A História É Uma Istória

Linha do tempo de forma descontraída no Sesc Tijuca

por Waleria de Carvalho

O já clássico texto de Millôr Fernandes, que nunca perde a sua contemporaneidade, “A História É Uma Istória”, está de volta em nova montagem, pelas mãos do premiado diretor Ernesto Piccolo. Com estreia marcada para 5 de maio de 2022, no Teatro II do Sesc Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539), a comédia “histórico-histérica” traz ao palco, de forma descontraída e cheia de ironia, uma linha do tempo que começa na pré-história e segue até os dias atuais, abordando a evolução do homem de forma crítica e reflexiva, questionando ídolos e os “grandes feitos” da humanidade. No elenco, Bruno Ahmed, Bruno Suzano e Paula Barros. A temporada segue até 29 de maio de 2022, de quinta a sábado, às 19h; e aos domingos, às 18h. “A História É Uma Istória” é um dos contemplados no Edital Sesc RJ de Cultura 2022.

Encenada pela primeira vez em 1976, a peça tem sua maior força na relação entre espectador e atores e no sarcasmo característico dos textos de Millôr Fernandes. Para Bruno Ahmed, a montagem chega no momento ideal de provocar novas reflexões:
“É um espetáculo atual e atemporal. No palco, mostramos fatos históricos que já aconteceram e que não vão mudar. No entanto, parece que o texto foi escrito hoje. Ele nos faz refletir sobre as decisões que tomamos ao longo da história e como diz Edmund Burke: ‘O povo que não conhece a sua história está fadado a repeti-la”.

A ideia de reviver o espetáculo surgiu em 2017, quando Paula Barros criou uma cena baseada no texto para um festival de esquetes que se tornou um grande sucesso. Ao mesmo tempo, o ator Bruno Ahmed buscava uma comédia para produzir. Numa ligação, ambos decidiram realizar o projeto pela sua espantosa atualidade e por acreditarem que o humor é uma excelente forma de provocar reflexões.

“Para mim, a vida não acontece sem humor, nos bons e nos maus momentos. O humor é um instrumento ‘para toda obra’. Estamos acostumados a pensar de uma certa forma e a usar uma armadura no nosso dia a dia que o humor consegue romper porque chega de forma inesperada. É uma ferramenta que cria a graça, o riso, mas também nos faz pensar o porquê de estarmos rindo, ou não, daquela situação”, diz a atriz e idealizadora Paula Barros.

Convidado para conduzir a direção, Ernesto Piccolo ressalta a contemporaneidade do texto:

“Um espetáculo feérico, como propôs o mestre Millôr Fernandes. Uma retrospectiva da história cheia de humor e aventuras num ritmo alucinante. Um deleite que não perde a força nem perde a atualidade”, afirma.

SINOPSE: A partir do humor, “A história é uma Istória”, de Millôr Fernandes, aborda a evolução do homem de forma divertida, crítica e reflexiva, questionando e revivendo a história por diversas perspectivas. A peça torna o conhecimento histórico acessível e desmistificado para os espectadores com um texto provocativo e informal, que traz temas ainda relevantes na atualidade, com muito sarcasmo e ironia.

FICHA TÉCNICA

  • Texto: Millôr Fernandes
  • Direção: Ernesto Piccolo
  • Elenco: Bruno Ahmed, Bruno Suzano e Paula Barros
  • Direção de Produção: Bruno Ahmed e Paula Barros
  • Produção Executiva: Ricardo Fernandes
  • Assistente de Produção: Paula Trovão e Aline Monteiro
  • Iluminador: Gabriel Prieto
  • Diretor Musical e Sonoplastia: Cyrano Sales
  • Figurinista: Marcela Treiger 
  • Cenógrafo: Diogo Venturieri
  • Design: Igor Ribeiro
  • Fotógrafo: Victor Senra
  • Idealização: Bruno Ahmed e Paula Barros
  • Realização: B&A Empreendimentos e Cultura

