Patrícia Guerreiro, a artista que denuncia o caos do mundo atual

por Sarah Santana
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“Marcas no corpo, cicatriz na alma” é uma frase de autoria da artista plástica carioca Patrícia Guerreiro que exprime o sentido do seu trabalho e de sua arte.
Suas produções artísticas provém de pesquisas sobre as pessoas, as violências cometidas sobre os corpos e algumas de suas consequências.

Ao longo da proposta de seu trabalho, a artista evidencia que a domesticação e a normatização do corpo feminino podem ser reconhecidas como uma estratégia consideravelmente durável e flexível de controle social, tendo também uma função ideológica, que pode ser vista como uma das muitas formas de violência.

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Expondo uma instalação usando arame farpado banhado a ouro, Patrícia conscientiza o público sobre o mundo farpado em que vivemos, a segregação gerada por ele e o consequente desinteresse pelo que está além dele e o descaso pela vida. Mas também traz a ideia de que mesmo com essa segregação, o ser humano ainda é capaz de acolhimento.


“A curiosidade por pessoas, suas dores, conflitos, crenças e histórias sempre foram combustível para a minha arte. O concreto desconstruindo, o ferro e o arame farpado traduzem segregação, separação, imposição dos limites e a ferida que dói. A transmutação para a leveza vem do ouro e das pedras preciosas. Uma linha tênue entre a dor e o acolhedor.”

Um dos temas abordados por Patrícia é a dignidade menstrual. Um tema atual, primordial e polêmico. Em meio a um estudo sobre essa realidade desoladora, Patrícia usou a sua arte para provocar um pensamento coletivo sobre a pobreza menstrual e suas consequências para a sociedade.

Dados da Unicef mostram que, no Brasil, mais de 700 mil meninas vivem sem acesso à banheiro e chuveiro em casa; mais de 4 milhões de meninas não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas.

Dignidade: Substantivo feminino. No dicionário, “ação de respeitar os próprios valores; amor-próprio ou decência”.
Dignidade menstrual: Um direito a mais que deveria pertencer a todas as mulheres, no entanto a realidade é oposta.

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“Na intenção de mostrar de forma crua e sem meias palavras, utilizei o arame farpado como material que transmite de forma objetiva a dificuldade de acesso que atinge milhares de mulheres jovens e adultas no Brasil e no mundo”, explica Patricia.
No meio de cubo de arame farpado vermelho um elemento crucial: o absorvente que, unido à palavra dignidade, completa a peça.

Com “Dignidade” a artista busca contribuir para o amplo questionamento sobre o assunto que afeta cruelmente meninas em formação e já massacradas pela vida. Afinal, o que a sociedade pode esperar dessas meninas?

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“Eu conto histórias em cada peça que esculpo. Retrato dores, sentimentos e receios que se transformam no meu ser artístico. Um processo tão atávico e visceral que na maioria das vezes não consigo dizer como e onde a obra começou”, explica a artista carioca.

Em setembro Patrícia foi convidada a fazer uma instalação do arame farpado, que trará assuntos bem atuais.

Até lá podemos apreciará sua arte em seu Instagram

https://instagram.com/patriciaguerreiroarte


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