“Baía Bruta” é um convite da artista plástica Duda Oliveira à imersão no mar que guarda memórias de cada extremidade da cidade, resultando numa Baía de Guanabara ainda resiliente, portadora do título de Patrimônio da Humanidade, pelo Fórum Global, durante a Conferência Rio-92.
A mostra da artista incorpora os novos conceitos inclusivos determinados pelo ICOM ( Conselho Internacional de Arte), como diversidade, sustentabilidade e comunidade, alinhados com as pautas de Mudanças Climáticas da Agenda 2030 da ONU.
A nova exposição, na Berro Galeria de Arte, no hub Maravalley Rio (Porto Maravilha), mostra uma Baía de Guanabara repleta de segredos e encantamentos submersos, pulsantes de vida microscópica, catalisados pelo gesto artístico de reconexão do homem com a natureza, através da arte experimental da artista Duda Oliveira.
As telas foram mergulhadas também como um ato de Ação Ambiental Afirmativa, demonstrando que a arte também é uma linguagem universal possível de construção, de conscientização. O branco das telas, ao serem retiradas da água, não sofreu qualquer alteração, mesmo tendo sido mergulhadas na parte mais precária da Baía de Guanabara.
As cores encontradas nas telas são resultados do processo alquímico que a artista aplicou sobre essas: produto orgânico, calor e tempo. As bactérias e fungos que ficaram retidos na trama do tecido, reagiram como leveduras ao ambiente produzido. As cores e formas ganharam total autonomia. As leveduras relataram a força da profundidade e de vida existente nas águas profundas da Baía de Guanabara. A exposição é um convite à escuta sensível, ao resgate da consciência ecológica e à reconexão do homem/natureza.
A essência e o impulso de Duda Oliveira tem muito de sua imagem de mulher, que também se transformou, construindo padrões próprios comportamentais. A arte sempre em seu papel altruísta, apenas ressignificou o que já estava pungente na minha forma de expressão, mas silenciado por antigos valores e padrões ainda estéticos, diz a artista.
“Somente a arte tem o poder de propagar o acesso ao real e grande poder de transformação. A arte nos torna iguais, permitindo a verdadeira ordem democrática das coisas, a compreensão verdadeira e espontânea do belo”, diz a artista plástica.
A exposição Baía Bruta pode ser visitada até o dia 05 de setembro, de segunda a sexta, das 9hs às 19hs, na Galeria Berro, no espaço dentro do hub de tecnologia e inovação Maravalley, Rua Equador, 335, Santo Cristo, Porto Maravilha, RJ, com entrada gratuita. A produção geral é de Beth Grando, e a direção e comunicação de Rô Santiago.
Baía Bruta é arte, ecologia e travessia. Uma escuta material daquilo que o mar ainda guarda.
Duda Oliveira
Artista plástica contemporânea, niteroiense, que estudou arte experimental na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e História da Arte e da Arquitetura do Brasil, é mestre em Ciências da Sustentabilidade pela PUC/RJ e militante ambiental. Desde 2018 vem apresentando sua arte num ritmo intenso de exposições. Os trabalhos da artista vêm ganhando destaque nas Feiras Internacionais da Alemanha, Luxemburgo, em Salas Culturais em Portugal, nos Museus MASP, MAC Niterói, dentre outros relevantes espaços culturais no Brasil e exterior. A artista tem como projeto de pesquisa, a reativação de territórios.
Em abril, inaugurou a Galeria Berro, no Maravalley, que nasceu para unir arte, design, criatividade, visão e experiência em um único projeto, uma plataforma de cultura, uma galeria de arte e uma curadoria de produtos, ao lado de Beth Grando e Rô Santiago.
A percepção sensível da artista dialoga com as frágeis estruturas sociais ignoradas pela sociedade. Sobre essa perspectiva, a artista lança um olhar semiótico sobre as relações humanas, desconstrói seu pano de fundo e analisa o cotidiano das cidades.
Assim se dá a manifestação de arte contemporânea no universo da artista, a qual só se permite intuir através de um novo olhar sobre as coisas que sempre existiram e sempre estiveram muito próximas à percepção, mas que foram moldadas pelas razões mundiais dominantes, limitando o alcance do cognitivo. Suas obras possuem ressonância intuitiva. Duda Oliveira acredita que não existe o artista sem o outro.
