Polifônica celebra 10 anos de trajetória com o espetáculo “Eddy – Violência & Metamorfose”

por Waleria de Carvalho
EDDY — violência & metamorfose

Considerado um dos maiores fenômenos literários da última década, o escritor francês Édouard Louis ganha sua primeira adaptação para o teatro brasileiro com a estreia do espetáculo “EDDY — violência & metamorfose”, que, após temporada de sucesso Sesc Copacabana, chega agora ao Teatro Poeira no dia 17 de julho.

Idealizado e produzido pela Polifônica — companhia criada por Julia Lund e Luiz Felipe Reis e que celebra 10 anos em 2025 —, o projeto tem direção compartilhada por Luiz Felipe e Marcelo Grabowsky e uma dramaturgia construída a partir de três livros do premiado escritor: “O Fim de Eddy”, “História da Violência” e “Mudar: Método”.

A proposta, absolutamente original, de reunir em um único espetáculo três contundentes publicações do autor teve o aval caloroso do próprio Édouard Louis. “É a primeira vez que isso será feito no mundo, então, sim, façam isso, realizem esse projeto”, instiga o escritor, que será vivido no palco pelo ator João Côrtes.

O novo espetáculo, que aborda temas urgentes como violência de classe e de gênero, homofobia e xenofobia, dá continuidade e aprofunda uma proposta de reflexão crítica elaborada pela Polifônica a respeito da violência e da dominação masculina nas relações humanas e suas devastadoras consequências.

“Ao longo desses dez anos, buscamos, através de cada trabalho, propor uma reflexão coletiva acerca das consequências da desmedida ânsia masculina por poder, controle, dominação e submissão; sobre como isso produz danos nos mais diferentes corpos — humanos, além de humanos e de toda a Terra —, mas, principalmente, em tudo aquilo que se aproxima ou é identificado como feminino”, elabora o diretor Luiz Felipe Reis. “Meu interesse pela obra do Édouard surge como desdobramento dessa investigação contínua que venho realizando sobre diferentes modos de violência, sobretudo os que constituem o mundo masculino — seu ethos e psiquismo, as regras e normas das sociedades patriarcais e, sobretudo, do regime totalitário do capital sob o qual estamos todos subjugados. Édouard reflete e escreve sobre violência social, política, econômica, cultural, racial, sexual, de gênero, ou seja, sobre inúmeras formas de produção e de circulação da violência, sobre todo um circuito de violência que rege nossos comportamentos e pensamentos, sociais e individuais. Em outras palavras, Édouard descreve com precisão iluminadora os efeitos devastadores das forças de opressão e de destruição que constituem a nós e nossas sociedades contemporâneas. Por isso, sua obra é um alerta e um chamado a encontrar vias de contraposição e de combate a tais forças. Investigar a violência é buscar formas de responder à violência, modos de reagir que questionem e, se possível, transformem as violências naturalizadas que constituem a realidade. É por isso que violência e metamorfose são temas profundamente conectados: as forças de violência, de algum modo, provocam e convocam as forças de transformação. A violência do mundo nos interpela a tomar posição, reagir e transformar este mesmo mundo”.

“A nossa peça se baseia em três livros de uma obra que continua a se expandir e a se ramificar em diferentes histórias conectadas; histórias que aconteceram com ele num contexto francês, mas que poderiam muito bem ter acontecido com qualquer um ou uma de nós, num contexto brasileiro, pois há sempre uma força violenta de destruição e de morte que ronda e ameaça o feminino, seja em que corpo ou lugar ele estiver”, diz a atriz e coidealizadora do projeto, Julia Lund.

O novo projeto da Polifônica também dá sequência à pesquisa estética de Luiz Felipe Reis acerca da noção de polifonia cênica, em que busca estabelecer uma relação criativa e não hierárquica entre o teatro e diferentes linguagens e formas de arte, como o cinema, a literatura e o som — pesquisa elaborada desde o primeiro espetáculo da companhia, “Estamos indo embora…” (2015), assim como em todos os trabalhos subsequentes: “Amor em Dois Atos” (2016), “Galáxias” (2018), “Tudo que brilha no escuro” (2020), “Vista” (2023) e “Deserto” (2024) — este último em cartaz atualmente no Teatro Poeira, com temporada prorrogada até agosto, devido ao sucesso, e indicações ao Prêmio APTR para Melhor Dramaturgia, Direção e Ator.

