maita
Fotografia de estúdio e cena: Priscilla Prade
Social mídia: Daniela Stirbulov
Gestão de Projeto: Luana Gorayeb
Assistentes administrativos financeiros: Beth Vieira e Rogério Prudêncio

Produção local: Bianca de Felippes
Produção executiva: Camila Scheffer
Direção de produção: Dani Angelotti
Realização: Fontes Artes e Projeto Memória Brasileira

SERVIÇO:

De: 18 de Maio a 11 de Junho
Quinta, Sexta e Sábado às 20h, Domingo às 18h
As sessões de sextas contarão com intérprete de libras. Todas as apresentações têm libreto em Braille.
Ingressos: Plateia Vip e Plateia de R 50 a R 100; Balcão Nobre de R 45 a R 90; Balcão de R25 a R50 

Teatro Riachuelo RJ – Rua do Passeio , 40, Rio de Janeiro – Rio de Janeiro

Classificação indicativa: Livre
Duração: 110 minutos

Espetáculo musical ‘Cordel Viajante’ conduz o público a uma viagem poética e vibrante pelo sertão nordestino

Cordel Viajante

Cordel Viajante – Foto de Caio Galucci

O Núcleo Artístico Forró do Candeeiro faz cinco apresentações gratuitas do espetáculo musical “Cordel Viajante” a partir do dia 24 de maio, quarta-feira, às 21h, no Teatro Arthur Azevedo. As outras sessões estão confirmadas nos dias 25 de maio, às 21h, no Teatro Paulo Eiró; 14 de junho, às 21h, no Teatro Alfredo Mesquita; e 21 de junho, às 21h, no Teatro Cacilda Becker. A última apresentação dessa nova temporada ainda está com a data em aberto.

Trata-se de uma viagem poética ao sertão nordestino. Com texto do poeta e escritor baiano Marco Haurélio e direção de Raul Figueiredo, o trabalho une forró, baião, xaxado, galope, rastapé e canções juninas à poesia de cordel e à xilogravura. Nesse contexto, o repertório é formado de canções eternizadas por Gonzagão, Dominguinhos, Sivuca, Trio Nordestino, Gil, Zé Dantas, Antônio Barros, Assissão e Humberto Teixeira.

Na trama, o público conhece Juarez, o protagonista da história, interpretado pela atriz Rosa Piscioneri. Ele parte em uma jornada de volta ao sertão nordestino para reencontrar sua amada Maria, após tentar a vida na cidade grande. 

Enquanto busca por suas raízes, o personagem conduz os espectadores por paisagens, sensações e particularidades dessa região. A viagem atinge o ápice quando ele, enfim, reencontra seu grande amor, durante uma linda Festa de São João em uma noite estrelada.

Juarez personifica o povo nordestino, muitas vezes impelido a migrar pelo Brasil em busca de novas oportunidades, a ponto de acabar castigado pela saudade de viver distante da terra natal. 

Ao longo da narrativa repleta de rimas, desenvolvida por Marco Haurélio, estão expostas tanto questões sociais quanto de sabedoria da cultura nordestina. O autor também é pesquisador da literatura de cordel e do folclore brasileiro. 

“Todos os poemas foram compostos a partir das canções previamente escolhidas, costurando-as à jornada do protagonista. Esses textos precisavam ser curtos e incisivos, carregados de lirismo, mas sem pieguice. Escrevi tudo como se fosse um sonho de Juarez”, relata Marco. 

Para completar toda essa atmosfera, o cenário, assinado por Dhiego Bueno, remete às estampas dos livretos de cordel, com ilustrações carregadas de símbolos sertanejos em xilogravuras criadas pelo artista Cadu Souza (Xilogravuras do Benedito).

