Falar de palavras é bem difícil, mas colocá-las em cena como faz Gregório Duvivier na peça O Céu da Língua, em cartaz no Teatro Carlos Gomes, no Centro do Rio, até o dia 24 de fevereiro, é mesmo de se admirar. Em uma hora e 20 minutos de espetáculo mais ou menos, ele brinca com palavras atuais, antigas e até algumas que foram e completamente esquecidas. É um verdadeiro ode às palavras ditas e até as que não são faladas. Assim como eu, ele também não sabe se fazer entender por meio da linguagem corporal, seja dança contemporânea, ballet ou contorcionismo. Precisa das letras para viver e nesse caso para mostrar o seu ofício num monólogo que leva a plateia às gargalhadas em vários momentos.
Acompanhado do instrumentista Pedro Aune, que cria ambientação musical com o seu contrabaixo, e a designer Theodora Duvivier, irmã do comediante, manipula as projeções exibidas ao fundo da cena, com palavras, é claro. Ele entra no palco supostamente vestido de Camões e indaga para que serve a poesia no dia a dia da pessoas.
“Ninguém chama um poeta quando está passando mal num avião’’. A criatividade de quem escreveu o texto, no caso o próprio ator, é impar. Ele conseguiu chamar a atenção das pessoas para algo que comumente não acontece. Amante das palavras, ele afirma: “A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota”, reconhece o ator, que cursou a faculdade de Letras na PUC do Rio de Janeiro e publicou três livros sobre o gênero literário. “Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, pra isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura”.
A direção é da atriz Luciana Paes, parceira de Gregório no espetáculo de improvisação Portátil – e nos vídeos do canal Porta dos Fundos. No palco, com apenas uns panos parecidos com lençóis que Gregório mexe em algumas ocasiões durante a peça. Ele também faz referência a última mudança ortográfica que tirou o trema das palavras mudando sua pronúncia.
“O Céu da Língua” não é um recital. Por outro lado, garante Luciana, a dramaturgia de Gregório não deixa de ser poética. “O stand-up comedy aqui é uma pegadinha pra falar de literatura”, como ela bem define. “A peça fica na esquina do poema com a piada”, arremata o ator.
“O Céu da Língua”
- Texto e interpretação: Gregório Duvivier
- Direção: Luciana Paes
- Direção musical e execução da trilha: Pedro Aune
- Criação visual e projeções: Theodora Duvivier
- Iluminação: Ana Luzia de Simoni
- Figurino: Elisa Faulhaber e Brunella Provvidente
- Costureira: Riso Monteiro
- Fotos: Demian Jacob
- Assessoria de Imprensa: Pedro Neves
- Designer Gráfico: Laercio Lopo
- Visagismo: Vanessa Andrea
- Administração: Andréia Porto
- Produção Executiva: Lucas Lentini
- Produção: Pad Rok Produções Culturais
- Clarissa Rockenbach e Fernando Padilha
SERVIÇO
- Teatro Carlos Gomes (Praça Tiradentes)
- De até 24 de fevereiro
- Quintas e Sextas, às 19h / Sábados e Domingos, às 18h
- Ingressos: R$ 80 | R$ 40 (meia)
- Classificação indicativa: 12 anos
- Duração: 70 minutos