O cineasta Marcelo Grabowsky, que já havia colaborado com a Polifônica no espetáculo “Amor em Dois Atos”, foi convidado para retomar sua parceria com o grupo, coassinado a direção e a dramaturgia de “Eddy — Violência e Metamorfose”, ao lado de Luiz Felipe Reis.

“Admiro muito a forma como a companhia enxerga a cena teatral e propõe esse cruzamento de linguagens. Há uma importância em encenar dilemas e vivências de corpos e subjetividades gays e, assim, fazer a gente se reconhecer em cena. Mesmo com o avanço e a legitimação de muitas vozes LGBTQIAP+ no Brasil, o conservadorismo e o preconceito insistem em revelar e exercer a sua violência. Édouard elabora de forma muito instigante um olhar sobre a violência, encarando sua complexidade, questionando a sua origem, e conseguindo transformar suas próprias experiências, por mais duras que possam ser, em Literatura e arte”, analisa Grabowsky.

A peça gira em torno de um episódio real vivido pelo autor, representado aqui por João Côrtes, no Natal de 2012, em Paris. Após um jantar com amigos, ao voltar para casa, Édouard é abordado por um jovem de origem argelina, Redá, personagem de Igor Fortunato, e, então, seguem para o apartamento do escritor. Mas, após uma noite de amor, na manhã seguinte, Édouard é violentado por este homem e quase assassinado. O episódio traumático, elaborado na obra “História da violência”, dá início a uma jornada reflexiva e de elaboração a respeito das estruturas sociais que viabilizam a produção, a reprodução e a circulação da violência em nossas sociedades. Um ano após o terrível episódio, após lidar com uma série de procedimentos médicos, policiais e jurídicos relacionados ao caso, Édouard inicia uma viagem de retorno à sua cidade natal, hospeda-se na casa da sua irmã, Clara, vivida por Julia Lund, e é a partir deste reencontro que inicia-se um jogo de relatos, de narrativas e de representações que reconstituem e investigam o ocorrido naquela noite, em que vêm à tona uma pluralidade de questionamentos e de reflexões acerca do machismo, do racismo e da homofobia enraizadas na nossa sociedade. Ao longo do espetáculo, a narrativa de “História da violência” também é atravessada por trechos de “O fim de Eddy” e culmina na recriação de fragmentos de “Mudar: método”, obra em que Édouard reconta sua trajetória de emancipação social e intelectual, desde a saída da sua cidade natal, Hallencourt, até a sua chegada e estabelecimento em Paris.

“Eu me identifico em muitos lugares com a trajetória do Édouard Louis. Como homem gay, também conheço esse lugar de lidar com a violência, a insegurança, a autoaceitação, e o desejo de ser amado. A peça aborda esses temas de forma muito eloquente, profunda e simbólica. Está sendo um processo sensível e detalhista. Na verdade, estou interpretando uma mistura de alterego, uma versão teatral dele, e o próprio Édouard. É uma responsabilidade muito grande, porque tenho consciência da importância dele para a literatura mundial. Mas Luiz Felipe Reis e Marcelo Grabowsky são diretores que admiro demais e a nossa troca é incrível”, conta João.

O ator Igor Fortunato, intérprete do estrangeiro Redá, que acaba se tornando algoz do protagonista na trama, analisa a origem da brutalidade nas relações, quando o oprimido se transforma em opressor. “A partir de tantas violências cotidianas sofridas por ser imigrante — assim como eu, um ator nordestino que veio para o Rio de Janeiro, guardadas as devidas proporções, é claro —, vejo que meu personagem é ambíguo e está inserido nesse sistema perverso, para que exista desta forma no mundo: se por um lado sofre, por outro, acaba se autorizando a praticar as micro e macroviolências. A montagem fala da despersonalização disso tudo”, avalia.

