Peça “Desabamentos”, com Eliane Costa e Damiana Inês, estreia no Sesc Copacabana

por Redação
Eliane Costa e Damiana Inês

Durante a pandemia, a atriz e autora Eliane Costa viu o mundo desabar, como tantos, desenvolveu aquela sensação constante de finitude. Impulsionada pelo desejo de escrever sobre os sentimentos originados naquele período, além de temas urgentes como feminicídio, desigualdade entre mulheres brancas e pretas, diferenças entre mulheres de classes sociais distintas e decadência da aristocracia, Eliane escreveu três textos que compõem a peça “Desabamentos”. Com direção de Denise Stutz, a montagem estreia em 1º de junho no Mezanino do Sesc Copacabana, com sessões de quinta a domingo, às 20h30. No elenco estão a própria Eliane e Damiana Inês. O espetáculo “Desabamentos” foi selecionado através do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar 22/23.

A peça é composta por três histórias independentes, mas com uma ligação entre elas: os diferentes tipos de desabamento – no sentido de ruína de uma sociedade – a partir de vozes femininas. Eliane Costa e Damiana Inês encenam cada uma um solo, e estão juntas em um terceiro. “Escrevi os três textos durante pandemia. A morte estava presente de maneira intensa, e isso se manifesta nas histórias. Os textos têm algum tipo de desabamento. O mundo está ruindo, está acabando, mas há uma nova potência surgindo”, diz Eliane, que teve sua estreia como autora com a peça “Cuidado! Animais na pista” (2017).

No texto “Sarvalap” (palavras escrito ao contrário), as atrizes estão juntas em cena, travando um diálogo em que palavras são dissecadas e ganham novos significados. A autora se inspirou em autores como Georges Perec, Gonçalo M. Tavares, Haroldo de Campos e Samuel Beckett. “Queria trabalhar com desconstrução de linguagem. As palavras vão desabando, os seus significados não são definitivos”, diz.

Com Damiana Inês, “Manhã de Carnaval” surgiu a partir de uma imagem do carnaval dos anos 70, na qual uma pessoa fantasiada de caveira transita em meio a foliões. O texto junta a pandemia e o carnaval num mesmo contexto para falar do feminicídio de uma mulher preta. No último texto, “Desabamentos”, Eliane volta à cena. Uma mulher percebe pensamentos desabando de sua cabeça e de seu corpo. Ela vai achando cacos que caem da parede ou dela enquanto faz uma faxina na casa, já que sua empregada doméstica não está trabalhando durante a pandemia. “Essa mulher vai se escavando, vendo a sua desestruturação a partir do seu lugar de mulher branca e decadente, e percebendo a história dela como colonizadora”, diz Denise Stutz.

Denise Stutz – Iniciou seus estudos de dança em Belo Horizonte. Em 1975, junto com outros dez bailarinos fundou o Grupo Corpo. Trabalhou com Lia Rodrigues como bailarina, professora e assistente de direção. Foi professora do curso técnico da Escola Angel Vianna durante seis anos. A partir de 2003, começa a desenvolver seu próprio trabalho solo e se apresenta nas principais capitais do Brasil, além de países como França, Espanha, Portugal, Austrália e do continente africano. Seus três trabalhos solos foram apontados pela crítica do jornal “O Globo” como um dos dez melhores espetáculos apresentados no Rio de Janeiro: “DeCor” (2004), “Finita” (2013) “Entre Ver” (2015). Trabalhou com o diretor Luiz Fernando Carvalho como coreógrafa nas minisséries “Hoje é dia de Maria”, “Capitu” e “Clarice só para mulheres” (TV Globo). Fez parte da equipe para a preparação dos atores da novela “Velho Chico”, também dirigida por Luiz Fernando Carvalho.

Eliane Costa – Atriz há 34 anos, formada pela CAL e Escola de dança Angel Vianna. No teatro, trabalhou em mais de 30 espetáculos com diretores como: Bia Lessa, Cristina Moura, Luiz Arthur Nunes, Jefferson Miranda, Ernesto Piccolo, Tim Rescala, André Paes Leme, João Fonseca, Rubens Camelo, Alexandre Mello, Marcia Cabrita, Stella Miranda, Márcia do Valle, entres outros. Em 1999, foi indicada ao prêmio Shell de melhor atriz por “Tartufo”. De 2017 a 2019, esteve no premiado “Agosto”, com direção de André Paes Leme.  Em 2017, escreveu seu primeiro texto: o solo “Cuidado! Animais na pista”, com direção de Rubens Camelo. Em 2020, apresentou uma versão online no projeto “Em Casa com o SESC”. Na TV, fez a novela “Torre de Babel” e participou de três temporadas de “Malhação”. Em cinema, atuou em “Nise da Silveira – o Coração da Loucura”, de Roberto Berliner; e o curta “Cascudos”, de Igor Barradas. Em 2019, gravou “A Dona da Banca”, minissérie para TV por assinatura ainda sem data de estreia.

Damiana Inês – É sócia diretora da “Bloco Pi Produções e Eventos Culturais”, formada pela Escola Estadual de Teatro Martins Pena (RJ), onde também deu aula de produção cultural por três anos.  Produziu e atuou nos espetáculos “O Tambor dos Pés – Musical de sapateado e danças afros populares”, direção de Valéria Monã e Rozan; “Insubmissa Negra Voz – Conceição Evaristo” (online), direção de Tatiana Tiburcio e Renato Farias; “Agora Já Era – Peça Série” (online), com texto e direção de Joaquim Vicente; “Anjo Negro – Peça Série Metragem”, direção Antonio Quinet; “Solano, Vento Forte Africano” (hibrido), de Solano Trindade, com Elisa Lucinda e Geovana Pires na direção.

Serviço

Espetáculo: “Desabamentos”

  • Temporada: de 1º a 25 de junho de 2023
  • Dias e horários: de quinta a domingo, às 20h30
  • Local: Mezanino do Sesc Copacabana
  • (Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana)
  • Ingressos: R$ 30 (inteira) R$ 15 (meia-entrada)
  • R$ 7,50 (associado do Sesc)
  •  Ingressos são gratuitos para o público PCG
  • (Programa de Comprometimento e Gratuidade do Sesc)
  • Informações: (21) 2547-0156
  • Bilheteria: Horário de funcionamento:
  • Terça a sexta, das 9h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 20h.
  • Classificação indicativa: 12 anos
  • Duração: 65 min.
  • Instagram: @desabamentos

Ficha Técnica: 

  • Idealização e texto: Eliane Costa
  • Direção: Denise Stutz
  • Elenco: Damiana Inês e Eliane Costa
  • Cenógrafa: Mina Quental – Ateliê na Glória
  • Figurinista: Ticiana Passos
  • Desenho de Luz: Tabatta Martins
  • Trilha Sonora: Isadora Medella
  • Assistente de direção: Maria Adélia
  • Assessoria de imprensa: Paula Catunda
  • Direção de Arte: Maria Adélia
  • Voz em Off: Eder Martins de Souza
  • Assistente de cenografia: Alexsander Pereira
  • Assistente e operador de luz: André Martins
  • Operador de som: Diogo Perdigão
  • Fotógrafo: Renato Mangolin
  • Mídia digital: Rafael Gandra
  • Designer visual: André Senna
  • Assistente de produção: Rafael Gandra
  • Direção de produção: Bárbara Montes Claros

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