SERVIÇO:

A HISTÓRIA É UMA ISTÓRIA

  • Estreia: 5 de maio de 2022.
  • Temporada: De 5 a 29 de maio de 2022.
  • Horários: de quinta a sábado, às 19h; e domingo, às 18h.
  • Local: Teatro II – Sesc Tijuca
  • Endereço: Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca.
  • Bilheteria – Horário de Funcionamento: De terça a domingo, das 9h às 19h.
  • Duração: 60 minutos.
  • Telefone: (21) 4020-2101
  • Valores: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada), R$7,50 (Credencial Plena) e Grátis (PCG)
  • 44 lugares. 12 anos.

Navalha na Carne em única apresentação

Navalha na Carne

Navalha na Carne

Desenvolvido durante a pandemia pela atriz Laura Proença, o projeto “Alimentando a Alma com Arte”, que já produziu apresentações on-line de textos de dramaturgos como Nelson Rodrigues, Miguel Falabella, Arnaldo Jabor e Regiana Antonini, estreia dia 28 a peça “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos.

Em única apresentação on-line, pelo Sympla, o texto leva a direção de Stella Maria Rodrigues e, desta vez, Laura atua ao lado dos atores Roney Villela e Saulo Segreto. A história conta a relação de três personagens num quarto de bordel: a prostituta Neusa Sueli, o gigolô Vado e o homossexual Veludo que falam de suas vidas e expõem sua marginalidade.
Na trama, Laura dá vida a Neusa Sueli, personagem que já foi imortalizada por Tônia Carrero, nos palcos, e no cinema, por Vera Fischer, no filme de Neville d’Almeida.

Serviço
Alimentando a Alma com Arte
Qui, dia 28, às 21h. 120 min. 14 anos. R 40 e R 20 (ingresso solidário).

Dom Quixote de La Sampa e a Máquina do Tempo

Dom Quixote de La Sampa

Dom Quixote de La Sampa – Foto de Fernando Diniz

A Dona Mirna Cia. de Arte explora o famoso personagem clássico do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1557-1616) no espetáculo musical infantojuvenil Dom Quixote de La Sampa e a Máquina do Tempo, que tem uma temporada de circulação gratuita por teatros e outros equipamentos culturais municipais, entre os dias 7 e 29 de maio.

O trabalho tem direção de Mayla Fernandes e dramaturgia e composições originais de Yuri Garcia, que também está no elenco ao lado de Carol Honorato, Clau Ålvěs̈, Gabriel Daves, Luiz Fernando Oglou, Samuel Moraes, Waltinho Ribeiro. E quem interpreta ao vivo as canções e assinam os arranjos são Joab Souza e Ivan Santos.

O musical transporta as aventuras do famoso cavaleiro da triste figura para um espaço lúdico paulistano, estabelecendo uma relação de contraste e crítica entre a São Paulo do século 21 e uma visão romântica sobre as realizações dos Bandeirantes, construída pelos livros didáticos e outras obras que costumavam exaltar essas figuras como heróis nacionais.

Na trama, Dom Quixote de La Sampa é um valente senhor desmiolado e, junto de sua fiel escudeira, uma jovem em situação de rua chamada Sancha Trampa, anda pela cidade de São Paulo procurando grandes aventuras. Porém, depois de ler inúmeros livros de cavalaria, o homem já não consegue diferenciar realidade e fantasia, enxergando monstros em máquinas, ogros em escavadeiras e até feiticeiros em pessoas comuns. 

Diante de uma grande injustiça contra a preservação da natureza em SP, o velho senhor constrói uma máquina do tempo e parte em uma missão heroica com a proposta de acabar com um terrível feitiço chamado urbanização. 

