Exposição da indígena Zahy Tentehar, atriz de Cidade Invisível e artista visual, no SESC Copacabana

por Redação

A artista indígena, Zahy Tentehar, do povo Tentehar-Guajajara, que estreia final de março como uma das protagonistas da série Cidade Invisível na Netflix, com a personagem Maria Caninana, vai estrear uma exposição/instalação chamada ZEXAKAW, na Galeria do Sesc Copacabana, dia 17 de março de 2023.

Autodidata e multidisciplinar, Zahy vem entrelaçando diálogos inovadores entre suas múltiplas linguagens, questionando ao longo de suas criações o comportamento da humanidade e suas intervenções socioculturais na contemporaneidade. Nascida na reserva indígena Cana Brava, no Maranhão/Brasil, a artista tem como primeira língua, originária do seu povo, o ze’eng eté, assim, todas as suas criações são antes de tudo pensadas e criadas na sua língua original para depois ser traduzida em qualquer outra língua. 

Seu novo trabalho, reconhecido e viabilizado pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar 2022/23, chama-se ZEXAKAW, que em português significa espelho. Trata-se de uma instalação artística que entrelaça linguagens plásticas, estéticas e audiovisuais. Para tal, vale ressaltar que neste mês de estreia em que se homenageia as mulheres, a obra conta com uma equipe colaboradora e criativa feminina, potencializando os ideais artísticos contemporâneos da artista Zahy Tentehar: Elaine Rollemberg (sua produtora artística), Doris Rollemberg (cenógrafa) e Fernanda Mantovani (iluminadora). 

ZEXAKAW propõe, como uma de suas experiências, a exibição de uma das obras de videoarte da artista, o filme “Karaiw a’e wá” (Os Civilizados), em que há uma reflexão sobre uma suposta presença civilizada e sua decadência humana. Este filme foi exibido no Museu de Arte Moderna (MAM/RJ) e será exibido em diversos espaços culturais internacionais em 2023, como New Museum/NY, Canal Project/NY, Ulrich Museum of Art/NY, Wichita State University/NY, Stedelijk Museum e Gerrit Rietveld Academie/ Amsterdam. “Karaiw a’e wá” é obra de uma parceria entre a artista e o Selo Candombá, com direção coletiva entre a  artista e os integrantes desta produtora de audiovisual: Daniel Wierman, Marcelo Hallit e Philipp Lavra. 

Imersivo e provocativo, a instalação ZEXAKAW nos apresenta uma reflexão a partir do conceito da palavra espelho e sua relação afetiva histórica com os povos indígenas. Sabe-se que durante a colonização os nativos eram “presenteados” com espelhos por seus colonizadores. A intenção era mostrar-lhes a si mesmos, conduzindo uma reflexão para que o colonizado ao enxergar sua condição e comparar com os colonizadores pudessem acreditar em uma inferioridade de suas condições. Este é um ato racista e cruel, que infelizmente está estruturado na nossa sociedade, sendo mantido até os dias atuais, quando, dentre muitas violências, insistem em acreditar que indígenas são inferiores, não são refinados e nem preparados para ser e estar inseridos dentro de suas próprias terras. 

Ao longo da história, o objeto espelho foi banalizado nesta cultura, mas os impactos se perpetuam na vida dos nativos. Mesmo conscientes da dimensão da violência colonizadora a que foram submetidos, sabendo da distorção das narrativas, principalmente sobre quem são os indígenas, ainda é muito difícil a conquista de um respeito, equidade e reconhecimento devido, se fazendo necessário movimentos em prol de um processo decolonizador.

“Sou uma mulher indígena e artista, sou o resultado do atravessamento em minha identidade de questões originárias e outras criadas e impostas de maneira castradora. Eu estou viva e resisto, mas há em mim sequelas de uma invasão planejada para exterminar minha história, meus antepassados, e minha família. Como descendente daqueles que eram ‘inocentes’ ou ‘puros’ e que foram enganados sobre sua imagem lhes devolvo os espelhos como presentes para que se vejam de forma consciente e reflitam sobre o que são e estão sobre suas imagens refletidas neste presente movimento entre passado e futuro.” Zahy Tentehar

Contudo, por ser o espelho este símbolo significativo para a cultura indígena e um objeto potencial para a apresentação de reflexos diversos, embasa a proposta da obra em propor uma reflexão e inflexão a partir do que se experimenta em coletivo, por uma experiência estética. Assim, ZEXAKAW é um convite a reconhecer-se como Ser-espelhamento, inserção e reflexo, compositor desta sociedade compreendida como civilizada, a qual se deve o questionamento sobre sua presença e responsabilidade nesta existência.

FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO

ARTISTA E IDEALIZADORA

Zahy Tentehar

DIRETORA E PRODUTORA

Elaine Rollemberg

DIRETORA DE ARTE E PROJETO EXPOGRÁFICO

Doris Rollemberg

CENOTÉCNICA

Tessitura Produções Artísticas

ILUMINADORA

Fernanda Mantovani.

PRODUTORA AUDIOVISUAL 

SELO CANDOMBÁ

ASSESSORIA DE IMPRENSA

Maria Fernanda Gurgel 

PROPONENTE

Mariana Villas-Bôas

REALIZAÇÃO SESC – RJ

EDITAL PULSAR

SERVIÇO

  • Entrada Franca
  • ZEXAKAW
  • Instalação artística com exibição fílmica
  • 17/03 – 28/05
  • De terça-feira a domingo, das 10 h às 19 h 
  • Galeria do Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana) 
  • Telefone: 2548-1088

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