Ninas

Sesc Copacabana apresenta o espetáculo teatral “Ninas”

por Waleria de Carvalho

Em cena, na Sala Multiuso do Sesc Copacabana, a partir do dia 14 de setembro, em temporada de quinta a domingo, às 19h, o espetáculo musicado NINAS com Cyda Moreno, Anna Paula Black, Fábio D’Lélis, Roberta Ribeiro, Tati Christine, Kathlen Lima (piano) e Regina Café (percussão). As atrizes dividem a experiência de viver no palco a pianista, cantora, compositora e arranjadora Eunice Kathleen Waymon, conhecida mundialmente como Nina Simone. Pesquisa e dramaturgia de Joaquim Vicente e direção artística de Édio Nunes.  Direção musical de Wladimir Pinheiro.

Pela primeira vez no Brasil um texto teatral conta a trajetória da ativista pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, nascida em 1933 na cidade de Tryon, na Carolina do Norte. Uma cantora de grande referência do jazz e soul, passando pelo blues, folk, gospel, R&B e pop. A artista genial de voz rouca, timbre único e aveludado das grandes estrelas negras internacionais que fizeram história na música, morava no sul da França onde morreu em 2003 aos 70 anos de idade, após lutar por muitos anos contra o câncer de mama.

As cenas revelam as várias fases da vida de Nina Simone. Segundo Cyda, a peça ressalta a importância da cantora como representatividade e ativismo de mulher negra e artista, para o fortalecimento da identidade negra.

– Nossa proposta se diferencia por contar quem foi Nina através de suas letras de músicas. Levaremos para o palco uma mulher multifacetada em sua essência, onde suas memórias enquanto menina e mulher negra, se misturam às complexidades evidenciadas pelo racismo das mulheres negras do Brasil, de ontem e de hoje. NINAS são muitas: a ativista, a pianista, a cantora, a compositora, a mulher revolucionária e à frente do seu tempo – explica.

O espetáculo cantado ao vivo apresenta um repertório que inclui composições autorais e muitos hits das paradas de sucesso. Ela é dona de clássicos como Feeling Good, I Put a Spell on You, Don’t Let Me Misunderstood, Aint Got No – I Got Life, I Wish I Knew How It Would Feel To Be Free, Here Comes The Sun, My Baby Just Cares For Me,  To Be Young e Gifted and Black.

Nina Simone criou partituras onde exprimiu toda a sua força transgressora. “Queremos recontar fatos marcantes de sua personalidade, revirar e narrar suas letras expressando toda a sua dramaticidade e inquietações”. A dramaturgia segue destacando o movimento negro do Harlem, o jazz, o soul, a fama, o sucesso, e o encontro de Nina com Malcom X, Martin Luther King, James Baldwin, Lorraine Hansberry, Langston Hughes, Stokely Carmichael entre outros nomes importantes que a influenciaram em seu ativismo negro.

_ Vivemos num tempo onde a mulher continua sendo subjugada, assassinada e violentada, numa sociedade onde o racismo estrutural continua massacrando mulheres, vítimas do ódio e da barbárie machista e da supremacia branca. Então, como artistas, utilizaremos nosso ofício para falarmos deste óbvio. Mas também vivemos num tempo onde os negros estão se fortalecendo através do não silenciamento, rompendo paradigmas pelo ativismo, e das variadas ações de aquilombamentos. Temos sido os protagonistas de nossas histórias, trazendo à tona os nossos heróis ancestrais e o legado de cultura, arte, resistência e sabedoria que nos foi deixado – ressalta.

Atriz no palco e produtora nos bastidores do Teatro Negro

Atuando entre o teatro e a televisão, a atriz Cyda Moreno desde 1983 já integrou importantes espetáculos teatrais como “A hora e vez de Augusto Matraga”. A também diretora teatral e professora é Mestre em Ensino de Artes Cênicas e Doutoranda em Teatro Negro.  Escreveu e dirigiu o espetáculo “FESTA” no Young Vic Theatre, em Londres, com 100 participantes da Comunidade Britânica.

É uma das fundadoras da Cia. Black & Preto Produções Artísticas, formada exclusivamente por atores negros em 1993, no Rio de Janeiro. Trabalhou com renomados diretores teatrais, entre eles estão Antunes Filho, Isaac Bernart, Ulysses Cruz, Iléa Ferraz, Renato Borghi, André Paes Leme, Yara de Novaes, Antônio Pedro e Édio Nunes. Com esse último da lista ela retoma parceria no seu novo projeto teatral.

Após produzir e protagonizar com sucesso os espetáculos “Eu Amarelo – Carolina de Jesus” (2018/2023) e “Luiza Mahin… Eu ainda continuo aqui” (2021/2023), o trabalho da atriz mineira radicada no Rio de Janeiro pode ser visto também em “Amor Perfeito” (TV Globo) na pela da professora “Dona Celeste”. Assim que acabar as gravações da novela das seis, Cyda volta aos palcos com NINAS e uma ficha técnica que assegura qualidade e competência.

