A segunda edição da mostra “Movimentos de Solo” ocupa o Espaço Cultural Sergio Porto às quartas-feiras de março a maio. Depois de uma primeira edição com 16 solos em janeiro de 2024, a mostra retorna com uma proposta singular, marcando posição na programação da cidade: em vez de concentrar várias peças num período curto, ela se estende por três meses, com espetáculos de teatro e de dança e apresentações de processos criativos às quartas-feiras no Espaço Cultural Municipal Sergio Porto.
Com essa dinâmica singular, a mostra marca posição na programação da cidade: em vez de concentrar várias peças num período curto, ela se estende por três meses, com apresentações semanais de espetáculos e processos criativos.
Essa é uma iniciativa independente. Sem patrocínio ou qualquer apoio financeiro, a mostra acontece pela colaboração mútua entre as artistas, técnicas e equipes de cada criação.
Todas as sessões contam com interpretação em LIBRAS por Cláudia Chelque, apoiadora da mostra.
“Uma Carta Para Lady Macbeth: work in progress” abre a mostra com duas apresentações: 12 e 19 de março, às 19h30
Uma carta para Lady Macbeth investiga a personagem de Shakespeare, considerada “cruelmente ambiciosa” e manipuladora. Inspirado pela personagem, este espetáculo/processo propõe interrogações sobre o universo feminino. Lady Macbeth é uma mulher alfabetizada (quantas o eram, em sua época?), corajosa, criativa, autêntica, e que, ao contrário de suas contemporâneas, age e faz. Coisa destinada aos homens. Uma mulher decidida, pensante, e que, ao agir “como um homem”, enlouquece pela culpa e pelo abandono. A personagem tem sido analisada pelos teóricos como sem dimensão, complexidade ou progressão. De fato, a peça de Shakespeare sugere alguns aspectos de Lady – seu papel de esposa, rainha e cúmplice – mas não desenvolve os elementos que a levam à loucura e à morte.Talvez, depois de Julieta, ela seja a personagem feminina mais conhecida do dramaturgo inglês. Tanto que, quatrocentos anos depois, cá estamos, nos debruçando sobre ela, perseguindo “pistas” que estão no texto e no subtexto de Shakespeare. Essa é a nossa carta para Lady Macbeth.
Próximos espetáculos
O céu provoca o espírito trágico: uma peça-escritura (processo)
Com Ana Schaefer – 26 de março às 16h
Ana Schaefer apresenta uma palestra-performance sobre a criação do espetáculo “O céu provoca o espírito trágico”. A peça, que atualmente é seu objeto de mestrado no PPGAC-UFRJ, é um convite para um mergulho dentro de um caderno/diário, por meio do qual uma mulher artista compartilha seu particular rizoma de escrita. Transitando entre referências da literatura e das artes cênicas, Ana compartilhará esse processo, que será seguido por uma roda de conversa com pesquisadoras e artistas convidadas.
O verbo é ir
Com Soraya Ravenle e Maria Clara Vale – 2 e 9 de abril às 19h30
Uma carta do jornalista e cineasta Geneton Moraes Netto para sua entao namorada e futura companheira Beth Passi, em 1981 recebe melodia de Soraya em diálogo com Azullllllll e arranjo de Maria Clara Valle para voz e violoncello. A partir desse gesto, com a colaboração na direção e dramaturgia da cena de Laura Sammy, a cena se compõe num diálogo entre duas mulheres, seus rastros, silêncios, memórias, sua música em eterno movimento: “tudo o que é grande e forte é nômade” se torna a frase que desenha essa nova carta endereçada a quem puder ouvi-la.
Disco-inferno
Com Tracy Segall – 16 e 23 de abril às 19h30
Disco-inferno é uma leitura-performance. Em cena, a atriz cercada pelos vestidos originais dos anos 70 que pertenceram a mãe agora com Alzheimer, narra a curiosa mistura de uma doença degenerativa com um ambiente charmoso e pop de discotecas dos anos 80, matinês de carnaval cariocas e piscinas dos subúrbios classe média de Los Angeles. A intervenção de um baterista em cena a pontuar os tempos distintos, diferentes vozes. O encontro com o que se perdeu, uma versão dela, ou várias versões delas, se constroem e se desmontam nessa fala dialógica, pontuada com humor, ensaística por vezes, sobre esse apagamento. Disco-Inferno expõe o que resta debaixo do verniz civilizatório quando as memórias que nos constituem se esfacelem.
Solo um aprendizado (processo)
Com Ludmila Rosa – 30 de abril às 16h
Apresentação do processo criativo do espetáculo Solo Um Aprendizado. Livremente inspirado no romance Uma aprendizagem ou O Livro dos prazeres, de Clarice Lispector e nos escritos de Tim Etchells, Airton Krenak, Emanuele Coccia, entre outros. Uma mulher chega em casa depois de um dia de trabalho e se arruma para um encontro com uma pessoa que prometeu ensiná-la a viver sem sofrer. Desconfiada e curiosa, ela passa por um ritual de enfeitar-se para o outro. Mas que outro? A perspectiva desse encontro aciona uma aventura que questiona o próprio eu e as relações estabelecidas com o mundo em que vivemos.
Acompanhe a programação da mostra “Movimentos de Solo”:
https://trilhasdacena.com.br/iniciativas/movimentos-de-solo/