Projeto da UFRJ inaugura terceira turma para capacitar pessoas trans na gastronomia

Evento reuniu ex-participantes e representantes do Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública do Estado do RJ e Sindicato dos Bares e Restaurantes (SindRio). Crédito: Decania do Centro de Ciências e Saúde da UFRJ
Evento reuniu ex-participantes e representantes do Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública do Estado do RJ e Sindicato dos Bares e Restaurantes (SindRio). Crédito: Decania do Centro de Ciências e Saúde da UFRJ

Com foco na qualificação e inserção de pessoas trans no mercado da gastronomia, o Transgarçonne, programa de extensão da UFRJ, lançou sua terceira turma no final de junho. A iniciativa surgiu em 2019 e já contribuiu para inserir mais de 40 pessoas, que hoje atuam como garçons, garçonetes e bartenders em restaurantes e hotéis do Rio de Janeiro.

“A ideia é ser multiplicador de ações voltadas para o fortalecimento das trajetórias de vida e de trabalho de pessoas trans, dentro e fora da UFRJ, sobretudo aquelas em situação de vulnerabilidade”, explica Renato Monteiro, professor do curso de Gastronomia da UFRJ, idealizador e coordenador do projeto.

O lançamento aconteceu na semana do Orgulho LGBTQIA+, no dia 26 de junho, junto ao I Seminário Transgarçonne, no Parque Tecnológico da UFRJ, e contou com a participação de representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Conselho Regional de Psicologia, Sindicato dos Bares e Restaurantes (SindRio) e organizações não-governamentais.

Reconhecimento do poder público

O sinal de reconhecimento das autoridades vem aparecendo com a criação de projetos e programas voltados para ampliar a empregabilidade de pessoas trans. Um deles é desenvolvido pelo MPT, que tem sido realizado em diferentes estados, entre eles o Rio de Janeiro. “Essa é uma iniciativa inovadora muito importante, que quebra paradigmas e que pode trazer uma outra perspectiva para a vida de pessoas trans”, disse Fernanda Diniz, procuradora do MPT, no evento.

Também estiveram presentes ex-participantes do projeto, como Ary Santos e Rochelly Rangel. Junta, a dupla conduziu parte da programação do evento, que teve debates, a exibição de um documentário sobre o projeto e homenagens a pessoas ligadas ao movimento trans e travesti no país, como o transativista João W. Nery – primeiro homem trans a fazer uma cirurgia de readequação sexual no Brasil.

Da invisibilidade ao lugar de destaque na gastronomia

“O projeto Transgarçonne transformou a minha vida de todas as formas. Me trouxe uma dignidade como pessoa, que antes eu não tinha me fazendo enxergar caminhos que antes não faziam mais sentido”, observou Rochelly Rangel.

Além de ser embaixadora do projeto, Rochelly hoje atua como palestrante falando sobre empregabilidade trans, foi ganhadora do reality Bar Aberto e é a primeira mulher trans e negra a assinar uma carta de drinks no Brasil, no Hilton Hotel.

Da esq. para dir.: Ary Santos, Céu Cavalcanti e Rochelly Rangel no evento. Cavalcanti é a primeira travesti a assumir a presidência do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro. Crédito: Decania do Centro de Ciências e Saúde da UFRJ.
Da esq. para dir.: Ary Santos, Céu Cavalcanti e Rochelly Rangel no evento. Cavalcanti é a primeira travesti a assumir a presidência do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro. Crédito: Decania do Centro de Ciências e Saúde da UFRJ.

Projeto vai receber recursos

Desde 2019, o programa vem crescendo e este ano conseguiu captar recursos junto ao MPT para construção de um laboratório onde serão realizadas as atividades como cursos de qualificação, workshops e oficinas.

“É muito difícil enquanto projeto de extensão fazer essa captação. Sinal de reconhecimento da importância do projeto e da urgência de políticas públicas voltadas para a população trans”, lembra Renato, que é o primeiro professor (homem trans) a se assumir e a realizar o processo de transição de gênero dentro da UFRJ.

Extensão da UFRJ

A Extensão é a área da UFRJ responsável por conectar a universidade à sociedade. Com 3 mil projetos de diferentes áreas, as ações de extensão atingem um público de mais de 2 milhões de pessoas por ano, no Rio e em todo o Brasil, com pesquisas, eventos, cursos, oficinas e capacitações.

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