No mês de outubro, o palco do Teatro Candido Mendes dará lugar ao íntimo recanto de César, personagem do monólogo “Lentamente, a vida”, escrito e dirigido por Victor Lósso. A trama gira em torno das angústias vivenciadas por quem acaba de receber um diagnóstico transformador. Com atuação de Kako Leitão, a peça mergulha em dilemas existenciais e investiga a solidão e a capacidade de enfrentar desafios inesperados, entregando ao público uma abordagem sensível sobre a condição humana.
A dramaturgia surgiu a partir de uma experiência pessoal vivida pelo diretor. Em 2017, o pai de Victor Lósso foi diagnosticado com Parkinson. “Meu pai e eu somos melhores amigos. Ele é inteligentíssimo, amante de História e contador de curiosidades que eu só saberia abrindo uma enciclopédia. Há alguns anos já sentia alguns sintomas, mas não sabíamos que era da doença. Ninguém sabe, na verdade. Falo disso brevemente na peça”, comenta. O diretor afirma que o Parkinson vai muito além dos tremores presentes no imaginário coletivo. Esta conscientização foi o que motivou a escrita.
Intencionalmente, Victor decide não citar a doença no texto. “O Parkinson é um ponto de partida, mas a peça fala muito mais do personagem do que desta condição. Muito se passa na cabeça dele e não é a realidade em si, mas a realidade do seu ponto de vista, que vem de uma ansiedade frente ao futuro. É o processo de luto daquele “devir” que não será. Quero falar sobre onde os lutos se encerram e se é possível seguir em frente, e também sobre o papel das relações humanas nisso tudo”, revela.
Ao optar por universalizar o tema, Victor abre a dramaturgia para explorar não apenas as dores causadas por doenças neurodegenerativas, mas também as frustrações de ter os planos interrompidos por fatores que estão fora do controle. O diretor lembra que este é um sentimento presente na história recente, apontando para os sonhos coletivos que foram frustrados pela pandemia. Victor acredita que, com a atual perspectiva de futuro da humanidade, graças às polarizações políticas, guerras e mudanças climáticas, falar de vida e de luto é falar sobre o próprio tempo. “A peça é mais sobre a nossa capacidade de viver ‘apesar de’.”, destaca.
KAKO LEITÃO
Formado pela Nova Escola de Teatro, Kako é bacharel em Teatro pela CAL e atualmente cursa Direção Teatral na UNIRIO. Atuou em “Guerra dos Bichos” (dir. de Cristina Streva) e na peça de improviso long form “Sonhos Acontecem”. No audiovisual, protagonizou a série “Independência ou Morte” (dir. Davi Porto) e foi apresentador do canal Amo Séries da NBC Universal. Este é seu primeiro monólogo como ator, mas ele também acumula experiências na direção.
Kako revela que para encarar a personagem foi preciso abraçar sua grande dualidade. “César é orgulhoso e inteligente, mas preso em seus próprios pensamentos. O processo da peça refletiu essa luta interna: uma constante contenção do desejo de se libertar, barrado pela mente ou pelo corpo. Para mim, o tema da peça é o medo. É uma visão amorosa de um momento de desespero. Assim como César enfrenta seus dilemas, todos nós temos os nossos. Estamos todos aprendendo a caminhar”, conclui o ator.
VICTOR LÓSSO
O diretor começou a fazer teatro aos 12 anos, vivendo momentos de hiato na sua experiencia como ator. É advogado formado pela UERJ, atuante na área de Direitos Autorais. Depois de muitas idas e vindas dos palcos, se matriculou no curso profissionalizante da Escola de Atores Wolf Maya. Durante a formação de ator, surgiu o desejo de dirigir quando teve oportunidade de ver de perto a direção de Wolf em “33 Variações”, peça de inauguração do teatro Nathalia Timberg, estrelada pela própria, da qual fez parte do elenco de apoio. Victor buscou formação acadêmica em Direção Teatral e ingressou na Escola de Teatro da UNIRIO em 2023.
Seus principais trabalhos começam como assistente de direção dos espetáculos “Perto do Coração Selvagem”, “Cemitério das Delícias” e “A Peça ao Lado”, dirigidos por Delson Antunes; e “Antes do Café”, por Jorge Farjalla, a convite da saudosa professora Nádia Bambirra, que atuava no monólogo. Finalmente assumiu direção da peça infanto-juvenil “Romeu e Julieta, do Nosso Jeitinho” e foi indicado ao prêmio Botequim Cultural de melhor espetáculo infantil. Em seus trabalhos mais recentes, assina a direção de “Fantasia Improvisada”, em dezembro de 2019, e a assistência de dramaturgia de “O Segredo de Areia”, em 2022.
Classificação: 14 anos
Duração: 50 minutos
SERVIÇO
Local: Teatro Cândido Mendes – Rua Joana Angélica, 63, Ipanema (próximo ao Metrô Nossa Senhora da Paz)
Datas: 5, 6, 12, 13, 19, 20, 26 e 27 de outubro
Horário: 18h
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), disponíveis no Sympla.
FICHA TÉCNICA
- Direção e dramaturgia: Victor Lósso
- Atuação: Kako Leitão
- Produção e Assistência de Direção: JP Lima
- Supervisão Artística: Michele Zaltron
- Direção de Movimento e Preparação Corporal: Paula Caldas
- Cenografia e Figurino: Rian Oak
- Cenotécnico: Vitor VGS
- Assistência de Cenografia: Samir Alves, Haru Vieira, Gisele Lyra e Pedro Halpern
- Caracterização: Izabella Brandão
- Assistência de Produção: Drê Moura e Catarina Pfeiffer
- Assistência de Produção e Mídias Sociais: Catarina Pfeiffer
- Iluminação: Amanda Barroso
- Operação de Luz: Jaqueline Lelis
- Sonoplastia e Operação de Som: Laura Argon
- Músico Intérprete: Bruno Gallvão
- Fotografia I: Daniel Bandeira e Sarah Sanfins
- Concepção de Programação Visual e Design Gráfico: Daniel Neves
- Design Gráfico: Maju Góes e Daniel Neves
- Assessoria de Imprensa: Mar Comunicação
- Intérprete de LIBRAS – Teatro Cândido Mendes: David Douglas Ramos
- Intérprete de LIBRAS – Ensaio Aberto: Frô Pimentel
- Assessoria Jurídica: Victor Losso