Coidealizadora do projeto, Julia Lund também ressalta que, apesar da história ser ambientada na França, vai causar muito impacto no público brasileiro. Afinal, o país é o que mais mata pessoas LGBTQIAP+: a cada 34 horas, uma pessoa é vítima de homicídio ou suicídio.  “Sou fã do Édouard, li todos os livros que foram traduzidos para o português e vejo a obra dele como uma grande porta de entrada para refletirmos sobre alguns temas fundamentais como a violência social, sexual e de classe. A obra dele permite muitas vias de acesso e por isso interessa e toca um público tão diverso”, aposta ela.

Ficha Técnica

  • Idealização e realização: Polifônica (Luiz Felipe Reis e Julia Lund)
  • Direção e dramaturgia: Luiz Felipe Reis e Marcelo Grabowsky
  • com João Côrtes, Julia Lund, Igor Fortunato
  • A partir da obra de Édouard Louis — “O fim de Eddy”, “História da violência”, “Mudar: método”
  • Direção de movimento: Lavínia Bizzotto
  • Preparação corporal: Alexandre Maia
  • Cenografia: André Sanches
  • Cenógrafa assistente: Débora Cancio
  • Direção de tecnologia e iluminação: Julio Parente (Para Raio)
  • Figurino: Antônio Guedes
  • Assistente de figurino: Mari Ribeiro
  • Criação de vídeo: Daniel Wierman
  • Trilha sonora: Luiz Felipe Reis
  • Direção musical: Carol Mathias
  • Produção musical: Pedro Sodré
  • Técnico de luz e operador de luz e vídeo: Rodrigo Lopes
  • Técnico-operador de som: Daniel Vetuani
  • Hair stylist: Amadeu Marins (Salão Ará)
  • Make: Sabrina Sanm
  • Fotografia de estúdio: Renato Pagliacci
  • Design gráfico: Clara Seleme (Paspatur)
  • Assessoria de comunicação: Dobbs Scarpa
  • Direção de Produção: Luiz Felipe Reis e Julia Lund (Polifônica)
  • Produção executiva: Roberta Dias (Caroteno Produções)
  • Assistente de produção: Luciano Pontes

Serviço

Teatro Poeira.

  • Rua São João Batista 108, Botafogo (21) 2537-8053.
  • De 17 de julho a 31 de agosto de 2025.
  • Quinta a sábado, 20h. Domingo, às 19h.
  • Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia).
  • Bilheteria: terça a sábado, das 15h às 10h. Domingos, das 15h às 19h.
  • Sympla aqui.
  • Classificação indicativa: 18 anos. Duração: 110 min.

Sesc Osasco apresenta o monólogo com Isabel Teixeira, sob direção de Marcos Caruso

Isabel Teixeira em “JANDIRA - Em Busca do Bonde Perdido”.De: Jandira Martini Direção: Marcos Caruso - Foto de Roberto Setton

Isabel Teixeira em “JANDIRA – Em Busca do Bonde Perdido”.
De: Jandira Martini
Direção: Marcos Caruso – Foto de Roberto Setton

Nos dias 18 e 19 de julho, sexta e sábado, às 20h, o Sesc Osasco leva ao Galpão da Cultura de Francisco Morato o espetáculo “Jandira – Em Busca do Bonde Perdido”, com atuação de Isabel Teixeira e direção de Marcos Caruso. Os ingressos custam R$18 (credencial plena), R$30 (meia) e R$60 (inteira) com vendas a partir do dia 8 de julho.

Carregado de emoção e lucidez, o monólogo mergulha em uma narrativa íntima e potente, em que a personagem revela ao público uma experiência inesperada e transformadora. A peça mistura histórias da vida real com ficção, usa o humor de forma leve e propõe reflexões sobre o incômodo com a realidade e a vontade de transformá-la por meio da arte.

“Jandira é uma atriz/autora que escreve com humor, força e coragem para entender o que está passando, mas que o faz (como sempre, durante toda uma vida) com a leveza e a simplicidade de quem consegue encaixar as palavras no coração,” diz a atriz Isabel Teixeira.

“Jandira – Em Busca do Bonde Perdido” é um tributo à força criativa de Jandira Martini. Com sua sensibilidade e coragem, a artista conduz o público por uma jornada de memórias, sonhos e resistência. Com direção de Marcos Caruso — parceiro artístico da autora por mais de 40 anos — e atuação de Isabel Teixeira, o espetáculo celebra a vida, a arte e o poder da palavra.

