“Pandemônio” estreia no Teatro Poeirinha, em uma atmosfera distópica (talvez não tão distópica assim)

por Redação
Pandemônio

Em um futuro próximo onde a intolerância assume o poder, artistas, professores, políticos e religiosos contrários ao Novo Regime são perseguidos e executados sem possibilidade de defesa. A atriz Kika (Jessica Marques) e o pastor Anton (Pedro Carvalho) se encontram refugiados há meses em um bunker. Logo na primeira cena os dois são encontrados e morrem. Por que estavam lá? O que fizeram? Como foi que tudo começou?

Numa narrativa que vai de trás para frente, como se viu em clássicos do cinema como “Irreversível” (2002) e “Amnésia” (2000), o público vai desvendando os acontecimentos passados ao longo de “Pandemônio”, peça que estreia dia 01 de agosto no Teatro Poeirinha, em Botafogo. Através dessa convivência inusitada e intensa entre uma atriz e um pastor, são colocados em xeque ideais, medos, sonhos e, sobretudo, verdades. “Pandemônio”, com texto do aclamado autor de novelas Alessandro Marson, sob a direção de Breno Sanches, vem sendo idealizada faz tempo. 

“Escrevi a primeira versão do texto há dez anos”, relembra Marson. “Inicialmente, a peça tinha um elenco maior e um texto mais prolixo e teórico. Porém, após revisões, percebi que precisava de um foco mais aguçado. A narrativa explora a hipótese de um regime autoritário dominado por uma ideologia religiosa ultraconservadora.” O contexto atual, com uma tentativa de golpe de estado de grupos extremistas e uma pandemia global, reavivou o interesse pela peça. “Durante a pandemia, um amigo ator estava explorando leituras online e me pediu um texto inédito, então eu decidi revisitar “Pandemônio”. Vi nisso uma oportunidade de transformar o texto, adaptando-o para dois personagens principais. Essa nova abordagem deu clareza ao que eu queria expressar.”

O grande desafio era escrever um espetáculo fora da ordem convencional. “Ao contar uma história de trás para frente, é crucial revelar desde o início o destino dos personagens. Isso exige uma construção cuidadosa para garantir que o impacto final seja potente”, diz Marson, que escreveu sucessos como “Novo Mundo” (2017) e “Nos Tempos do Imperador” (2021) e “Elas por Elas” (2024).

Esse desafio do dramaturgo se estende à direção, com o cuidado que Breno teve em criar um universo distópico que transcende fronteiras nacionais. “Este porão, onde a história se desenrola, poderia ser qualquer lugar. Reflete preocupações universais e atemporais, abordando temas que ressoam em diferentes épocas e culturas”, comenta Sanches.

Sucesso aos olhos da crítica e do público na nova temporada da minissérie “Justiça 2”, a atriz Jessica Marques enxerga heroísmo em sua personagem, uma atriz apaixonada pelo teatro que olha com temor os desafios de um regime religioso opressivo. “Kika é uma mulher sem papas na língua, sedutora, alto astral. Sem dúvidas ela é defensora dos direitos humanos, odeia qualquer tipo de preconceito e discriminação. É totalmente desbocada, implicante e inconsequente”, diz Jéssica.

Convocado para viver um pregador que jamais duvida de sua fé, mas questiona os métodos como a religião é empregada, Pedro Carvalho, ator com duas décadas de carreira em Portugal, tem em “Pandemônio” seu primeiro trabalho nos palcos brasileiros. “Fiquei completamente apaixonado, por “Pandemônio”, que é um texto muito necessário. Não é texto panfletário, mas consegue tocar na ferida, ao falar de um pastor evangélico e uma atriz lésbica, obrigados a viverem em um bunker. É uma realidade que poderia ser nos dias de hoje”, diz Carvalho.

Autor de sucessos teatrais como “Malvadas – Tudo sobre Sharon, Sheila e Shirley” e “Dez Encontros”, Marson destaca as especificidades de escrever para a TV e para o palco, onde um texto como “Pandemônio” requer liberdade formal e ousadia. “Escrever para televisão e para teatro são processos totalmente diferentes. Sempre que escrevo para teatro penso muito na presença do público diante dos atores. No teatro não tem edição de imagem”, explica Marson. “É este o fascínio do teatro”.

Serviço

“Pandemônio”

  • Local: Teatro Poeirinha
  • Endereço: R. São João Batista, 104 – Botafogo
  • Data: Estreia dia 01 de agosto. Temporada até 01 de setembro
  • Horário: Quinta, Sexta e Sábado às 20h00, Domingo às 19h00
  • Preço: R$ 35,00 (meia) / R$ 70,00 (inteira)
  • Link para compra: https://bileto.sympla.com.br/event/96245 

Ficha técnica

  • Dramaturgia: Alessandro Marson
  • Direção: Breno Sanches
  • Elenco: Jessica Marques e Pedro Carvalho
  • Direção de Movimento: Toni Rodrigues
  • Trilha Sonora: Marcello H
  • Preparação Vocal: Junio Duarte
  • Cenografia: Alice Cruz
  • Figurino: Bruno Perlatto
  • Iluminação: Ana Luzia de Simoni
  • Visagista Maquiador: Diego Nardes
  • Dreadmaker: Lucas Tetteo
  • Designer Gráfico: Ludmila Valente
  • Fotos de Divulgação: Renata Duarte
  • Assistência de Fotografia: Santiago Harte
  • Fotografia do Espetáculo: Aralume Fotografia
  • Produção Executiva: Rita Dias
  • Direção de Produção: Diogo Cardoso
  • Produção: Kaziken Produções
  • Assessoria de imprensa: Andrea Pessôa

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