Ilhas, veredas e buritis

A autobiografia de Eliane Lage e a história do cinema da Vera Cruz, de Eliane Lage

por Redação

Autobiografia da primeira estrela dos filmes da Cia Vera Cruz, Eliane Lage, ganha nova edição atualizada da Gryphus Editora com lançamento no dia 17/05, no Parque Lage

Apesar da curta carreira cinematográfica, Eliane Lage foi uma das maiores estrelas da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, o lendário complexo de estúdios cinematográficos que tentou reproduzir no Brasil o modelo de produção hollywoodiano. Protagonista de clássicos do estúdio, Eliane Lage tornou-se um ícone do cinema brasileiro, mais conhecida como a Greta Garbo brasileira e também comparada à atriz Ingrid Bergman.

Agora, Eliane lança uma nova edição revista e ampliada de seu romance autobiográfico Ilhas, Veredas e Buritis. O lançamento do livro será quarta-feira, 17/05, na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage das 19h às 21h com entrada franca. A programação do evento  conta com a mesa redonda “As precursoras do Feminismo: Eliane Lage, Gabriela Besanzoni e Ruth de Souza”. Participarão do debate o escritor e historiador Clóvis Bulcão, autor do livro ” Henrique Lage – o grande empresário que, por amor, criou um parque”, a documentarista Ana Carolina Maciel, diretora com Caco Souza, do documentário “Eliane”, e a socióloga e doula Dani Rosa, que tem pesquisas sobre o Teatro Experimental do Negro e sobre a atriz Ruth de Souza.

“Nessa mesa redonda, vamos debater a importância e o legado destas três grandes artistas (Eliane Lage, Ruth de Souza e Gabriela Besanzoni) como inspiração para as gerações seguintes”, adianta Liu Lage, neta de Eliane e uma das organizadoras do evento.

Uma das novidades da nova edição é o prefácio da cineasta Helena Solberg, Sobre Eliane, ela escreve: “A primeira vez que a vi foi em Goiás, durante a projeção de um filme meu em um festival de cinema, em 2005, e me lembro do espanto que me causou. A presença física de Eliane Lage era muito forte.  Teria por volta de 80 anos, alta, queimada de sol, uma mistura de camponesa e aristocrata.  Tudo o que ela não queria ser! Intrigante e misteriosa! Uma personagem!”

Outra novidade é o posfácio afetivo escrito pelo neto André Lage: “A coisa mais linda é ser criado por alguém que te ama e te quer ver livre. Imagine que sorte nascer em uma casa onde circulam, não só Eliane Lage, essa mulher incrível (pela qual eu sei que você está apaixonado ou apaixonada), mas também seus filhos criados para serem livres. Olha…era demais! No começo eu achava que a vida era assim. Só depois, quando comecei a frequentar outras casas, foi que comecei a ver famílias com relações cheias de proibições, hierarquias rígidas, regras e punições. Achei aquilo tão estranho. Mas os estranhos éramos nós”, observa o neto.

O livro, cujo prólogo é assinado pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão, passa em revista toda a vida da atriz, desde sua infância, vivida ilha de Santa Cruz, na Baia da Guanabara, suas idas e vindas, pela Europa e pelo Brasil, até os dias de hoje, em que está radicada na cidade de Pirenópolis, em Goiás. Eliane é bisneta de Tonico Lage que herdara grandes negócios como minas de carvão no sul do país, salinas em Cabo Frio, estaleiros, a frota de navios Ita, além de ilhas no Rio de Janeiro, entre as quais a Ilha de Santa Cruz, onde Eliane passou sua infância.  Eliane é também sobrinha do industrial Henrique Lage, que entre outros grandes negócios, construiu o Parque Lage para sua esposa, a cantora lírica italiana Gabriela Besanzoni. Aliás, Eliane também passou períodos de infância no Parque Lage enquanto era residência do casal.