Isabel Teixeira: Formada em interpretação pela EAD/USP, tem se destacado por seus trabalhos em televisão. No teatro, construiu sua sólida carreira de atriz e diretora conquistando vários prêmios, entre os quais o APCA, APETESP e dois Shell. Na televisão, estreou na série “Beleza S/A”, no GNT. Atuou na novela “Amor de Mãe”. E, em 2022, se destacou no papel de Maria Bruaca na novela “Pantanal”, trabalho que lhe rendeu inúmeros prêmios, incluindo o APCA e o Melhores do Ano. Também atuou nas novelas “Elas por Elas” e “Volta por Cima”.

Marcos Caruso: Começou a atuar no teatro em 1973, foi membro-fundador de alguns grupos teatrais, somando mais de 35 espetáculos como autor, diretor e ator. Destaque para comédia dramática “Intimidade Indecente” e para o monólogo “O Escândalo Philippe Dussaert”. Recebeu vários prêmios, incluindo o APCA, Mollière, Mambembe e Shell (dois). Atuou em mais de 70 produções, entre séries, minisséries, telenovelas e filmes. Na televisão, teve destaque à novela “Avenida Brasil”, na qual viveu o inesquecível Leleco. Como diretor, assina oito montagens teatrais, entre as quais a elogiada “Selfe”, de Dani Ocampo.

Serviço

Jandira – Em Busca do Bonde Perdido

  • Texto: Jandira Martini
  • Direção: Marcos Caruso
  • Atriz: Isabel Teixeira
  • Assistente de direção e trilha sonora: Aline Meyer
  • Figurinos: Fábio Namatame
  • Arranjos e produção musical: Marcelo Pellegrini
  • Iluminação: Beto Bruel e Sarah Salgado
  • Produção executiva: Silvia Rezende e Elisangela Monteiro
  • Direção de produção: Roberto Monteiro e Fernando Cardoso
  • Data: 18 e 19 de julho de 2025, sexta-feira e sábado, às 20h
  • Local: Galpão da Cultura – R. Pedro Lessa, 220 – Jardim Prof. Francisco Morato, Francisco Morato
  • Classificação Indicativa: Livre
  • Ingressos: R$60 (inteira), R$30 (meia), R$18 (credencial plena)
  • * Limite de 4 ingressos por venda/atendimento.
  • Venda de ingressos: On-line: a partir de 8 de julho (terça-feira), às 17h e presencial: a partir de 10 de julho (quarta-feira), às 17h

Vermes Radiantes encara os processos de gentrificação e supressão do outro e estreia no Sesc Pompeia no dia 17 de julho

Vermes Radiantes

Vermes Radiantes – Foto de Matheus Ramalho

Uma poderosa e ácida crítica social, com humor perspicaz, Vermes Radiantes, do poeta, dramaturgo e roteirista inglês Philip Ridley, ganha uma versão brasileira inédita, dirigida por Alexandre Dal Farra. O espetáculo tem sua temporada de estreia no Sesc Pompeia, de 17 de julho a 10 de agosto, com apresentações de quinta a sábado, às 20h; aos domingos, às 18h, e às sextas, também às 16h.

A peça, protagonizada por Maria Eduarda de Carvalho e Rui Ricardo Diaz, com múltiplas contribuições do ator e músico Marco França, trata do poder de supressão do outro. Trata do que podemos nos tornar se cooptados pela ideia distorcida de ascensão, colocando em xeque até onde estamos dispostos a seguir para realizar os nossos mais ínfimos desejos.

A partir da aldeia onde sobrevivem nossos protagonistas, a montagem convida o espectador a um exercício estranho, que diverte, mas também aterroriza: refletir sobre a ideia do humano transformado em matéria de ascensão, mediante ao sacrifício ou aniquilamento do outro.

Vermes Radiantes por Alexandre dal Farra:

“Alguns anos atrás, talvez uma ou duas décadas, o tema da gentrificação se tornou um assunto recorrente no teatro brasileiro – mas não apenas nele, na sociologia e na arquitetura também.

A construção da Sala São Paulo – teatro de concertos de nível internacional, no coração do centro da cidade, em meio a uma estação de trem e no meio de um território da cidade completamente “degradado” (leia-se, ocupado por populações desfavorecidas) – e o uso desses aparelhos de cultura como meio para revitalizar o centro, em projetos como o famigerado Centro Vivo, virou objeto de teses e estudos importantes no início dos anos 2000.

