Exposição de Evandro Teixeira, em cartaz no IMS Paulista, encerra no domingo (30/7) e segue para o CCBB Rio

Com entrada gratuita, a mostra reúne as imagens que Evandro produziu durante a cobertura do golpe militar no Chile, em 1973, com destaque para os registros do enterro de Pablo Neruda. Traz ainda fotos feitas na ditadura militar no Brasil.

por Redação
Exército nas ruas, Santiago, Chile, entre 21 e 30/09/1973

Até domingo (30 de julho), o público pode visitar a mostra Evandro Teixeira, Chile, 1973, na sede do IMS de São Paulo (av. Paulista, 2424). Após encerrar na capital paulista, a exposição inaugura no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (Rua Primeiro de Março, 66 – Centro, RJ) no dia 30 de agosto.

A itinerância integra a parceria firmada entre as duas instituições em 2022. O CCBB RJ já recebeu a mostra Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito, atualmente em cartaz no CCBB BH, e agora apresenta a individual de Evandro Teixeira. A sede do IMS no Rio de Janeiro está fechada para reformas.

Mais sobre a exposição

Um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro, Evandro Teixeira (1935) atuou na imprensa por quase seis décadas, sendo 47 anos no Jornal do Brasil. Esta exposição destaca uma das principais coberturas internacionais feitas por Evandro: a do golpe militar no Chile em 1973. Além dos registros feitos no país andino, a exposição traz ainda imagens produzidas por Evandro durante a ditadura civil-militar brasileira, em um diálogo entre os contextos históricos dos dois países.

Com curadoria de Sergio Burgi, a seleção reúne cerca de 160 fotografias em preto e branco, livros, fac-símiles e outros objetos, como máquinas fotográficas e crachás de imprensa. Entre os registros feitos no Chile, estão as imagens do Palácio De La Moneda bombardeado pelos militares e do Estádio Nacional do Chile, local onde o governo encarcerou e torturou inúmeros presos políticos.

Outro destaque é a série de fotos que documentam a morte e o enterro do poeta Pablo Neruda. Evandro conseguiu registrar Neruda logo após seu falecimento, quando seu corpo estava em uma clínica em Santiago, sendo o único fotojornalista a documentar a cena. Em seguida, fotografou detalhadamente todas as etapas do velório e enterro do poeta, que contou com grande participação popular e se tornou o primeiro grande ato contra o governo de Pinochet.

Já entre as imagens feitas durante a ditadura militar brasileira, estão a da Tomada do Forte de Copacabana, feita exatamente no dia 1 de abril de 1964, as fotos das manifestações contrárias ao governo, em 1968, como a da Passeata dos Cem Mil, vetada pelos censores da época por registrar a faixa “Abaixo a ditadura, povo no poder”, ou ainda a foto na qual Evandro registra a queda de um motociclista da FAB, em 1965.

Para Sergio Burgi, o conjunto de imagens reforça a importância da prática diária do fotojornalismo como ferramenta de fiscalização do poder e preservação da memória: “A obra de Evandro Teixeira é expressão plena deste compromisso do fotojornalismo com o testemunho direto da realidade e com a liberdade de expressão e criação, essenciais tanto em nosso passado recente como ainda hoje. Passadas cinco décadas, suas imagens sobre as ditaduras militares no Chile e no Brasil reafirmam claramente a importância da democracia e do respeito absoluto ao estado de direito e à cidadania. São imagens que claramente desnudam o autoritarismo e permanecem denunciando, ainda nos dias de hoje, de forma clara e cristalina, os riscos das aventuras golpistas.”

A mostra também contribui para a reflexão sobre a extensa obra de Evandro Teixeira, profissional comprometido sobretudo com seu ofício, como revelam suas palavras: “Minha aventura pessoal identifica-se com a aventura vivida pelo mundo. Não tenho méritos para isso, sou um homem manejando uma câmera. Quando bem operada, é um fósforo aceso na escuridão. Ilumina fatos nem sempre muito compreensíveis. Oferece lampejos, revela dores do impasse do mundo. E desperta nos homens o desejo de destruir esse impasse.”

O catálogo

O catálogo traz, além das fotografias presentes na mostra, textos da cientista política, socióloga e professora Maria Hermínia Tavares de Almeida, do escritor Alejandro Chacoff e do curador da exposição, Sergio Burgi, e uma cronologia organizada pela pesquisadora Andrea Wanderley.

Serviço

IMS Paulista

  • Evandro Teixeira, Chile 1973
  • Visitação: até 30 de julho
  • 6º andar | IMS Paulista
  • Avenida Paulista, 2424. São Paulo, SP
  • Entrada gratuita. Horário de funcionamento: Terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h

CCBB RJ

  • Evandro Teixeira, Chile 1973
  • Inauguração: 30 de agosto
  • Em cartaz até 13 de novembro
  • Rua Primeiro de Março, 66 – Centro. Rio de Janeiro – RJ Telefone: (21) 3808.2020
  • Funcionamento: De quarta a domingo, das 9h às 20h. Fechado às terças-feiras.

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