O espetáculo estreou em uma temporada online em 2021, com direção de João Paulo Lorenzon. “Ele foi fundamental para fazer a conexão entre o protagonista e a banda. Há um diálogo entre Juarez e os instrumentos que evocam imagens e sensações. João também trouxe para a cena uma dimensão do sonho traduzido nas memórias e lembranças do personagem em sua viagem de volta ao sertão”, conta a cantora Julia King, que idealizou e produz o projeto. 

Hoje, o “Cordel Viajante” conta com a direção de Raul Figueiredo. “O trabalho meticuloso dele e a forma lírica e lúdica com que o Forró de Candeeiro armou a latada completaram essa feliz junção de imaginários”, acrescenta Marco Haurélio.

Essas cinco apresentações do trabalho foram contempladas pelo 3º Edital de Fomento ao Forró.

Sobre o Núcleo Artístico Forró do Candeeiro

O Forró do Candeeiro nasceu a partir do grupo Forró do Cruzeiro, responsável por realizar apresentações em praças públicas em eventos comunitários na cidade de São Paulo para comemorar o São João. 

Atualmente, o coletivo é formado por Daniel Doctors (baixo e voz), Ed Encarnação (zabumba), Fabio Katz (guitarra e voz), Julia King (voz), Rodrigo Scarcello (sanfona e voz), Wellington Tibério (percussão) e Camilo Zorrilla (percussão). 

O espetáculo “Cordel Viajante” uniu esses artistas, que desejavam exaltar e homenagear a riqueza da cultura popular nordestina, em suas diversas linguagens.

SINOPSE

O espetáculo é uma viagem musical pela cultura popular brasileira, que une diversas manifestações artísticas, como forró, poesia de cordel e xilogravura. Cantado em clássicos do forró e contado em poesia de cordel, o trabalho narra a jornada de Juarez de volta para o sertão para reencontrar sua amada Maria. Memórias e sentimentos impulsionam sua caminhada pelos símbolos e paisagens desse lugar.

FICHA TÉCNICA

  • Voz: Julia King
  • Sanfona e voz: Rodrigo Scarcello
  • Baixo e voz: Daniel Doctors
  • Violão e voz: Fábio Katz
  • Zabumba: Ed Encarnação
  • Percussão: Camilo Zorrilla
  • Triângulo: Wellington Tibério
  • Narração/ Atriz: Rosa Piscioneri

Equipe Técnica:

  • Idealização e produção: Julia King
  • Direção Musical: Daniel Doctors e Rodrigo Scarcello
  • Texto/Poesia de Cordel: Marco Haurélio Fernandes Faria
  • Direção de cena: Raul Figueiredo
  • Figurino: Vic Constantino
  • Iluminação: Lúcia Galvão
  • Técnico de som: a ser definido
  • Maquiagem: Kathia Laurindo
  • Fotografia: Caio Galucci
  • Cenografia: Dhiego Bueno
  • Ilustrações: Cadu Souza (Xilogravuras do Benedito)

SERVIÇO

Cordel Viajante, do Núcleo Artístico Forró do Candeeiro
Classificação: Livre
Duração: 60 minutos

TEATRO ARTUR AZEVEDO
Data: 24 de maio, quarta-feira, às 21h
Endereço: Avenida Paes de Barros, 955, Alto da Mooca
Ingressos: gratuitos | Retirada na bilheteria uma hora antes do início do espetáculo
Acessibilidade: o espaço é acessível para pessoas com mobilidade reduzida

TEATRO PAULO EIRÓ
Data: 25 de maio, quinta-feira, às 21h
Endereço: Avenida Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro
Ingressos: gratuitos | Retirada na bilheteria uma hora antes do início do espetáculo
Acessibilidade: o espaço é acessível para pessoas com mobilidade reduzida

TEATRO ALFREDO MESQUITA
Data: 14 de junho, quarta-feira, às 21h
Endereço: Avenida Santos Dumont, 1770, Santana
Ingressos: gratuitos | Retirada na bilheteria uma hora antes do início do espetáculo
Acessibilidade: o espaço é acessível para pessoas com mobilidade reduzida

