O espetáculo “Eu conto essa história” apresenta três narrativas de famílias que cruzaram continentes e oceanos em direção ao Brasil e encontraram, no Rio de Janeiro, um novo lar. Estes imigrantes trouxeram suas malas repletas de lembranças, costumes e expectativas de encontrar segurança, trabalho e um bom lugar para viver e criar seus filhos.
Os personagens das três histórias são de famílias de origem judaica e vão chegar, no final de seu trajeto, ao Rio de Janeiro. Esse é o ponto que os une neste enredo. Entre um conto e outro, os espectadores vão se encantar com blocos de músicas. Este é o ponto de partida para o espetáculo que será encenado dia 07 de novembro no Salão Assyrio, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com entrada gratuita, depois de ter sido apresentado em cinco Colégios Estaduais, para cerca de 1.400 estudantes cariocas. Antes do Municipal, o grupo faz uma pequena apresentação em escolas públicas. Dia 24/10, no Colégio Estadual Prado Júnior, na Praça da Bandeira, e dia 30/10 no Colégio Estadual Heitor Lira, na Penha.
No elenco estão as atrizes cantoras Adassa Martins e Leticia Pinheiro e os músicos André Rodrigues e Lucas Salustriano. Quem assina o roteiro é a escritora Daniela Chindler. Guilherme Miranda assina a direção cênica e divide a direção musical com Madá Nery. Os figurinos, inspirados na moda de 1920, são de Flavia Rocha.
– Embora o roteiro fale da comunidade judaica, todos podemos nos enxergar nas histórias dos personagens. Afinal, o povo brasileiro foi feito de diversas levas migratórias, algumas espontâneas, outras forçadas. Tantos de nós também somos descendentes de homens e mulheres que deixaram sua terra natal para tentar a sorte nas “cidades grandes”. Ao contar essa história, o livro abre a janela para muitas outras buscas, pois ao olhar para o outro, entendemos quem somos. – pontua Daniela Chindler, autora do roteiro e do livro “Uma casa no mundo”.
A primeira narrativa de “Eu conto essa história” tem o tom dos contos encantados que transportam os ouvintes para lugares distantes: “Nevava na Polônia e os irmãos Szpilman viajavam de carroça. Iam bem agasalhados, mas, ainda assim, suas bochechas ficavam vermelhas, queimadas pelo frio.
Os irmãos, Shmuel, Moishe e Wladislaw esfregavam as mãos para se aquecer do vento gelado, e a conversa era animada e esquentava a alma. Desde pequenos, os três irmãos tocavam na orquestra do avô, violinista, que era muito requisitada nas cidades vizinhas ao povoado polonês onde moravam. A música era a profissão e a vida dos Szpilman. Não à toa que o sobrenome da família tenha se originado de sua ocupação: Szpilman é “o homem que toca”.
O segundo conto segue no Leste Europeu e apresenta aos espectadores o Kindertransport, o transporte das crianças. Um pouco antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial vagões de trens saíram da Alemanha e de países ocupados pelas tropas nazistas, como Áustria, Tchecoslováquia e Polônia. As crianças judias foram levadas para um lugar seguro, na Inglaterra. No momento em que o mundo, infelizmente, se vê pontuado por guerras a história que traz a realidade das crianças refugiadas encanta.
A terceira e última história leva os espectadores para o norte do Marrocos, aos pés das montanhas do Rife, onde está encravada a cidade de Tetuán, conhecida como “Pomba branca” porque suas casas pintadas de cal lembravam a ave.
Ao trazer a trajetória dessas três famílias, o espetáculo “Eu conto essa história” abre uma janela para que muitas outras sejam ouvidas. “Lembrem-se do passado, daquilo que aconteceu há muitos anos. Perguntem aos seus pais e peçam aos mais velhos que contem o que se passou”, é o que diz a Torá, livro-coração da tradição judaica. Ao ouvir o passado, podemos refletir sobre o presente e construir um futuro baseado no amor à diversidade, pois estrangeiros somos todos nós.
– Levar o espetáculo para o Theatro Municipal é muito importante para mim porque meu bisavô era um pianista e regente russo (nascido em Odessa, Ucrânia, então parte do Império Russo) que migrou para o Brasil e teve como ganha-pão, nos primeiros anos na nova terra, a atividade de pianista em filmes de cinema mudo. E ele justamente tocava piano nos cinemas da Cinelândia, na década de 1920! A Cinelândia tem esse nome por conta da quantidade de cinemas suntuosos erguidos na região. – afirma Daniela.
Eu conto essa história
- Dia 07/11 – quinta-feira – às 19h (salão aberto a partir das 18h)
- Salão Assyrio do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
- Praça Floriano, S/N – Centro
- Entrada gratuita
- Censura livre
- 24/10 – Colégio Estadual Prado Júnior – Rua Mariz e Barros 273 – Praça da Bandeira
- 30/10 – Colégio Estadual Heitor Lira – Rua Cuba 320 – Penha
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