No início dos anos 1980, durante uma temporada no Rio de Janeiro para um mestrado, a pianista paraense Maria Helena de Andrade acabou adotando a cidade como sua casa. Trouxe para o Sudeste a carreira já estabelecida em seu estado natal, com início precoce: ainda muito criança, ficava atrás da porta escutando a irmã mais velha estudar piano. A estreia não demorou. Subiu ao palco do Theatro da Paz, em Belém, com apenas 6 anos.
Comemorando, assim, sete décadas de carreira, Maria Helena apresenta no dia 9 de junho, às 18h, na Sala Cecília Meireles – Espaço Guiomar Novaes, o concerto de lançamento do seu novo álbum, “Miscelânea Brasileira”.
Como muitos músicos, Maria Helena passou a pandemia dando aulas remotas. Aproveitou o isolamento para conceber e gravar o novo disco, que reúne compositores brasileiros de São Paulo, do Rio de Janeiro e, naturalmente, do Pará. São eles Villa-Lobos, Chiquinha Gonzaga, Guerra-Peixe, Zequinha de Abreu e Osvaldo Lacerda; de seu estado natal, Oriano de Almeida e Waldemar Henrique. “Miscelânea Brasileira” foi gravado na Casa do Choro, em 2021.
“Já tinha tocado peças de Oriano e Henrique, mas não havia gravado esses dois grandes artistas paraenses. Quando estava me formando no Conservatório de Belém, tive a oportunidade de estudar com Oriano de Almeida, que me descortinou um mundo novo de beleza e encantamento. Ele sempre tocava ‘Idílio no Caramanchão’ nas aulas. Muitos anos depois, quando eu já morava no Rio, Oriano me mandou a peça com uma dedicatória”, recorda a pianista.
“Maria Helena selecionou um repertório muito adequado para os dias difíceis que vivemos”, escreve no encarte do álbum o compositor Ricardo Tacuchian, membro da Academia Brasileira de Música e da Academia Brasileira de Arte. “Delicado e bem brasileiro, ele nos redime de nossas angústias e mostra um Brasil que estamos em vias de perder, mas que Maria Helena insiste em preservar. Seu toque é delicado e funde os sons da floresta com os das montanhas e das praias. É uma coletânea que espelha a própria personalidade leve e sensível da intérprete. Aqui o ouvinte não ficará exposto a dramas, dores e angústias porque destes sentimentos a realidade atual já é pródiga. Sua música alivia nossas dores e revive nossos sentimentos de brasilidade”.
Maria Helena de Andrade
Nascida em Belém (Pará), diplomou-se em piano pelo Conservatório Carlos Gomes. Integrou o coral Ettore Bosio, participando de concertos sob a regência de João Bosco da Silva Castro, Waldemar Henrique e Nelson Nilo Hack; e o Duo Pianístico da UFPa. Participou da Rede Nacional da Música (FUNARTE) e publicou “Bach – A Arte da Fuga” e “Beethoven – Obra para Piano a Quatro Mãos”. Aperfeiçoou-se com Oriano de Almeida, Homero de Magalhães e Glória Maria da Fonseca Costa. Mestre em Música pela UFRJ, onde foi aluna de Jacques Klein e Heitor Alimonda, defendeu tese sobre Francisco Mignone. Integra o Duo Pianístico da UFRJ. Exerce intensa atividade como solista e camerista.
Como intérprete, se apresentou em cidades da Europa, América do Sul e América do Norte. Participou do júri de concursos nacionais e internacionais. Atualmente, ensina no Conservatório Brasileiro de Música e é presidente da AEx-PEM/UFRJ e do Instituto Cultural Brasil-Rússia. Atuou com supervisora do Setor Artístico da Escola de Música, diretora artística da Escola de Música da ProArte e do Centro Cultural Francisco Mignone. Lecionou nas Universidades Federais do Rio de Janeiro e do Pará, e na ProArte.
Programa
VILLA-LOBOS
Bachianas Brasileiras n°4: Prelúdio
Saudades das Selvas Brasileiras
Passa, Passa, Gavião
Polichinelo
GUERRA-PEIXE
Primeira Suíte Infantil: Ponteio
Valsa
Choro
Seresta
Axexê
ORIANO DE ALMEIDA
Valsa de Varsóvia
Idílio no Caramanchão
OSVALDO LACERDA
Pequena Canção
Valsinha Brasileira
Homenagem a Scarlatti: Sonata I
Sonata II
WALDEMAR HENRIQUE
Valsinha do Marajó
Chorinho
CHIQUINHA GONZAGA
Lua Branca (Canção)
Gaúcho (O Corta Jaca)
ZEQUINHA DE ABREU
Branca (Valsa)
Pintinhos no Terreiro (Chorinho Sapeca)