TEATRO CACILDA BECKER
Data: 21 de junho, quarta-feira, às 21h
Endereço: Rua Tito, 295, Lapa
Ingressos: gratuitos | Retirada na bilheteria uma hora antes do início do espetáculo

Com peça e exposição, Cia Truks trata da poluição ambiental com poesia, humor e delicadeza em Expedição Pacífico – Caminho do Lixo

Expedição Pacífico – Caminho do Lixo

Expedição Pacífico – Caminho do Lixo – Foto de Alberto Rocha

O lixo é um dos maiores problemas ambientais do nosso tempo. O plástico descartado pelo ser humano se acumula nos oceanos causando, entre outros graves problemas, a morte de animais. Enormes ilhas de plástico ficam concentradas em pontos específicos do oceano. Elas se formam devido à ação dos ventos e das correntes marítimas rotativas, que funcionam como redemoinhos, aprisionando esse material nos giros oceânicos, formando gigantescas “ilhas de plástico”.

A questão da poluição ambiental é o mote do espetáculo Expedição Pacífico, que a a CIA TRUKS apresenta em quatro unidades do Instituto Reação na cidade do Rio de Janeiro: dias 23, 24, 25 e 26 de maio.  A peça conta com o patrocínio da Norsul, empresa de navegação e logística integrada, que celebra 60 anos de história em 2023. Nesse espetáculo a Cia. Truks trata de fazer da grande Ilha de lixo que cresce a cada dia em algum ponto do Oceano Pacífico – cuja extensão já é maior do que vários Estados do Brasil juntos – uma sutil alegoria de situações do nosso cotidiano.

Na história, dois “carroceiros” conduzem uma carroça de lixo repleta de descartes. São gente simples e humilde, seres humanos marginalizados pela sociedade, tratados à deriva pelos asfaltos, tal como o lixo que navega pelo oceano. No entanto, na peça eles são representados como verdadeiros poetas.

Os dois criativos catadores de lixo são capazes de construir, a partir de quase nada – apenas sacolas e lonas plásticas –, um mundo fantástico, de diversão, bom humor e muitos sonhos. Na medida em que recolhem o lixo da grande cidade, o transformam em poesia visual, criando belíssimas imagens, divertidas criaturas e incríveis cenários para onde são capazes de viajar, e onde viverão as suas aventuras e brincadeiras. Conheça melhor o espetáculo clicando AQUI.

Exposição Sensorial

Em cada escola será montada uma exposição, com material reciclável, formada por quatro fases: Caminho sensorial, montanha de lixo, objetos com material que seria descartado e banners explicativos sobre o ciclo de vida do lixo no meio ambiente, o tempo de decomposição dos materiais, o papel dos catadores de lixo e doenças decorrentes do acúmulo de lixo a céu aberto, entre outros temas. Tudo será montado e desmontado no espaço da escola no mesmo dia da apresentação.

Cia. Truks

A Cia. Truks é referência nacional na arte do teatro de animação, com 33 anos de atividades e mais de 9.000 apresentações realizadas no Brasil e em 12 países, com mais de 40 prêmios, indicações e menções honrosas, além de 6 livros publicados. Também coordenou por 10 anos o Centro de Estudos e Práticas do Teatro de Animação de São Paulo.

Recebeu os principais prêmios do segmento: o Mambembe, do Ministério da Cultura; o APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte; o Coca Cola de Teatro Jovem; o Teatro Cidadão, da Prefeitura de São Paulo, e o Estímulo da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, entre outros. Coordenou o centro de estudos e práticas do teatro de animação de São Paulo, espaço de referências desta linguagem artística, em projeto da prefeitura do município, entre 2002 e 2012. Todas as peças do grupo podem ser encontradas no site: www.truks.com.br

Ficha Técnica

Texto: Henrique Sitchin, Gabriel Sitchin e Rogério Uchoas. Direção: Henrique Sitchin. Elenco: Gabriel Sitchin e Rogério Uchoas. Operação de som e iluminação: Maria Angélica Xavier. Criação e Confecção de Cenografia e Formas Animadas: Dalmir Rogério Pereira, Gabriel Sitchin, José Valdir Albuquerque, Henrique Sitchin e Rogério Uchoas. Trilha Sonora e Iluminação: Henrique Sitchin. Produção Geral: Adryela Rodrigues | Sendero Cultural. Exposição: José Valdir Albuquerque e Henrique Sitchin.

