Marcas Afrodiaspóricas: Mostra de cinema gratuita apresenta o filme ‘A Rainha Nzinga Chegou’ na Casa de Rui Barbosa

Promovida pela Quiprocó Filmes e pela Fundação Casa de Rui Barbosa, a mostra discute a relação histórica entre Brasil e África e apresentará um doc por mês até julho, seguido por um bate-papo com cineastas e pesquisadores

por Redação
A Rainha Nzinga Chegou

Investigar o processo diaspórico e a ligação histórica entre Brasil e África por meio de filmes, pesquisas e conversas. Esse é o mote da mostra cinematográfica gratuita “Marcas Afrodiaspóricas: História, Cinema e Memória”, promovida pela Quiprocó Filmes e pela Fundação Casa de Rui Barbosa e que, no dia 9 de maio, às 18h, apresentará o filme “A Rainha Nzinga Chegou”, de Júnia Torres e Isabel Casimira. Após a sessão, a cineasta Júnia Torres e a pesquisadora Luciana Lúcia da Silva participam de um bate-papo com o curador Eduardo Possidonio, que também fará a mediação.

“Marcas Afrodiaspóricas” segue até julho promovendo sessões de cinema gratuitas, seguidas por conversas críticas, para abordar temas como os vínculos entre Brasil e África, o patrimônio material e imaterial gerado pelo processo afrodiaspórico e sua preservação, a luta dos diferentes povos negros e afrodescendentes por permanência e memória, entre outros temas. A curadoria é dos historiadores Eduardo Possidonio e Ivana Stolze Lima, especialistas em história da África e das heranças africanas no Brasil.

“A Rainha Nzinga Chegou”, com direção de Júnia Torres e Isabel Casimira, é um documentário que apresenta a história da família Casimira. Através de três gerações, as matriarcas da família mantêm viva a tradição da Guarda de Congado. O reinado feminino Treze de Maio, comandado pela experiente Isabel Casimira, é somente um reflexo dos vários territórios de Minas Gerais que iniciaram a sua expansão hierárquica por meio da dominação da rainha Nzinga, uma figura importante na resistência contra o domínio português na África no século XVII.

O filme já levou prêmios como: Melhor Longa Metragem na III Mostra de Cinema Negro Adélia Sampaio, Prêmio Especial do Júri no XV Panorama Internacional Coisa de Cinema da Bahia e Menção Honrosa/Prêmio Pierre Verger da Associação Brasileira de Antropologia, 2020.

Projeto une cinema, história, memória e divulgação científica

As sessões da mostra acontecerão uma vez por mês, e ainda serão exibidos os filmes: “Atlântico Negro: Na Rota dos Orixás”, de Renato Barbieri (13 de junho); e “Pedra da Memória: Diálogos Brasil Benim”, de Renata Amaral (4 de julho). A  mostra marca também a retomada de eventos na Casa de Rui Barbosa.

“No país em que vivemos, somos provocados a refletir diariamente sobre as nossas relações com os povos africanos. Os documentários exibidos são fruto de pesquisas aprofundadas, apresentando práticas comunitárias e culturais relacionadas ao processo diaspórico e é um convite à reflexão por meio da linguagem do cinema”, afirma Dora Motta, coordenadora de produção da Quiprocó Filmes.

Mais do que uma mostra de cinema, “Marcas Afrodiaspóricas: História, Cinema e Memória” é um projeto de divulgação científica e formação crítica para o conhecimento dos vínculos entre Brasil e África e realizado através da Lei Paulo Gustavo. 

“Muito além do trabalho forçado, mulheres, homens e crianças africanas trouxeram conhecimentos, técnicas e experiências comunitárias que emprestam a uma história de violência e dor, uma possibilidade de sobrevivência, resistência e criação cultural que importa a todos nós”, explica a curadora Ivana Stolze.

O objetivo é aprofundar a discussão sobre o processo criativo dos filmes, questionando as fundamentações teóricas que guiam as abordagens dos cineastas, por meio de falas de pesquisadores que também tratam dos temas, assim como os conceitos que influenciam suas escolhas e seleções.

“As muitas dimensões das travessias no mundo atlântico apresentadas nos documentários serão ponto de partida para uma reflexão e debate públicos que contribuam para perceber e emprestar visibilidade e valor às marcas afrodiaspóricas do Brasil atual”, conclui Eduardo Possidonio.

Serviço:

Mostra de cinema “Marcas Afrodiaspóricas: História, Cinema e Memória”

  • A Rainha Nzinga Chegou
  • Data: 9 de maio de 2024, quinta-feira
  • Horário: 18h
  • Local: Auditório da Casa de Rui Barbosa – R. São Clemente, 134 – Botafogo.
  • Grátis. Livre.

Os curadores:

Eduardo Possidonio é Doutor em História pela UFRRJ com a tese “Caminhos do Sagrado: ritos centro-africanos e a construção da religiosidade afro-brasileira no Rio de Janeiro do Oitocentos”. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2644743733811599  

Ivana Stolze Lima é Doutora em História pela UFF e pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa.  Uma das organizadoras de “Diáspora mina: africanos entre o Golfo do Benim e o Brasil” (2020), dentre outros. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5955973975215372 

Os debatedores:

Luciana Lúcia da Silva é doutoranda em História Social pelo Programa de Pós-Graduação em História Social (PPGHIS) da UFRJ. Sua pesquisa é voltada para a África Centro-Ocidental entre o século XVI e início do XVII, com ênfase na história do Ndongo e na agência local diante das relações desenvolvidas a partir dos contatos atlânticos. Graduou-se e obteve o título de Mestre pela mesma instituição, com a dissertação intitulada “O Ndongo e a presença portuguesa: indícios da agência mbundu na relação com os portugueses, século XVI” (2019).

Júnia Torres é antropóloga e documentarista, é doutora em Antropologia Social pela UFMG. Compõe a equipe de organização do forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte. Como realizadora dirigiu os longas: “O Jucá da Volta” (co-direção: Antônio Bispo dos Santos/Nêgo Bispo); “Nos olhos de Mariquinha” (co-direção:Cláudia Mesquita), “Um olhar sobre os quilombos no Brasil”; “Aqui favela, o rap representa” (co-direção: Rodrigo Siqueira), “A Rainha Nzinga Chegou” (co-direção Isabel Casimira). Curadora, junto a Daniel Munduruku, do Círculo de Saberes Indígenas Mekukradjá, realizado em oito edições anuais pelo Instituto Itaú Cultural. Idealizou e produz, desde 2020, a mostra Cinemas de Autoria Indígena pelo CineSesc SP. É organizadora da coletânea Cosmologias da Imagem (ed. Filmes de Quintal). Seu filme “A Rainha Nzinga Chegou” recebeu os prêmios: Melhor longa metragem na III Mostra de Cinema Negro Adélia Sampaio; Prêmio Especial do Júri no XV Panorama Internacional de Cinema da Bahia; Menção Honrosa no Prêmio Pierre Verger, Associação Brasileira de Antropologia.

Quiprocó Filmes:

A Quiprocó Filmes é uma produtora audiovisual independente, sediada no Rio de Janeiro, que busca provocar mudanças através de um olhar inquieto. Criamos imagens atentas às histórias, emoções e afetos, a partir de diferentes vozes, transformando a maneira que as pessoas vêem suas próprias vidas e os diferentes elementos da nossa cultura. Criamos conteúdo para Cinema, TV e streaming. Produzimos conteúdo publicitário e institucional para organizações e empresas. Realizamos oficinas audiovisuais em parceria com instituições da sociedade civil.

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