“Onde vivem os bárbaros” estreia no Teatro Glaucio Gill

Texto do premiado autor chileno Pablo Manzi ganha montagem inédita com direção de Patrick Sampaio

por Redação
Onde vivem os bárbaros

Integrando a programação de reabertura do Teatro Glaucio Gill, o espetáculo “Onde vivem os bárbaros”, com adaptação inédita e direção de Patrick Sampaio, marca o retorno do coletivo Brecha ao circuito comercial de teatros, após 11 anos. A montagem leva ao palco a dramaturgia crítica do premiado autor chileno Pablo Manzi, um estudo sobre a branquitude que investiga o medo e a naturalização da violência. Na trama, um jantar se transforma em um jogo de tensão e desconfiança que expõe os limites da suposta civilidade dos membros da família. A peça fica em cartaz de 8 a 31 de março.

A história se passa em uma noite na casa de Roberta, diretora de uma empresa que atua em países em conflito. Dias depois do homicídio de uma jovem, Roberta recebe primos que não vê há 10 anos para jantar. A reunião é interrompida por um telefonema. Uma voz do outro lado anuncia: um plano de vingança está em curso. O alvo? Roberta e sua família. De quem é a culpa? Isso importa? O que o medo revela em nós? Somos civilizados? O que era para ser um jantar tranquilo se transforma em uma comédia de erros terrível. Em cena estão Caio Riscado, Isadora Cecatto, Joana Kannenberg, Julia Horta e Patrick Sampaio.

O retorno do Brecha

Há 17 anos nascia o Brecha Coletivo (hoje Brecha Criações), como um grupo de pesquisa e criação artística interdisciplinar que desenvolve projetos nas áreas do audiovisual, teatro, intervenções urbanas e performance. Depois de alguns anos com passagens pelos principais teatros do país e também incursões internacionais, o grupo passou a atuar fora do circuito comercial.

Por um movimento natural de expansão e diversificação de interesses, o coletivo passou a explorar outros formatos de diálogo com o público, incluindo a ocupação de casas ociosas com performances, filmes experimentais e “happenings”. Neste período, o Brecha participou de festivais e residências artísticas nacionais e internacionais, além de desenvolver metodologias inovadoras de criação coletiva em performance, criando o “LABo Artes Performativas”, um braço de formação que hoje desponta como escola referência em artes, com sede em Botafogo.

Segundo o diretor, o encontro com a dramaturgia de Pablo Manzi foi determinante para a volta aos palcos: “É o primeiro texto que montamos que não foi criado em processo colaborativo. Quando li pela primeira vez, entrei em contato com algo que não sentia há muito tempo e que não sei como nomear. Então apresentei o texto às pessoas com quem estava pesquisando na época, no LABo, que hoje é o elenco da peça, e os olhos de todos também brilharam”, lembra. O grupo então realizou duas leituras dramatizadas em 2024, recebendo resposta positiva, o que incentivou a montagem. “Sem dúvidas, o teatro é um meio de debate público e as salas cênicas nos permitem o diálogo em uma escala maior do que a que vínhamos trabalhando”, revela Patrick.

Mantendo seu compromisso com a pesquisa estética e com os debates  sociais contemporâneos, o grupo segue usando a cena como espaço de experimentação e encontro, friccionando fronteiras entre linguagens, e agora, também entre os teatros chileno e brasileiro. O diretor sugere que o momento também é oportuno: “a peça fala desta dificuldade em deixar espaços abertos, não preenchidos, do ódio às perguntas sem respostas, sempre aniquiladas pela resistência em assumir o ‘não sei’. Vivemos um momento histórico em que, mais uma vez, a violência e a aniquilação dos diferentes são vendidos como soluções rápidas para problemas complexos”, conclui.

Adaptação inédita

No texto original de Pablo Manzi, a realidade chilena é posta à mesa com as especificidades do contexto em que foi escrita. Na adaptação de Patrick Sampaio, a trama é transportada para o Brasil, ressignificando personagens e particularizando eventos históricos para que dialoguem diretamente com a formação do país e suas tensões político-sociais. Com humor ácido, o texto vai além de apontar críticas apenas para alvos distantes: Pablo coloca um espelho diante de si e o Brecha segue este caminho, convocando a atenção para as próprias contradições.

Pablo Manzi

Com obras de sucesso em todo o Chile, nos últimos anos, o autor realizou apresentações em festivais no Japão, Itália, Holanda, Peru, Alemanha, Espanha, México, Bélgica, EUA e Suécia. Recebeu o Prêmio da Organização Chilena de Crítica de Arte, o Prêmio do Município de Santiago e o Prêmio do Conselho Chileno de Artes e Cultura, todos na categoria de Melhor Dramaturgia.

SERVIÇO

FICHA TÉCNICA

  • Texto Original: Pablo Manzi
  • Direção e Adaptação: Patrick Sampaio
  • Criação e Atuação: Caio Riscado, Isadora Cecatto, Joana Kannenberg, Júlia Horta e Patrick Sampaio
  • Cenário: Tainá Medina
  • Figurinos: Isadora Amorim e Paloma Borges
  • Iluminação: Lara Cunha
  • Trilha Sonora: Frederico Santiago
  • Assistência de Direção: Thami Amarante
  • Direção de Produção: Katerina Amsler
  • Produção Executiva: Alice Botelho
  • Produtora Associada: Paula Furtado
  • Adereços: Nando Arruda
  • Cenotécnica: Luiza Toscano
  • Costureira: Ateliê Selma Maria
  • Operação de Luz: Giulia Sant’Anna
  • Operação de Som: Frederico Santiago
  • Fotos: Isadora Relvas e Philipp Lavra
  • Design Gráfico: André Senna
  • Assessoria de Imprensa: Marcella Freire – Mar Comunicação
  • Realização: Brecha Criações
  • Co-realização: LABo Artes Performativas

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