Muito se teorizou sobre a função da cultura como ponta de lança nesse tipo de processo. Otília Arantes e Mariana Fix são dois nomes que abordaram este assunto: sobre como sobre como a cultura é a primeira a chegar para abrir espaço para as classes médias começarem a ocupar ruas antes ocupadas por pessoas de classe baixa, que fomentavam a abertura de restaurantes, que faziam pessoas de classe média se mudarem para a região, que aumentavam o preço dos imóveis, e assim por diante.

Esse processo, chamado gentrificação, que alterava em questão de poucos anos regiões inteiras da cidade e fazia com que populações inteiras fossem mais e mais deslocadas para as franjas da cidade, era assunto frequente de conversas, papers, peças de teatro e mesmo filmes daqueles anos.

Como ocorre com frequência, o conceito, depois de abordado, foi largamente utilizado e, depois de alguns anos – no máximo uma década – simplesmente saiu de moda.

O processo que ele descrevia, no entanto, não só não deixou de acontecer como continuou se radicalizando mais e mais. A gentrificação na cidade de São Paulo e no mundo desde então só fez crescer em progressão geométrica, bairros inteiros sendo completamente transformados, a quase totalidade de seus moradores sendo substituídos – Vila Madalena, Santa Cecília, mais recentemente Barra Funda e Bom Retiro – e no entanto, simplesmente deixamos de falar nisso, porque o conceito saiu de moda.

Hoje, talvez, vivamos no momento de maior intensidade e brutalidade desse processo, não só no Brasil, mas no mundo. É nesse contexto que se torna fundamental uma obra como Vermes Radiantes, que explicita com imensa precisão e ironia mordaz ao extremo os meandros dessa lógica voraz e assassina – algo que, numa cidade como São Paulo, é o nosso pão de cada dia. Mas Ridley não faz só isso. Seus personagens, fazendo a roda viva da autorreprodução do capital girar, e sendo girados por ela, desdobram também a linguagem, e a fazem girar na espiral louca e impossível do capital que é louco e enlouquece, e que não acaba.

Nessa festa potencialmente infinita, entramos em contato com as entranhas mais brutalmente expostas de uma lógica que não sabe acabar – e que acaba, agora, em tempo real, com o mundo.”

Ficha Técnica 

  • Autor: Philip Ridley
  • Tradução: Diego Teza
  • Direção: Alexandre Dal Farra
  • Elenco: Rui Ricardo Diaz, Maria Eduarda de Carvalho e Marco França
  • Idealização: Rui Ricardo Diaz e Maria Eduarda de Carvalho
  • Iluminação, Preparação de Elenco e Assistência de Direção: Lucas Brandão
  • Cenografia: Stéphanie Fretin e Camila Refinetti
  • Figurino: João Marcos de Almeida
  • Direção Musical: Marco França
  • Direção de Produção: Bia Goldenberg
  • Fotografia e Projeto Gráfico: Matheus Ramalho
  • Técnico e Operador de Som: Alexandre Martins
  • Assistência de Figurino e costureira: Daiane Martins
  • Cenotécnicos: Wanderley Wagner e Fernando Zimolo
  • Intérprete de Libras: Wesley Leal
  • Produção: Raiz de Oito, Quincas, Nem Freud Explica

Serviço

Vermes Radiantes, de Philip Ridley. Tradução: Diego Teza

  • Temporada: 17 de julho a 10 de agosto
  • De quinta-feira a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h*
  • *Há também sessão vespertina às sextas-feiras, às 16h
  • Sesc Pompeia – Teatro – Rua Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo
  • Ingressos: R$ 60 (inteira), R$30 (meia-entrada) e R$18 (credencial plena)
  • Vendas online em sescsp.org.br/pompeia
  • Classificação: 16 anos
  • Duração: 90 minutos
  • Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
  • Sessões com tradução em Libras aos domingos.

