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As recentes mudanças nas políticas da Meta Platforms, que envolveram substituições controversas de termos relacionados à comunidade LGBTQIA+, geraram preocupação entre especialistas em saúde mental e direitos civis. A substituição de palavras como “orgulho” por “arco-íris” e “transgênero” por “algodão doce” foi apontada como um retrocesso no campo da inclusão e um estímulo à perpetuação de preconceitos historicamente enraizados.
O psicanalista e sexólogo Dr. Frederick Parreira alerta que essas medidas reforçam imaginários sociais conservadores, associando orientações sexuais a condições passíveis de cura, o que pode agravar discriminações. Para ele, “a ausência de uma moderação adequada torna as plataformas cúmplices de práticas discriminatórias e autoritárias, violando a dignidade e os direitos fundamentais de muitas pessoas.”
No campo jurídico, o advogado Breno Cesar de Mello, doutorando em Direito Civil pela UERJ, destaca que o Marco Civil da Internet não obriga as plataformas a moderarem ativamente conteúdos ofensivos, criando lacunas para o aumento da discriminação. Ele enfatiza que práticas de autorregulação e maior transparência são indispensáveis para combater a desinformação e limitar a propagação de discursos de ódio.
Em seus estudos sobre democracia e tecnologia, Breno defende a criação de ferramentas robustas para impedir a manipulação digital e o fortalecimento de bolhas informacionais que amplificam desigualdades sociais. Além disso, ressalta a necessidade de normas claras nos termos de uso das plataformas, protegendo grupos vulneráveis e assegurando um ambiente digital seguro.
As redes sociais, como a Meta, carregam a responsabilidade de promover justiça social e proteger os direitos fundamentais dos usuários. Especialistas apontam que flexibilizar políticas de moderação abre espaço para a disseminação de ódio, prejudicando a saúde mental e a segurança dos internautas.
A criação de um ambiente virtual respeitoso, inclusivo e comprometido com a equidade social depende de ações regulatórias eficazes e de uma postura ética das grandes empresas de tecnologia. Mais do que um espaço de convivência digital, as redes sociais devem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.