Comumente associada à criminalidade, a comunidade do Weda, em Itaguaí, está prestes a iniciar um novo capítulo em sua história. Um projeto da ONG Se Essa Rua Fosse Minha (SER), com financiamento da Transpetro, desenvolverá, ao longo de dois anos, um mapeamento histórico e afetivo da localidade, que resultará em quatro publicações. Batizado de Cultura na Faixa, o projeto visa reforçar o sentimento de pertencimento na comunidade, reconhecendo as contribuições de figuras essenciais que constroem redes de apoio, fortalecem laços sociais e inspiram ações coletivas.
A primeira publicação será um livro que recontará a história de Itaguaí, desde a colonização, passando pelos ciclos econômicos, até chegar à região do Engenho e ao Weda. A obra trará um olhar crítico sobre a construção do território da cidade. Em seguida, será desenvolvido um estudo sobre a memória da comunidade, que contará a história da comunidade a partir dos depoimentos orais dos moradores e de arquivos históricos.
“Queremos dar destaque à visão dos moradores, que estão ali há décadas, sobre a comunidade do Weda, tanto no presente quanto no passado”, afirmou Geraldo Bastos, especialista no estudo da violência na Baixada Fluminense e gerente de RH e Mobilização Social do projeto. O mapeamento será conduzido por dois jovens pesquisadores da própria comunidade, que, com um pesquisador do Cultura na Faixa, realizarão as entrevistas.
Além disso, o projeto incluirá o desenvolvimento de uma revista que detalhará o início do projeto na cidade de Itaguaí, lançado em outubro deste ano. A revista abordará os objetivos e perspectivas da iniciativa, além de explorar a presença dos dutos de óleo da Transpetro no Weda, a composição social da comunidade e sua relação com o centro de Itaguaí e o bairro do Engenho. A última publicação será o Mapa Afetivo, composto por biografias de lideranças comunitárias cujas trajetórias de vida impactam positivamente a região, colaborando para melhorar a vida das pessoas ao seu redor.
Com o Cultura na Faixa, o Weda terá a oportunidade de se ver retratado de forma mais profunda e humanizada, mostrando que, além de seus desafios, a comunidade é um espaço de resistência, apoio mútuo e histórias de transformação.