Espetáculo Retilíneo chega ao Rio de Janeiro para curta temporada

por Waleria de Carvalho

A Batalhão Cia de Teatro chega ao Rio de Janeiro para curta temporada do espetáculo premiado Retilíneo. Entre os dias 31 de janeiro a 4 de fevereiro, um dos grupos de teatro negro de Curitiba ocupa o Teatro Cacilda Becker. O espetáculo fez sua estreia na 16ª edição do Festival de Teatro de Pinhais (PR), onde levou o prêmio de melhor dramaturgia da mostra profissional. Em novembro de 2023, realizou em Curitiba uma temporada com onze apresentações, o que rendeu ao grupo três indicações na 40ª edição do Prêmio Gralha Azul de Teatro, sendo o de melhor dramaturgia, melhor atriz para Isabel Oliveira e melhor espetáculo.

Retilíneo foi escrito pelo ator, diretor e dramaturgo Carlos Canarin em 2019 durante o Núcleo de Dramaturgia do Sesi/PR. O trabalho foi finalista do I Prêmio Literário Maria Firmina dos Reis e vencedor da I Mostra de Textos Breves do Coletivo A Digna de São Paulo. Em cena na temporada do Rio de Janeiro estarão os vencedores do I Prêmio Pretas Potências (Pretahub/Minc) Isabel Oliveira e Carlos Canarin, completam o elenco Henrique Augusto e Kelle Bastos.

A peça conta a história do genocídio negro brasileiro, desde a chegada dos escravizadores europeus no continente africano até os dias atuais, perpassando por temas como a violência policial e o encarceramento em massa da população negra. O espetáculo é dividido em quatro linhas narrativas, onde uma menina africana observa a chegada das naus portuguesas; um homem escravizado sendo vendido em um mercado público; uma mãe longe dos seus filhos e um rapaz que anda pelas ruas de madrugada.

“Durante todo o processo comecei a puxar algumas memórias de criança, da relação com minha mãe, que desde sempre falava que eu era um menino negro em Porto Alegre, no sul do Brasil, em uma capital “branca”, mas que apesar disso a cultura negra fervia e ferve e está em todos os cantos, seja na arquitetura, nos costumes, nas palavras e na religião. E no processo de escrita utilizei essas memórias, usei autoficção, manipulei essas memórias, criando e emprestando isso para outros personagens. “Retilíneo” é um texto que fala sobre o genocídio do povo negro, que começa desde a escravização com a chegada dos portugueses na África, e na mercantilização e desumanização desses corpos, que segundo Abdias Nascimento no livro “O genocídio do negro brasileiro”, é um processo que acontece desde quando africanas e africanos foram sequestrados da África, e que continua nos dias atuais. “Retilíneo” vem muito desse lugar, de memória, de um lugar que é meu e que se mistura no coletivo da população negra”, falou Carlos Canarin.

A curta temporada de Retilíneo acontece de 31 de janeiro a 04 de fevereiro no Teatro Cacilda Becker.

Ficha Técnica:

Dramaturgia e direção: Carlos Canarin / Assistente de direção: Isabel Oliveira Elenco: Carlos Canarin, Isabel Oliveira, Kelle Bastos e Henrique Pinho / Cenografia: Wilison França / Figurino: Beatriz Alves / Costura: Marli, Nere Soares / Iluminação: Rafael Araújo e Vini Sant / Operação de luz: Everson Silva / Sonoplastia: Carlos Canarin Preparação corporal: Marcella Perbiche / Preparação vocal: L. Mazzarotto / Maquiagem: Clara Jansson / Operação de som: Diogo Marcelo / Registros visuais: Paulo Silveira / Material gráfico: João John / Direção de produção: Vanessa Ricardo e Diogo Marcelo / Assessoria de imprensa: Vanessa Ricardo / Produção: Batalhão Cia de Teatro / Apoio: Fundação Nacional das Artes (FUNARTE), Ministério da Cultura e Governo Federal.

Agradecimentos: Garalhufa Escola de Atuação, Mariana Venâncio, Olga Nenevê e Eduardo Giacomini.