Essa dupla atrapalhada visita momentos marcantes para a história de São Paulo, como a fundação da cidade por meio do Colégio Jesuíta instituído no alto da Colina de Piratininga; a inauguração da primeira ferrovia em terras paulistas; a contraditória Guerra dos Emboabas e o grito de Independência do Brasil às margens do Ipiranga. 

A ideia da montagem é problematizar, de forma divertida e leve, a construção de símbolos e arquétipos heroicos na cultura popular. 

“Esses símbolos moldam e ajudam a formar as nossas maneiras de pensar e agir, mas muitas vezes criam a sensação de que essas figuras eram seres intangíveis e não suscetíveis ao erro. Partindo desse pensamento, Dom Quixote de La Sampa é construído como a representação de um homem preso à uma idealização de mundo, de conceitos morais polarizados e um referencial heroico contraditório. Tudo isso será confrontado pela realidade de uma cidade tomada pelo imediatismo, urbanização extrema e descaso ambiental”, explica a companhia.

FICHA TÉCNICA

  • DIRETORA: Mayla Fernandes
  • Texto e letras: Yuri Garcia
  • Assist. de Direção: Carol Honorato
  • Diretor Musical: Ivan Santos
  • Arranjos musicais: Joab Souza, Ivan Santos, Samuel Moraes e Yuri Garcia
  • Cenógrafo: Djalma Junior
  • Figurinista: Luiz Fernando Oglou
  • Visagista: Gabriel Daves
  • Elenco: Carol Honorato, Clau Ålvěs̈, Gabriel Daves, Luiz Fernando Oglou, Samuel Moraes, Waltinho Ribeiro e Yuri Garcia
  • Músicos: Joab Souza e Ivan Santos
  • Preparadora Vocal: Luma Garcia
  • Operador de Luz: Bruno Emanuel

SERVIÇO

Dom Quixote de La Sampa e a Máquina do Tempo, da Dona Mirna Companhia de Arte

Temporada: 7 a 29 de maio (ver locais e horários abaixo)
Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada sessão
Classificação: livre
Duração: 90 minutos

Teatro Arthur de Azevedo – Avenida Paes Barros, 995, Alto da Mooca
Apresentações: 7 e 8 de maio, às 16h

Centro Cultural Tendal da Lapa – Rua Guaicurus, 1.100, Lapa
Apresentação: 14 de maio, às 15h

Teatro Municipal de Caieiras – Avenida Marcelino Bressiani, 178, V. Gertrudes
Apresentação: 15 de maio, às 15h

CEU Jaçanã – Rua Francisca Espósito Tonetti, 105, Jardim Guarapira
Apresentações: 21 de maio, às 17h e 22 de maio, às 14h

CEU Inácio Monteiro – Rua Barão Barroso do Amazonas, s / n – Guaianases
Apresentação: 28 de maio, às 17h

CEU Pera Marmelo – Rua Pera Marmelo, 226, Jaguará
Apresentação: 29 de maio, às 15h

Premiada peça Foxfinder – A Caça estreia no Teatro Sérgio Cardoso

Foxfinder – A Caça

Foxfinder – A Caça – Fotos de Halei Rembrandt

Em um diálogo com a ascensão do fascismo e do conservadorismo em todo mundo, o premiado texto Foxfinder – A Caça, da autora inglesa Dawn King, ganha sua primeira montagem brasileira, dirigida por Wallyson Mota e traduzida pela atriz Carolina Fabri. O espetáculo estreia no dia 2 de maio, no Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte, onde fica em cartaz até 14 de junho, com apresentações às segundas e terças, às 19h.

Além de Fabri, o elenco conta com a participação de Carol Vidotti, Eduardo Mossri e Ernani Sanchez. A montagem ainda tem videografismo e cenografia do conhecido coletivo BijaRi, figurinos de Marichilene Artisevskis, iluminação de Matheus Brant e sonorização de Pedro Semeghini.

