Em 2023, a Cia Bagagem Ilimitada comemora oito anos de existência com muitos motivos para celebrar. O espetáculo “Furdunço do Fiofó do Judas – Uma Opereta Popular Apimentada por Marinês”, completou três temporadas de sucesso no Rio de Janeiro, sendo a última realizada no já saudoso Teatro Maison de France, no Centro. Assistida por mais de três mil pessoas, o musical foi indicado ao Prêmio de Humor – idealizado por Fábio Porchat – nas categorias de Melhor Peça, Melhor Texto e na categoria Especial pela introdução do repertório musical da cantora Marinês à dramaturgia, vencendo como melhor dramaturgia em 2020.
O enredo, carregado de brasilidade, viaja até o interior do Nordeste para contar a história de quatro mulheres, Adelina, Antônia, Francisca e Gumercinda, prostitutas e donas de um bordel que recebem a visita de um forasteiro que vai abalar as estruturas do cabaré. Elas só não desconfiam que o sargento Malaquias de Jesus é o próprio Diabo, que aparece para roubar o coração das moças!
Tais situações são apresentadas de maneira leve e cheia de borogodó, evocando o melhor da tradição teatral e cultural nordestina, onde o público vai reconhecer a exaltação à força da mulher batalhadora, os “quiproquós” e reviravoltas divertidíssimas. E a velha peleja entre o Coisa Ruim e Deus, que aqui no espetáculo é mulher e interpretada pela premiada atriz Vilma Melo, em uma Toda-Poderosa participação afetiva.
Para apimentar essa receita, PV Israel e Jacyara de Carvalho, intérpretes e responsáveis pela dramaturgia, resgataram o pioneirismo e o humor de canções imortalizadas na voz da pernambucana Marinês, a Rainha do Xaxado. Falecida em 2007, a cantora e compositora foi a primeira mulher a liderar uma banda de forró (Marinês e sua gente) e estourou em todo o país com a música “Peba na pimenta”, recheada de duplo sentido. Esta e outras 23 canções gravadas por Marinês aparecem não como uma homenagem biográfica, mas para dar mais malícia à história passada em Fiofó do Judas.
“A opereta é um desdobramento da ópera para o público popular. Como a gente tem uma opereta, que já é popular, mais popular ainda? Temos como suporte essa possibilidade de embarcar em todos aqueles assuntos que agrada a essa camada dita popular, que os faz rir, que está na ordem do dia, na ordem do dia-a-dia, que faz o trabalho leve, faz a vida respirar melhor”, conta Jefferson Almeida, intérprete de Malaquias e também diretor do espetáculo.
Sob a batuta da diretora musical Deborah Cecília, o elenco vai fazer o público se mexer na cadeira ao som de muito xaxado e baião. Furdunço do Fiofó do Judas é um espetáculo leve e divertido, que aborda temas relevantes sem deixar de fazer rir.
“Subjetivamente e culturalmente, trazer o Nordeste para cá – uma pequena cidade fictícia e o que acontece nela – é falar do nosso Brasil, falar de um lugar que ainda está à margem, em várias camadas. Trazer mulheres como protagonistas, prostitutas… Por mais que leve que seja, estamos falando disso: de pessoas que precisam ser vistas. E valorizadas pelo que fazem. O teatro feito no seu mais simples que é era uma vez uma história de mulheres que vencem através da sua autoestima”, comenta Jacyara.
SERVIÇO:
FURDUNÇO DO FIOFÓ DO JUDAS
Local: Teatro Claro Rio – Rua Siqueira Campos, 143 – 2º piso – Copacabana.
Data: 18 de janeiro (quarta-feira)
Horário: 19h30.
Ingresso: R$ 50,00 (plateia e frisa) R$ R$ 40,00 (balcão)
Capacidade: 659 lugares
Duração: 90 Min.
Classificação: 16 anos.