A Escola Libertária de Artes, ELA, foi criada pela professora de artes cênicas, Alessandra Biá, em 2019, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio
O projeto é uma realização da Espiral Soluções Socioculturais e conta com patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura do Rio e da Concessionária Lamsa.
O próximo sábado (28) será de arte e cultura para crianças e adolescentes da Cidade de Deus. A kombihome da Escola Libertária de Artes, a ELA, participa do evento que vai contar com shows e oficinas de DJ e de cidadania, além de números circenses e contação de história. As oficinas são resultado da ELA e da Espiral Soluções Socioculturais e conta com patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura do Rio e da concessionária Lamsa.
O projeto de arte-educação foi idealizado pela professora Alessandra Biá, em 2019, e é resultado da interação com os alunos de uma escola municipal da Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré, onde Biá dava aulas de artes cênicas. “A ELA é fruto do trabalho com um grupo de alunos que se tornou uma parceria para além da sala de aula. Nós começamos a levar nossas atividades para as ruas da Maré e percebemos que nosso trabalho mobilizava as pessoas. Elas passavam e interagiam, davam ideias, choravam e aí nós percebemos que havia um envolvimento muito espontâneo com o que estávamos fazendo’, conta a professora.
A kombihome é a base itinerante do projeto e leva atividades socioculturais das mais diversas para crianças e adolescentes das regiões periféricas do Rio. O veículo é todo adaptado e possui estantes, sofá, frigobar e, inclusive, um painel solar responsável pelo fornecimento de energia, que serve de mote para oficinas sobre meio ambiente e sustentabilidade. As atividades oferecidas pela ELA envolvem oficinas de arte, dança, música e cidadania. Em maio, foram abertas 15 oficinas culturais para crianças e adolescentes da Maré e da Cidade de Deus.
O ELA surgiu da iniciativa de Alessandra Biá e foi se desenvolvendo com a vontade dos alunos e a participação espontânea dos moradores. E o desejo e a espontaneidade são justamente os principais motes da ELA. “A relação espontânea de ensino-aprendizagem sempre esteve no cerne das nossas atividades. A ELA tem participantes mais assíduos, mas é aberta a todos que se interessam, independente da frequência e da idade, em participar e se expressar artisticamente. Nós acreditamos que todo mundo é artista, que todos tem a arte vibrando dentro de si”, afirma Alessandra Biá, que trocou o próprio carro por uma kombihome que hoje funciona como base itinerante do projeto.
KOMBIHOME: universo fértil e lúdico para as crianças e adolescentes da periferia carioca
O projeto contou com doações e trabalho voluntário nos primeiros anos e hoje é produzido pela Espiral Soluções Socioculturais, proponente do projeto na Lei do ISS do município do Rio. Ingrid Reis, CEO da Espiral, enfatiza a potência do projeto como uma experiência pedagógica transformadora. “O projeto faz a gente repensar nosso modelo educacional e possibilita reflexões sobre outras formas de pensar e fazer a educação. A ELA é uma oportunidade de botar em prática uma educação mais livre e popular, capaz de chegar a diversos lugares e espaços. Quando a kombihome do ELA chega à Maré ou à Cidade de Deus e nós vemos a reação dos jovens e entendemos o lugar que o projeto pode ocupar na vida dessas pessoas”, explica Ingrid Reis.