Encenado pela primeira vez em 2011, o texto “Foxfinder” foi responsável por revelar o trabalho de Dawn King para o teatro britânico e venceu a competição da Companhia de Teatro Papatango para novas dramaturgias (2011); o prêmio de dramaturgia da Royal National Theatre Foundation (2013); o prêmio de melhor autora no Off West End (2012). Graças a seu sucesso de crítica, a peça também já foi montada na Austrália, na Suécia e nos Estados Unidos.

A obra é uma parábola distópica sobre o lugar do medo na dominação de um povo e os caminhos para instalação do fascismo em uma sociedade em decadência. A trama se passa em uma fazenda inglesa ameaçada pela crise da produção de alimentos que recebe a visita do inspetor William Bloor, um agente do Estado responsável por fiscalizar as propriedades agrícolas.

O casal Samuel e Jude Covey está preocupado com a morte recente de seu filho e com a falta de colheitas em sua propriedade. E o oficial está à procura de raposas, que seriam, para o Estado, responsáveis por ameaçar a civilização, contaminar as plantações, prejudicar a produção de alimentos, influenciar o clima, abalar a mente das pessoas e matar crianças – mesmo não tendo sido vistas nos campos há anos.

O clima de crise e a pressão irracional do inspetor para encontrar o animal na propriedade faz com que o casal de agricultores e seus vizinhos se traiam mutuamente, regidos pelo medo e desespero.

A raposa simboliza a busca irracional de bodes expiatórios para explicar os males que assombram um país – tal como o fantasma comunista em nossa sociedade e o medo desmedido que as pessoas têm de perderem seus bens ou terem que dividir suas casas com outras famílias, caso um político de esquerda chegue ao poder. O espetáculo é um ataque a essas certezas fundamentalistas que envenenam as sociedades, incentivam a violência e passam por cima dos princípios de tolerância/respeito ao pensamento divergente e aos outros modos de ser e existir.

“Quando tomamos contato com a obra, levamos um choque. Era (e ainda é) impressionante para nós que aquele espetáculo realizado num outro país, numa região de grandes produções inglesas, estivesse falando diretamente das questões essenciais vividas no Brasil de agora. O avanço da extrema-direita deflagrado recentemente por aqui obedece exatamente à mesma narrativa: a de um grande inimigo da nação, responsável por todos os nossos males, que tem de ser eliminado, e para tal o Estado deve se apoiar numa mistura muito peculiar de fundamentalismo religioso e desenvolvimento bélico”, compara o diretor Wallyson Mota.

Ficha Técnica

  • Texto: Dawn King
  • Tradução: Carolina Fabri
  • Direção: Wallyson Mota
  • Elenco: Carolina Fabri, Eduardo Mossri, Carol Vidotti e Ernani Sanchez
  • Videografismo e Cenografia: BijaRi
  • Figurinos: Marichilene Artisevskis
  • Iluminação: Matheus Brant
  • Sonorização e Técnico de som: Pedro Semeghini
  • Técnico de Luz: Guilherme Soares
  • Operação de Vídeo: Taiguara Chagas
  • Fotos e Vídeos: Halei Rembrandt
  • Projeto Gráfico: Alexandre Caetano e Júlia Gonçalves (Oré Design Studio)
  • Estágio em Cenografia e Adereço: Cinthya Vaz Giorgi
  • Produção executiva: Rick Nagash
  • Produção: Anayan Moretto
  • Idealização e Realização: Carolina Fabri e  Wallyson Mota
  • Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Serviço

Foxfinder – A Caça, de Dawn King
Temporada: 2 de maio a 14 de junho. Segundas e terças-feiras, 19h*
* Haverá sessão com tradução em libras dias 23, 24, 30 e 31 de maio
Local: Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno
Endereço: Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista. São Paulo (SP)
Capacidade: 149 lugares (143 lugares e 6 espaços de cadeirantes)
Duração: 80 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: Grátis
Reserva pelo site da Sympla

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