Expedição Pacífico – Espetáculo teatral para crianças a partir de 4 anos. Patrocinador – Norsul.

Data: 23/05

Horários: 15h e 17h

Local: Instituto Reação | Polo CDD Taquara 

Rua André Rocha, 838, Taquara

 

Data: 24/05

Horários:  9h30 e 15h 

Local: Instituto Reação | Polo Rocinha

Rua Bertha Lutz, 84, São Conrado

 

Data: 25/05

Horários: 18h e 20h

Local: Instituto Reação | Polo Tubiacanga

Rua Oitenta e Oito, em frente ao número 6, Tubiacanga

 

Data: 26/05

Horários: 9h30 e 15h

Local: Instituto Reação | Polo Rocha Miranda

Rua dos Topázios, 375, Rocha Miranda

Fábia Mirassos estreia nova temporada do solo Vienen Por Mí, da chilena Claudia Rodriguez, no Sesc Avenida Paulista

Fabia Mirassos

Fabia Mirassos – Foto de Hugo Faz

Atravessada pelo texto e pela experiência da dramaturga chilena Claudia Rodriguez, a atriz brasileira Fábia Mirassos reestreia o solo Vienen Por Mí, um manifesto sobre a existência e o corpo transgênero. O espetáculo, que tem direção de Janaína Leite, faz nova temporada no dia 28 de abril no Sesc Avenida Paulista, onde segue em cartaz até 21 de maio, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h30, e aos domingos, às 18h30.

Escrita e atuada por uma travesti, a peça é um convite para contestar as autoridades de forma plural e cênica, misturando maquiagem e filosofia travesti, ao propor metáforas que incluem o corpo travesti em diferentes linguagens, como poesia, performance, monólogo e stand-up. Trata-se de um efeito de recorta e cola de diferentes gêneros textuais, assim como a travesti, que, muitas vezes é recortada e colada de seu corpo, de sua família, de sua história ou de sua casa.

“Quando você pega o texto, vê que ele foi construído a partir de várias colagens, de várias experiências da Claudia. Ela é uma ativista muito forte no Chile e cuida da integridade das meninas que fazem programa, em situação de vulnerabilidade e de rua. Eu acho que ela foi colhendo histórias, informações e vivências e colocou tudo no papel. Acho que, para a sociedade, nós travestis somos um grande e incompleto quebra-cabeça, porque, para podermos existir e sermos quem realmente somos, precisamos sempre recortar, colar e sobrepor uma série de camadas. Estamos sempre sobrepondo peças, tentando encaixar uma na outra”, explica a atriz Fábia Mirassos, que idealizou o espetáculo.

Fábia conta que conheceu o texto da dramaturga chilena na pandemia, quando participava, como atriz convidada, das lives do projeto “Histórias de Nossa América”, do Coletivo Labirinto, que investiga por meio de criações cênicas latino-americanas as relações dos sujeitos com o seu panorama social.

“Vendo esse texto e pensando que a Claudia deve ter só 10 anos a mais que eu, eu me identifiquei muito. Toda a história dela fez com que ela escrevesse essas palavras. E ela fala que isso é uma dramaturgia pobre, uma poesia travesti. Nossa realidade é igual em todos os lugares do mundo – e nada muda. Temos a ilusão de que o mundo está mudando e que existe uma conscientização social a respeito dos nossos corpos e de tudo que é considerado minoria. Mas continuamos morrendo nas ruas”, reflete Mirassos.