Serviço:

Retilíneo

Onde: Teatro Cacilda Becker – Rua do Catete, 338 – Catete – Rio de Janeiro

Quando: 31 de janeiro a 4 de fevereiro de quarta a domingo às 19h00

Ingressos: R$50,00 e R$25,00 (meia entrada)

*Ingressos à venda na bilheteria ou pelo Sympla no link: https://www.sympla.com.br/evento/retilineo-temporada-no-teatro-cacilda-becker-rj/2293235?_gl=1*2lgo2m*_ga*ODM0OTUzODk5LjE2NDYxNTE4MzI.*_ga_KXH10SQTZF*MTcwMzg2MjQ3MS41LjEuMTcwMzg2MjQ4Ni4wLjAuMA

O Futuro Chegou Ontem, solo-manifesto de Kleber di Lázzare, faz sessão única no SESC 14 BIS

O Futuro Chegou Ontem – Foto de Cleber Corrêa

A proposta do solo-manifesto O Futuro Chegou Ontem, escrito, concebido e interpretado por Kleber di Lázzare, é criar uma reflexão sobre as contradições existentes no Brasil do presente e do passado. O espetáculo fará sessão única seguida por um debate no Teatro Raul Cortez, do Sesc 14 Bis, no dia 6 de fevereiro, às 20h.

Na semana que antecede o carnaval, a montagem traz um pierrô maltrapilho abandonado à própria sorte no meio da avenida por onde sua escola de samba desfilou em um tenebroso ‘último carnaval’. Por esse lugar, estão espalhados restos de confetes, serpentinas e corpos, sobras das histórias, vestígios de violências e marcas de crueldade.

Transitando entre o presente e o tempo passado/histórico, esse palhaço das ruas e da folia toma a avenida vazia de vida e de oxigênio e narra a sua derrocada. Ele remonta, dentro de um estado de alucinação, os últimos atos da comunidade da sua Escola de Samba na luta por (R)existirem.

O solo teatral busca criar escritas para a cena a partir dos medos, dos desejos, das perdas, dos ganhos, dos conflitos, das respirações resistentes, das asfixias forçosas, das contradições e das inércias de um país e de um povo, tendo o Carnaval como pano de fundo. Ele olha também para a necessidade inadiável de criar movimentos que nos tomou nos últimos meses e que encontra ecos em diversos outros momentos da nossa história.

É uma escrita cênica, um manifesto, um cortejo teatral, que visam dar voz e visibilidade aos corpos, às culturas, aos sobreviventes, aos silêncios forçosos, e às páginas apagadas da nossa história; dar visibilidade e palco para os direitos retirados e às expressões de um povo – expressões, direitos e páginas que definem esse povo”, explica di Lázzare.

“Criar um relato poético, cênico e teatral para esses tempos contraditórios e assombrosos é uma busca artística por uma cartografia sobre o nosso hoje para compartilhar e compreender – passado e presente – e, assim, podermos aludir acerca de possibilidades futuras”, acrescenta.

O crítico teatral Celso Faria, do blog EUrbanidade, ao conferir a montagem na sua primeira temporada presencial, escreveu “O Futuro Chegou Ontem é um registro e uma possibilidade. Ouso dizer que é uma montagem de relevância pedagógica, pois possibilita refletir sobre o que passou, da boiada que passou e vai passando, e de que ainda é possível reassumir as rédeas dessa história. Vão ver!”.

DEBATE 

Após a apresentação, será realizado um debate a partir do conteúdo textual, poético e estético do espetáculo com Sidnei França (Carnavalesco do Vai-Vai) e com Tiaraju Pablo D’Andrea (Pós-Doutor em Filosofia pela USP e Coordenador do CEP – Centro de Estudos Periféricos da UNIFESP). O debate buscará abrir um caminho de pensamento acerca do Carnaval e das Escolas de Samba como meio para a construção e fortalecimento da Identidade Cultural das Comunidades Periféricas e a chegada da produção Cultural e Artística das periferias aos Grandes Centros.

Ficha Técnica

  • Dramaturgia, Concepção e Interpretação: Kleber di Lázzare
  • Preparação Corporal e Assistência de Direção: Marcela Sampaio
  • Idealização: Cia Grite de Teatro e Kleber di Lázzare
  • Pesquisa Musical, Trilha Sonora e Música Original: Edu Berton
  • Pesquisa e Produção Musical: Vitor Trida
  • Voz na Canção Original: Aline Calixto
  • Criação e Execução de Figurino:  Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon
  • Costureira: Simone Santos
  • Aderecista: Biano Ferraro
  • Pintura de Arte: Leandro Art
  • Criação de Cenografia: Kleber di Lázzare
  • Execução de Cenografia: PalhAssada Ateliê
  • Visagismo: Louise Helène
  • Fotografia: Cleber Correa
  • Identidade Visual e Mídias Sociais: Carlos Sanmartin
  • Artes: Carlos Sanmartin
  • Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
  • Contrarregra e Operação de Som: Rafael Fuzaro
  • Produtora Executiva e Operação de luz: Marina Rodrigues
  • Direção de Produção: João Noronha
  • Realização: RN Produções Artísticas e SESC

