Após temporada de sucesso pelas lonas cariocas, o espetáculo Cama de Gato retorna aos palcos do Teatro João Caetano nos dias 11, 12, 18 e 19 de agosto. Com texto de Max Mendes e direção Márcio Vieira, a peça fala de amor, aceitação, acolhimento, visibilidade e distorção de valores. A obra aborda justamente esses temas inquietantes, que incomodam, ainda, muita gente, mas que também possibilitam a abertura de espaço para um debate mais amplo sobre transfobia.
O título da peça faz uma alusão a uma brincadeira feita com barbantes que dá-se o nome de cama de gato. A trama envolve três amigos, garotos de programa, que moram num condomínio em Copacabana. Com a chegada de uma misteriosa trans, hostilidade e discriminação se tornam evidentes, mesmo sendo eles gays, revelando a vulnerabilidade de pessoas transexuais e travestis dentro da comunidade LGBTQIAPN+.
“O machismo é pesado. É ele que pesa na nossa sociedade patriarcal. Mostrar a um público diverso que a ‘cultura do macho’ também está presente na comunidade LGBTQIAPN+ escancara o quanto esse horror a tudo que se aproxima do feminino é nocivo. Quando um gay que conserva padrões heteronormativos demonstra repulsa a um gay afeminado, o machismo é a raiz dessa ambiguidade. Quando pessoas trans são discriminadas dentro da comunidade que deveria abraçá-las, o machismo está presente. E o machismo é um mal que deve ser discutido, refletido e calado por todes. Se toda população abrir os olhos para os padrões patriarcais que estão impregnados na nossa maneira de pensar, agir e viver, construiremos uma sociedade igualitária, na qual ‘o macho’ não será mais o centro de tudo. A diferença será respeitada, inclusive entre seus iguais”, pontua Max.
Para o diretor Márcio Vieira, trazer esse assunto à tona é fundamental.
“A principal proposta, acredito eu, dos produtores, do autor, minha e do elenco, seria desmistificar através da arte esse conceito tão negativo, às vezes, marginalizado de um tema ainda pouco falado e, até mesmo, entendido por muitos”.
Quem interpreta a trans Lois Lane é a atriz Ava Simões, Miss Trans Star Internacional 2019, Miss Brasil Gay 2009 e cirurgiã dentista, que já fez participações em programas de TV, como “Amor e sexo” e da novela “Toma lá, dá cá”, da Rede Globo de Televisão. No Cinema, participou do curta-metragem “Meu preço”, de Fabrício Santiago, dirigido por Hsu Chien. Sua história já foi contada no documentário “Minha Vida – Ava Simões”, dirigido por Marcone Felix.
“Estou honrada em emprestar meu corpo para essa grande mulher. Está sendo um desafio iniciar minha carreira no teatro falando de amor e das dores de uma mulher trans apaixonada. Em muitos momentos, dói ouvir o que a personagem escuta do seu amado e do mundo à sua volta. Eu escolho ser tão forte como Lois Lane é”, conta.
“O caminho comum das produções teatrais no Rio de Janeiro é começar pela Zona Sul/Centro da cidade e depois fazer um pouco de “democratização de acesso” nas demais regiões. Nós também começamos assim. Em 2017, foi esse o nosso percurso. Mas entendemos que a sociedade é a cultura. Portanto, estão juntos em todos os lugares. Por isso a decisão de circular com o espetáculo CAMA DE GATO por todo o Rio de Janeiro. E claro, democratizar e popularizar cada vez mais a cultura e a arte”, ressalta Max.
Serviço:
- Texto: Max Mendes
- Direção: Marcio Vieira
- Produção executiva: Cleber Silva
- Elenco: Ava Simões, Gabriel Chadan, Hugo Ferreira, Adan Lee, Daniel Baroni, Henrique Fraga, Daniel Martins e Wallace de Castro
- Figurino: Gebran Smera
- Música original “abertura”: Cacá Werneck
- Sonoplastia: Gabriel Chadan
- Assistente de direção de movimento: Anderson Peter
- Iluminação: Welton de Abreu
- Cenário: Criação Coletiva
- Design gráfico: Gabi Ferreira
- Fotos: Anderson Rangel
- Assessoria de Imprensa: Dia Comunicação
- Realização: Marias Produções Artísticas
Apresentação:
- Dias: 11, 12, 18 e 19/8 (sextas às 19h e sábados às 18h)
- Teatro João Caetano (Praça Tiradentes, s/n – Centro, Rio de Janeiro )
- Ingresso: A partir de R$ 25,00
- Duração: 75 min