Com tom poético e delicado, a peça possibilita a construção de uma biografia travesti diferente daquelas que aparecem nos obituários dos jornais. Porque se trata de uma travesti escrevendo sua história enquanto vive. Ela recebe o público como se estivesse em sua casa, cozinha para os presentes e conversa com todos sobre sua vida, seus sentimentos e sua identidade.

“Acho que a denúncia não precisa ser gritada – muito pelo contrário. Vivemos em uma era de lacração, o que eu acho péssimo. Quanto mais a gente lacra, menos existe abertura para a conversa. Temos que parar de pensar só no nosso umbigo e começar a colocar na prática o que está no discurso. Só assim é possível criar essas fendas na sociedade machista. Não estou aqui para deixar ninguém desconfortável, mas para falar tudo o que eu tenho para falar. Quero colocar todo o ressentimento que tem dentro de mim com carinho, com todo o amor travesti. É trabalhar com a surpresa. Vamos fazer uma denúncia sem grito, para que as pessoas possam nos ouvir e comecem a conviver conosco com respeito”, esclarece a atriz.

E essa união de forças pela sobrevivência dos corpos trans é antecipada no próprio título da peça, que pode ser traduzido por “venham comigo”, “venham por mim”, “venham junto de mim”. “Eu acho que é meio isso, venham para perto de mim sem medo, podem me tocar e me ouvir sem medo. A grande questão levantada pela peça é o quanto nossa sociedade machista e patriarcal odeia as mulheres – tanto as cisgênero, como as trans e os homossexuais afeminados. Todos que se aproximam do feminino já parecem estar sujeitos à violência e à morte. Por isso, precisamos estar realmente juntos contra tudo isso – e não apenas no discurso nas redes sociais”, provoca Mirassos

“Para mim, a nossa sociedade é dividida em uma pirâmide em que o homem branco hétero está no topo e, a partir daí, é cada um que lute de acordo com seu privilégio. Eu, enquanto travesti, ainda que esteja abaixo de muita gente na pirâmide, estou no topo do meu privilégio, já que nunca tive de me prostituir, nunca vivi na rua, pude estudar e estou viva aos 44 anos. Mas eu sou uma exceção e isso é péssimo. Eu não quero ser a única, quero que outras travestis possam viver mais de 35 anos, que possam ter as mesmas oportunidades e conviver naturalmente com outras pessoas ditas ‘normais’ pela sociedade”, acrescenta a Fábia.

Ficha Técnica

Idealização e Performance: Fabia Mirassos

Texto: Claudia Rodriguez

Tradução: Carol Vidotti e Malú Bazan

Direção: Janaina Leite 

Assistente de Direção: Emilene Gutierrez 

Colaboração Artística: Carol Vidotti 

Desenho de Luz: Aline Santini 

Assistência e Operação: Luz Henrique Andrade 

Visagismo: Fabia Mirassos 

Concepção e Confecção de Figurino: Fabia Mirassos e Salomé Abdala 

Direção de Arte e Designer Gráfico: Renan Marcondes 

Áudios em Off: Ave Terrena, Claudia Rodriguez, Maria Leo Araruna e Renata Carvalho 

Sonoplastia: Ultra Martini 

Fotos: Hugo Faz 

Direção de Produção: Carol Vidotti

SERVIÇO 

Vienen por mí, com Fábia Mirassos

Temporada: 28 de abril a 21 de maio, sextas e sábados, às 20h30, e domingos, às 18h30. 

Sesc Avenida Paulista – Estúdio 4º Andar – Avenida Paulista, 119, Bela Vista.

Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (Meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$10,00 (Credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Venda a partir de 18/4, às 12h, pelo Portal Sesc SP e nas bilheterias das unidades do Sesc SP a partir de 19/4. Limitado a 2 ingressos por pessoa. 

Classificação: 16 anos

Duração: 50 minutos.

Capacidade: 20 lugares.

Sessão com tradução e interpretação em Libras no dia 19/05.

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