Serviço

O Futuro Chegou Ontem – um solo manifesto – com debate logo após o espetáculo

  • Apresentação: 6 de fevereiro, às 20h
  • Sesc 14 Bis – Teatro Raul Cortez
  • Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista
  • Ingressos: R$50,00 (inteira), R$25,00 (meia) e R$15,00 (credencial plena).
  • Duração: 75 minutos
  • Classificação: 14 anos
  • Capacidade: 512 lugares
  • Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

SESC Belenzinho recebe a temporada de Herolino, O Faixineiro

Herolino em O Faxineiro – foto: Ariane Artioli

O Faxineiro se desenvolve através da comédia física, sem o uso da palavra. Toda a construção cênica passa pelo olhar do palhaço que de forma lúdica, cômica e genuína e convida o público a se conectar com o estado do brincar e a embarcar nessa história que mostra quão interessante e divertida pode ser a vida quando ressignificamos o nosso olhar sobre o cotidiano.

O Faxineiro é a história de um trabalhador que cuida da limpeza dos lugares. Ele chega para o seu primeiro dia de trabalho em um lugar totalmente diferente de todos que ele já havia trabalhado, o Circo.

Encantado com tudo o que vê em sua volta ele percebe que está sozinho no picadeiro e se deixa levar pela imaginação. Brinca de ser artista, fazendo de sua vassoura, balde e espanador incríveis números de equilibrismo, malabarismo e acrobacias. E na brincadeira, transforma a sua faxina em um grande show!

Este espetáculo traz o protagonismo de trabalhadores e trabalhadoras que desenvolvem funções essenciais para a construção e sustentação da sociedade, e que mesmo assim, são invisibilizados ou inferiorizados por conta de sua classe social e do trabalho que exercem. Nesta narrativa, colocamos o foco nas potencialidades e nas capacidades criativas do ser humano.

Erickson Almeida é ator, palhaço e acrobata, formado pela Escola de Palhaços dos Doutores da Alegria e pela Escola Nacional de Circo-RJ.É professor de comicidade física e palhaçaria.

Participou da montagem da Ópera Café, no Theatro Municipal SP, com direção de Sérgio de Carvalho e da Noite de Gala do Circo, com direção de Hugo Possolo.

Atua como artista convidado na Cia Vagalum Tum Tum e no Circo Zanni.

Herolino, o Faxineiro estreou em junho de 2023 no SESC Campo Limpo, dentro da programação do Circos – Festival Internacional de Circo do SESC SP.

Também fez parte da programação do Festival Palhaçada Geral do Espaço Parlapatões em julho de 2023.

Em agosto do mesmo ano realizou curta temporada no Espaço Parlapatões.

Em setembro realizou duas sessões no Teatro do SESC Ipiranga.

Em seguida, o espetáculo foi convidado para integrar a programação do Circuito SESC de Artes, passando pelas cidades de Andradina, Araçatuba, Ilha Solteira, Pereira Barreto, Olímpia, Monte Alto, Jales, Santa Fé do Sul, Novo Horizonte, Paraíso, Lucélia e Tupã.

No final de 2023, o espetáculo foi indicado ao Prêmio Governador do Estado, na categoria circo, pela concepção do espetáculo, que estabelece um novo olhar sobre o movimento acrobático ligado à palhaçaria.

Ficha Técnica  

Roteiro: Erickson Almeida e Ronaldo Aguiar.
Elenco: Erickson Almeida.
Direção: Ronaldo Aguiar.
Cenário: Maria Zuquim.
Figurinos: Cleuber Gonçalves.
Trilha sonora: Erickson Almeida.
Iluminação: Giuliana Cerchiari.
Direção técnica: Geisa Helena.
Contrarregra: Venâncio Ramos.
Coordenação de produção: Cristiani Zonzini

SERVIÇO

HEROLINO, O FAXINEIRO 
De 3 a 18 de fevereiro de 2024. Sábados e domingos, 16h. Sessão extra 13 e 14. Segunda e terça às 16h.
Local: Sala de Espetáculos I
Ingressos: R 30,00 (inteira); R15,00 (meia entrada); R10,00 (Credencial Plena do Sesc).  Crianças até 12 anos não pagam 
Recomendação etária: Livre 
Duração: 60 minutos 

Primeira escola de teatro musical do Rio, CEFTEM anuncia novos braços, que incluem formação em artes e produção de espetáculos

Reiner Tenente – foto de Oseias Barbosa

Primeira e única escola especializada em teatro musical do Rio de Janeiro, o CEFTEM (Centro de Estudos e Formação em Teatro Musical) está de cara nova – agora é Grupo CEFTEM – e traz consigo três outras ramificações, o CEFTEM Escola de Artes, o CEFTEM Online e o CEFTEM Produções. Apesar das novidades, o fundador e diretor da instituição, Reiner Tenente afirmou o compromisso de manter os valores humanistas e a missão de transformar a sociedade através da arte.

