A forma como Renata Cazzani decifra a equação entre medida, geometria e cor é uma característica marcante logo percebida em um primeiro contato visual estabelecido com suas telas abstratas, predominantemente de grandes escalas. No entanto, o olhar mais intimista sobre os planos de dimensões generosas, recortados por barras, permite captar detalhes que conduzem a pinceladas que se alternam entre a explosão e a minúcia presente em pequenos pontos de cor. O espectador será convidado a observar essas questões nas pinturas recentes da artista, produzidas entre 2022 e 2023, que serão apresentadas na exposição “Renata Cazzani: Pulsações Cromáticas”, que ocupa a Galeria Patricia Costa a partir do dia 21 de novembro. Com uma trajetória artística iniciada aos 16 anos de idade, Renata Cazzani, que já expôs em Nova Iorque e no Toyota Municipal Museum of Art, no Japão, teve como mestres Celeida Tostes e Angelo Venosa, ao ingressar no Parque Lage nos idos dos anos 1980.
“Costumo pensar as cores dos meus trabalhos dividindo os quadros em linhas, sempre com uma forte influência da natureza sobre minhas escolhas e experimentos; busco inspiração nas tonalidades do mar, das plantas e das flores. Nesta nova série, o colorido se faz bastante presente através de uma gama de azuis, verdes e do bordô com suas derivações – algo pouco usado por mim até então -, além de algumas tintas metalizadas. Entre as minhas 20 telas em acrílica desta individual, que vai apresentar também dípticos, as pinceladas estão ainda mais marcantes e perceptíveis, parte de um processo criativo que já vinha acontecendo e ficou mais pronunciado agora”, explica Renata Cazzani.
A curadoria é de Vanda Klabin:
“As obras recentes de Renata Cazzani ganharam autonomia e configuram uma reflexão contínua, um mundo próprio. A tela esticada sobre o seu suporte concentra a ação da utilização de recursos aparentemente tradicionais – telas, tintas e pincéis. Sua gestualidade está diluída nas pinceladas, mas deixa a marca de sua presença, atenuada nos procedimentos que adota para finalizar o seu processo de trabalho e, por vezes, apresenta traços reconhecíveis pela a aplicação da cor em grandes áreas, onde a artista não demonstra receio pelas cores fortes. Podemos observar como a substância cromática ganha espessura no trabalho no seu processo criativo: experimentar é manter viva a capacidade de ser atual e surpreendente, graças a uma espacialidade aberta e uma liberdade oriundas das suas intensidades cromáticas”.
Saiba mais sobre Renata Cazzani
Pode-se dizer que Renata Cazzani “debutou” em sua carreira, começando aos 16 anos na arte figurativa, usando tinta a óleo para reproduzir paisagens e regatas, influência da mãe, também pintora. Anos depois, em 1985, iniciou-se na pintura abstrata, usando colagens e materiais diversos, como jornal e areia aplicados sobre a tela. Foi o ponto onde seus pincéis “abstraíram totalmente”, segundo suas próprias palavras. Chegou a produzir esculturas em bronze em um curso com Hélio Rodrigues. Mas foi em 1988, ao ingressar no Parque Lage no Curso de 3D com Celeida Tostes, Avatar de Moraes, João Goldberg e Angelo Venosa, que travou um embate entre a pintura e as instalações que fervilhavam naquela época. Resolveu, então, trabalhar com objetos que buscava no cotidiano: canos de PVC, tecidos em malha, tapetes emborrachados e vassouras, procurando nas lojas de ferragens o que seria transformado em “readymade art” nas suas mãos. Participou, inclusive, de uma coletiva na EAV/Parque Lage com uma instalação em malha.
Já nos anos 2000, voltou a pintar e não parou mais, redescobrindo o prazer em manipular tintas e “assumindo” de vez a paixão que nutre pela pintura até hoje. Os principais suportes usados por Renata são telas de chassis em madeira com espessuras diferentes e tinta acrílica sobre tela e sobre papel.
Sua primeira individual aconteceu na Galeria Contemporanea, em 1990, com quadros mais matéricos. Posteriormente, realizou outras exposições em galerias, museus e centros culturais igualmente conceituados: Museu Nacional de Belas Artes, Galeria Anita Schwartz, Galeria de Arte Ipanema, Centro Cultural Candido Mendes, no Rio de Janeiro; Mônica Filgueiras Galeria de Arte (São Paulo), para citar alguns. Fora do Brasil, participou de coletivas em Nagoya, Nova Iorque e Londres e também de duas individuais (Toyota e NY).
Serviço
“Renata Cazzani: Pulsações Cromáticas”
- Curadoria: Vanda Klabin
- Abertura: 21 de novembro de 2023, das 17h às 21h
- Visitação: 22 de novembro a 21 de dezembro de 2023
- Funcionamento: de segunda a sexta, das 11h às 19h; sábados, das 11h às 17h
- Local: Galeria Patricia Costa
- Endereço: Av. Atlântica, 4.240/lojas 224 e 225 – Copacabana – RJ
- Telefone: (21) 2227-6929/98868-1993
- Classificação livre
- Entrada franca
Contatos:
www.galeriapatriciacosta.com.br/@galeriapatriciacosta