Qualquer semelhança não é mera coincidência. O livro Os Bruzundangas, de Lima Barreto, não poderia ser mais atual: fala de um lugar onde o que não falta é corrupção, nepotismo e outras coisitas mais, digamos assim. O que se vê no palco é uma integração entre atores que dançam, interpretam canções originais e brincam, ou melhor, fazem a plateia pensar quando perguntam a respeito de uma mudança na nossa constituição. E as respostas são bem variadas. Alguns acham que ela está ultrapassada e outros que o problema é a falta de comprometimento com as leis, na maioria das vezes não cumpridas.
Os Bruzundangas é considerada uma comédia, mas durante quase uma hora e meia faz os espectadores refletirem sobre a nossa política, inclusive com a polarização dos últimos tempos. Num dos trechos do livro leia: “A primeira cousa que um político de lá pensa, quando se guinda às altas posições, é supor que é de carne e sangue diferente do resto da população”.
A peça, de mesmo nome, em cartaz no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, de quinta a domingo, é uma adaptação de Renato Carrera, que também atua e dirige ao lado de Dani Ornellas. Além dos dois, integram o elenco Hugo Germano e Jean Marcel Gatti. O escritor, muito reverenciado, nasceu em 13 de maio de 1881 e a peça também é uma homenagem a ele que nos brindou com tantos textos excepcionais.
“Com Os Bruzundangas saudamos a história do Teatro Nacional por meio da literatura. A palavra toma vida através de um corpo debochado, sambado, descontraído e cantado. Para onde vamos? Em quem votaremos? Com quem estaremos? Para nós, a vida continua através desta reflexão coletiva e artístico. Qual foi o último livro que você leu?” diz Renato. O espetáculo entra em sua última semana no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro do Rio. A peça poderá ser vista de quinta a sábado às 19h e domingo às 18h. Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), pela bilheteria ou no site bb.com.br/cultura. Vale conferir!!!