– Um quadro pintado, uma canção ou uma peça não tem outra missão se não tocar as pessoas, seja para divertir, fazer pensar, emocionar ou impactar. E o artista precisa ter consciência disso. Ele não sobe ao palco somente por si mesmo. Existe um significado maior do que nós na arte, por isso, queremos usar do teatro musical para realizar sonhos e transformar a sociedade – explica Reiner.

O Grupo Ceftem é constituído por quatro braços distintos, sendo eles:

– Centro de Estudos e Formação em Teatro Musical: que tem como foco o desenvolvimento profissional de artistas qualificados nos três segmentos que estruturam o teatro musical: canto, dança e interpretação.

– Ceftem Escola de Artes: traz um currículo mais amplo, expandindo a grade pedagógica para outras linguagens artísticas, oferecendo uma formação plural para artistas de diferentes áreas, sempre buscando conectá-los e direcioná-los para o mercado de trabalho.

– Ceftem Online: com o objetivo de democratizar o acesso à arte e cultura, o foco se dá em levar a metodologia de ensino da escola para todo o Brasil, através de uma grade de cursos online acessíveis focada na evolução do artista.

– Ceftem produções: uma incubadora de projetos artísticos. Essa vertente acompanha de perto a economia da cultura, e busca contribuir com a produtividade do setor, causando impacto através da produção de espetáculos e outros projetos profissionais do setor artístico, com a realização de pesquisa, busca de recursos e trabalho em equipe.

Além de Reiner, a escola conta com padrinhos e madrinhas de peso, como o diretor João Fonseca, que atua como orientador artístico, e a atriz Claudia Raia, que é consultora de empreendedorismo cultural, e foi responsável por idealizar projetos como o “Aqui tem CEFTEM”, que expandiu o território da instituição para Nova Iguaçu, Niterói e Barra da Tijuca.

– Nossa intenção é criar uma ‘esteira progressiva’, uma metodologia cuidadosamente pensada para que qualquer pessoa, mesmo quem nunca teve contato com o teatro, a música e a dança, possa sair dali como um artista qualificado e pronto para entrar no mercado de trabalho, se apresentar ou desenvolver uma linguagem específica. E isso não abarca apenas os artistas iniciantes, mas até quem já possui um currículo e quer continuar se reciclando e expandindo suas possibilidades – detalha Tenente.

Dentro do cenário artístico, a escola forma nomes de peso, como Giulia Nadruz, que participou de uma das primeiras turmas e hoje conta com 20 espetáculos no currículo, sendo 10 protagonistas. Quem também passou por lá foi Bel Lima, estrela de “Vicky e a Musa”, do Globoplay, e Analu Pimenta, que hoje é atriz, cantora e dubladora.

– Acho que o mais especial é ver esses jovens artistas amadurecendo e se tornando parte desse mercado. Boa parte dos alunos que passaram por aqui hoje se tornaram referência dentro da profissão. E o curioso é que muitos deles eu encontrei ao longo da carreira, como o Dennis Pinheiro, que divide o palco comigo e com a Cláudia (Raia) em “Tarsila, A Brasileira”, e a Carol Botelho, que é outra que participou de projetos profissionais comigo – conta.

Em dez anos de existência, a instituição foi responsável por mais de 50 espetáculos, que cativaram mais de 120 mil pessoas ao redor do Brasil. Até hoje, uma média de 4 mil alunos passaram pela escola, e muitos seguem carreira artística não apenas como atores, mas diretores, coreógrafos, figurinistas, entre outros.

Por isso, a escola constantemente desenvolve e participa de projetos sociais, a fim de deixar a arte mais diversa, acessível e humana. Um desses é o Ceftem Solidário, no qual um coro de alunos se apresenta em hospitais e outros projetos, como o Sopão do Bem, onde entregam sopa e entretém pessoas em situações de rua, levando uma mensagem de esperança e fé.

– Acho que a arte só faz sentido quanto ela é inclusiva. Então temos ações destinadas aos corpos pretos e trans de baixa renda, pra trazer esses jovens pra dentro do palco. Recentemente iniciamos o “Na Real”, no qual vamos em 70 escolas apresentar espetáculos profissionais sobre os impactos do consumo do álcool para os adolescentes. É preciso cada vez mais utilizar do olhar artístico como um meio de reparação social – finaliza.

Mais informações em https://www.ceftem.com.br/;

 

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