A autora narra, ainda, sua relação de estreita proximidade com a socialite Yolanda Penteado – a quem chamava de tia – que foi casada com o industrial e mecenas Ciccillo Matarazzo. Foi num jantar na casa de Yolanda que Eliane conheceu seu futuro marido, o diretor de cinema anglo-argentino Tom Payne, que viera ao Brasil a princípios dos anos 50 para trabalhar nos primeiros filmes da Vera Cruz. Yolanda era contra o casamento de Tom e Eliane, pois acreditava que o diretor era um “aventureiro”, vindo de dois casamentos e posteriores “desquites”. O casamento dos dois, feito por procuração, no México, foi sacramentado em 1951, durou 15 anos e lhe deu 3 filhos e 6 netos. Após abandonar o cinema, Tom abriu um antiquário em Guarujá – SP e faleceu em 1995, aos 81 anos.

Eliane protagonizou cinco filmes: Caiçara (1950), com direção de Adolfo Celi; Angela (1951), Terra é sempre Terra (1952) e Sinhá-Moça (1953) – que em 2023 completa 70 anos desde seu lançamento – estes três com direção de Tom Payne. Eliane ainda tentou a carreira de cinema fora dos estúdios da Vera Cruz com Ravina (1958), mas sem a direção de Tom Payne não se sentiu à vontade. A ex-atriz conta também que começou a carreira no cinema para ficar perto de Tom Payne.

Mas aos poucos, ela foi tendo sua carreira reconhecida. Após a premiação de Caiçara, em Punta del Este, no Uruguai, para onde ela e Tom foram dirigindo, vários outros prêmios foram criados.

O primeiro, Saci, do jornal O Estado de São Paulo, foi para Terra é sempre Terra como o melhor filme do ano. Para Tom Payne, o melhor diretor; e Marisa Prado, a melhor atriz. A estatueta era um saci de bronze, lindo, criação do escultor Vitor Brecheret. Tom, o aventureiro, o vilão, estava sendo festejado, e tinha o mérito reconhecido! Em Sinhá-Moça, Eliane contracena com ícones como Anselmo Duarte – de quem se tornou grande amiga – e Ruth de Souza em sua estreia no cinema. O filme recebeu prêmios como Leão de Bronze – Festival de Veneza; Urso de Prata – Festival de Berlim e Melhor Filme do Ano pelo Tema Social – Festival de Havana, entre outros.

A rica vida e longeva vida de Eliane possibilitou diversos encontros memoráveis. Alguns ela conta no livro: “Eu havia sido escalada para um almoço no estúdio em honra de John Wayne. Só que resolvi fugir para comprar uma vaca. Mas saí atrasada e encontrei-me no portão com a comitiva de carros que trazia o homenageado. Ele desceu do carro e veio até o Land-Rover todo enlameado. Muito alto, o cowboy curvou-se rindo, com as mãos na capota do jipe, e disse: “Não acreditei quando me disseram que você era a primeira atriz da Companhia, mas agora estou vendo que é!”. E eu, aproveitando o bom humor, pedi desculpas por não comparecer ao almoço, pois tinha que ir comprar a minha primeira vaca. E acrescentei: “Achei que só você, John Wayne, compreenderia!”

Esta é uma história sobre resiliência, feminismo e alegria. A narrativa de Eliane é repleta de poesia, inspiração e é ao mesmo tempo muito visceral. Como ela mesma diz: “a felicidade é uma questão de sensibilidade”. O livro se encontra em pré-venda no site da Gryphus no link: https://www.gryphus.com.br/collections/proximos-lancamentos

Serviço:

  • Título: Ilhas, veredas e buritis – a autobiografia de Eliane Lage e a história do cinema da Vera Cruz
  • Autora: Eliane Lage
  • Editora: Gryphus
  • Extensão: 356 páginas
  • ISBN: 978-65-86061-49-9
  • Preço: R$ 79,90
  • 16 x 23 cm.
  • Brochura
  • Lançamento:
  • Dia 17 de maio, quarta, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, das 19h às 21h.
  • Endereço: Rua Jardim Botânico, 414

Ebook

ISBN: 978-65-86061-50-5
Preço: R$ 39,90

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