Laudelina estreia na SP Escola de Teatro em 18 de julho e propõe mergulho poético na memória e na luta das trabalhadoras domésticas negras

Laudelina 19 - Foto: Juliana Nascimento

Laudelina 19 – Foto: Juliana Nascimento

A SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, recebe em julho a estreia do espetáculo Laudelina, solo poético-documental que costura memória, política e ancestralidade a partir da trajetória de Laudelina de Campos Mello — trabalhadora doméstica, militante e uma das figuras mais emblemáticas da luta por direitos trabalhistas no Brasil. O espetáculo cumpre temporada de duas semanas, de 18 a 27 de julho, na Sala Alberto Guzik, com apresentações gratuitas às sextas e sábados, às 20h30, e domingos, às 18h.

Com dramaturgia inédita assinada por Cristiane Sobral e Rafaele Breves e direção de Luiza Loroza, a montagem é protagonizada pela atriz Rafaele Breves, que entrelaça a história de Laudelina com memórias íntimas de sua própria linhagem familiar. “É um corpo em cena que traz não só a força das lutas passadas, mas também o peso e a beleza do que herdei das mulheres da minha família, que como Laudelina, foram cozinheiras, faxineiras, babás. E com esse solo, eu conto essa história como quem costura um tecido ancestral, ponto por ponto”, afirma Rafaele.

Realizado pela Dupla Companhia, grupo sediado no interior paulista, o projeto reúne uma equipe formada majoritariamente por mulheres negras de diferentes regiões do país, conectando experiências do Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Pará. Para Lucas Gonzaga, diretor artístico da companhia, o espetáculo dá continuidade a uma pesquisa que atravessa diversas montagens do grupo: “Temos como eixo a investigação entre Território, Memória e Identidade. ‘Laudelina’ surge como um gesto de escuta e permanência. Não é uma biografia encenada, mas uma evocação poética das vozes que foram apagadas da história oficial”.

Entre relatos íntimos, registros históricos e imagens de resistência, a peça convida o público a refletir sobre os impactos do trabalho doméstico na vida de milhares de mulheres negras brasileiras, muitas vezes invisibilizadas, exploradas e esquecidas. “Descolonizar, às vezes, é descansar. É interromper o ciclo da exaustão, da obediência forçada, da entrega sem retorno. Com esse trabalho, queremos propor imaginação, invenção e desordem como formas de resistência”, pontua Rafaele.

Laudelina também destaca o esforço coletivo da Dupla Companhia em propor novas narrativas e estéticas para os palcos brasileiros. O grupo, que já encenou montagens como “As Três Marias” (2022), “Ícaros” (2024) e ”Nise em Nós” (2025), mantém seu compromisso com produções que promovem interseções entre arte, educação e memória. “Estamos falando de um teatro que parte do chão da vida real, mas que se permite sonhar — porque, como dizia Fanon, ‘não se pode construir o que não se pode imaginar’”, conclui Gonzaga.

O espetáculo tem realização da Dupla Companhia, em parceria com o Ministério da Cultura do Governo Federal e a Secretaria de Estado da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

Ficha Técnica

  • Atuação, texto inédito e idealização: Rafaele Breves
  • Direção e cenografia: Luiza Loroza
  • Texto inédito: Cristiane Sobral
  • Figurinos: Nilo Mendes
  • Iluminação: Dara Duarte
  • Visagismo: Claudinei Hidalgo
  • Assistente de cabelo e maquiagem: Pedro Torriani
  • Cenotécnica: Bruna Boliveira
  • Trilha sonora: João Loroza
  • Identidade visual: Laís Oliveira
  • Fotografia: Juliana Nascimento
  • Direção de comunicação: Rafaele Breves
  • Assessoria de imprensa: Pombo Correio
  • Idealização, direção de produção, vídeos e operação de som: Lucas Gonzaga
  • Produção executiva: Miranda Gonçalves

Serviço

Laudelina

  • Temporada: 18 a 27 de julho de 2025
  • Às sextas e aos sábados, às 20h30, e aos domingos, às 18h
  • SP Escola de Teatro – Sala Alberto Guzik (R1) – Praça Franklin Roosevelt, 210, Consolação, São Paulo
  • Ingressos: Gratuitos. Retiradas somente pela internet na Sympla SP Escola de Teatro – www.sympla.com.br/produtor/spescoladeteatro
  • Classificação indicativa: 12 anos
  • Duração: 80 minutos
  • Capacidade: 60 lugares

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