“Ora Bolas – Clarinha e Suas Histórias”, que vai de encontro com a maravilhosa tradição oral dos contadores de histórias espalhados pelo Brasil, quando, a partir de três histórias do escritor pernambucano Gilvan Balbino: “O Papa Figo”, “Mudança Surpresa Minha” e “A Menina e o Dragão”, a personagem Clarinha passa por temas e questões importantes da infância.
Amizade, medos, inseguranças, inveja, ciúme, construção de caráter e muita fantasia. Essas histórias ganham corpo, alma e vida em uma encenação que leva a plateia para um mundo de sonhos pelo olhar lúdico das crianças e suas imaginações, e realiza circulação em espaços do Sesc RJ no mês de junho.
Segundo a atriz Fernanda Nunes, Clarinha é uma criança que evidencia a humanidade das crianças – não é perfeita, princesa ou heroína, tampouco fechada ou ‘quadradinha’. Ela expõe suas fragilidades, fraquezas, forças e potências, e leva o público a se identificar com esse realismo de sua personalidade. “A gente mostra os egoísmos, a tristeza de uma criança, os medos, mas também formas de se enfrentar tudo isso. Clarinha tem tudo que uma criança realmente tem e isso faz dela uma menina incrível”, aponta a atriz e fundadora da Companhia, Fernanda Nunes.
Contemplado no Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar e produzido pela Companhia Maria Emília, “Ora Bolas – Clarinha e Suas Histórias” segue o caminho das lendas e das histórias clássicas que tanto encantam as crianças e adultos de todas as idades. Sem fugir da regra de “quem conta um conto aumenta um ponto”, o público é convidado a acompanhar a saga de Clarinha, numa jornada de aventuras que vão da cozinha de sua casa a um reino nem tão encantado.
“Propomos um olhar fantástico e convidamos o público a entrar aos poucos em um grande mundo de fantasia a partir das formas, do cenário, do figurino e das cores. Isso vai acontecendo de forma sutil, mas com uma grande transformação”, explica Fernanda.
“A gente espera mesmo é que o público se divirta, dos zero aos 100 anos. Que possam, por uma horinha, desligar do que estão fazendo, esse cotidiano frenético, e se divertir pensando na importância das histórias para a nossa juventude”, complementa a atriz Isadora Bellini, também criadora da Companhia.
Segundo ela, a Companhia percebeu que as pessoas estão voltando a ter vontade de estimular a imaginação das crianças – cada vez mais engessadas em conteúdos com pouco ou nenhum estímulo intelectual – e esse vislumbre de novas possibilidades é vivido intensamente pela personagem Clarinha na apresentação.
“As histórias constroem o imaginário cultural coletivo e estão se perdendo cada vez mais. Vemos um cenário em que a educação e a cultura sofrem com restrições severas, e queremos que as pessoas consigam imaginar novos mundos, novas possibilidades através de uma encenação lúdica”, conta Isadora.
Crítica Dib Carneiro Neto
Em 2022, o jornalista, dramaturgo e crítico teatral Dib Carneiro Neto teceu uma crítica sobre o espetáculo “Ora Bolas – Clarinha e Suas Histórias”, que realizou apresentação na 44ª edição do Festival Nacional de Teatro, em Pindamonhangaba (SP). No texto, ele enaltece a energia das três atrizes que formam a Companhia Maria Emília – Fernanda Nunes, Isadora Bellini e Larissa Garcia.
“As três atrizes demonstraram ter talento e inteligência cênica suficientes para manter a alta qualidade do espetáculo do início ao fim, sem ‘barrigas’, sem cansaços, sem vacilos. Que trio incrível e bem entrosado”, escreveu o crítico.
“Tudo é acerto nesta atração que nasceu na pandemia e agora ganha os palcos com muita maturidade e domínio técnico. Inúmeros espetáculos de narração de histórias
ocuparam as telinhas no tempo triste de isolamento sanitário. É um formato que se adapta bem às multitelas. Fácil de resolver. Mas poucos chegaram a esse nível de excelência alcançada aqui pela Cia. Maria Emília”, completa o jornalista e dramaturgo.
Na sua crítica, Dib Carneiro ainda reforça a importância de trazer à cena artimanhas de contação de histórias tradicionais e de se ter linearidade para trazer informações ao público, sem perder o raciocínio.
“Um dos lances mais legais da concepção cênica do livro foi manter o ‘Era uma vez’ – tão importante para a formação do imaginário infantil. Contar uma história de forma linear, com começo, meio e fim. Ao lado disso, há espaço também para subverter a linearidade, ou seja, começar a segunda história pelo meio, surpreendendo a todos. Como isso é rico para as crianças, nesta fase de iniciação à linguagem do teatro”, celebra Carneiro Neto.
Ele também acha acertada a estratégia de todas as três atrizes interpretarem a protagonista Clarinha, uma em cada história. Segundo ele, as crianças brincam exatamente assim em casa: revezando-se nos papéis que inventam e recriam.
“Não posso ainda deixar de citar que há, nessa peça infantil, uma preocupação em atrair também os adultos, com um humor ora mais debochado ora mais sofisticado. Afinal, a criança é sempre conduzida ao teatro pelos adultos – e esses precisam também se interessar pela peça e se divertir ao lado de seus pequenos rebentos. Ora Bolas, Clarinha e Suas Histórias é atraente para toda a família. Vida longa!”, finaliza o texto publicado pelo Movimento Cultural de Pinda.
A Companhia
A Companhia Maria Emília nasceu do desejo das atrizes Fernanda Nunes, Isadora Bellini e Larissa Garcia em contar histórias e construir novos imaginários por meio das palavras, sempre respeitando e valorizando a sensibilidade do público. No ano de 2020, iniciaram o processo de seu primeiro espetáculo para a infância: “Ora Bolas – Clarinha e suas histórias”.
O espetáculo integrou a programação de 10 (dez) festivais de teatro em São Paulo e Minas Gerais, fez curta temporada no Centro Cultural FIESP/SESI, em 2023, participou do Circuito Municipal de Cultura de São Paulo, também no ano de 2023, da Virada Cultural de São Paulo em 2024 e, recentemente, foi selecionado pelo Edital Sesc Pulsar para circulação no Rio de Janeiro em 2025.
SERVIÇOS:
Espetáculo Ora Bolas – Clarinha e suas histórias
- 15 de junho
- Sesc Ramos – R. Teixeira Franco, 38 – Ramos, Rio de Janeiro
- Ingressos: Comerciário e dependentes – R$5 | Convênio – R$7,50 | Meia-entrada – R$7,50 | Inteira – R$15 | PCG – Gratuito
- Teatro com 60 lugares