_ Todos abraçaram o projeto percebendo em Nina Simone um arsenal de possibilidades para a realização de uma obra artística. Édio Nunes e Wladimir Pinheiro, na direção artística e musical, Jorge Maya na preparação vocal e na confecção dos figurinos, Wanderley Gomes, vencedor de dois prêmios no Shell de Teatro, por exemplo – comenta. 

Sobre Nina Simone:

(Tryon, 21 de fevereiro de 1933 — Carry-le-Rouet, 21 de abril de 2003)

Sua obra permanece como símbolo de resistência para as novas gerações. De origem humilde, seu pai era marceneiro e sua mãe era empregada doméstica e ministra metodista. Nina acompanhava sua mãe na igreja e foi lá que ela teve seu primeiro contato com o piano, quando tinha mais ou menos quatro anos de idade. Desde então, passou a tocar na igreja metodista acompanhando o coral e, aos sete anos, participou de seu primeiro recital. A apresentação foi um divisor de águas na vida da artista, pois foi assistida pela professora de piano Muriel Mazzanovich — figura fundamental no aprendizado de Nina, responsável por sua iniciação na música clássica e pela criação do Fundo Eunice Waymon, criado para que ela pudesse dar continuidade aos estudos de piano clássico. 

FICHA TÉCNICA

Idealização e coordenação e produção: Cyda Moreno/ Pesquisa e dramaturgia: Joaquim Vicente/ Diretor artístico: Édio Nunes/ ELENCO: Cyda Moreno, Anna Paula Black, Fábio D’Lélis, Roberta Ribeiro, Tati Christine, Kathlen Lima (piano) e Regina Café (percussão) / Diretora de produção: Cyda Moreno/ Produção executiva e assistente de direção: Pedro Barroso/ Direção musical: Wladimir Pinheiro/ Figurinista: Wanderley Gomes/ Visagismo: Rodrigo Fuentes/ Cenografia e adereços: Doris Rollemberg/ Design de luz: Fernanda Mantovani/ Preparação vocal: Jorge Maya/ Vocal coach: Mônica Karl/ Preparação corporal: Cátia Cabral/ Músico percussionista: Regina Café/ Músico pianista: Kathleen Lima/ Videomaker: Madara Luiza/ Designer gráfica: Maria Júlia Ferreira. Fotografia: Cláudia Ribeiro/ Assessoria de língua inglesa: Miguel Arcanjo Moreira e Arthur Freitas/ Assessoria de Imprensa: Clóvis Corrêa/ CICLO Comunicação/ Realização: Quintal das artes, cultura & entretenimento.

SERVIÇO

Temporada: 14/9 a 8/10. De quinta a domingo, às 19h. 

Peça:  NINAS

Espetáculo teatral musicado inspirado na vida e obra da pianista, cantora, compositora e arranjadora norte-americana Nina Simone.

  • Pesquisa e dramaturgia: Joaquim Vicente
  • Direção: Édio Nunes
  • Direção musical: Wladimir Pinheiro
  • Elenco: Cyda Moreno, Anna Paula Black, Fábio D’Lélis, Roberta Ribeiro, Tati Christine, Kathlen Lima (piano) e Regina Café (percussão)
  • Local: Sesc Copacabana / Sala Multiuso
  • Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
  • Telefone: (21) 4020-2101
  • Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia-entrada para casos previstos por Lei, estendida a professores e classe artística mediante apresentação de registro profissional), R$7,50 (credencial plena Sesc), gratuito (público cadastrado no PCG).
  • Duração:  90 minutos
  • Capacidade: 70 pessoas
  • Faixa etária: 14 anos.

Carolina Ranaldi e Pedro Di Carvalho estrelam a nova montagem de “Quando as Máquinas Param”, de Plínio Marcos, sob a direção de Roumer Canhães

Quando as Máquinas Param

Quando as Máquinas Param

Um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, Plínio Marcos (1935-1999) sempre deu voz à classe trabalhadora, tantas vezes marginalizada, em suas obras. “Quando as Máquinas Param” não é exceção. Inovador, ousado e, sobretudo, atemporal, o texto de 1967 sobre a relação do casal Nina (Carolina Ranaldi) e Zé (Pedro Di Carvalho) e as dificuldades financeiras que enfrenta, poderia ter sido escrito hoje. Na nova montagem do texto, que leva a direção de Roumer Canhães e estreia dia 15 de setembro no Giostri Cultural, desemprego, amor e desamparo são os pilares da encenação. “Além da discussão sobre a falta de oportunidades, é o grande afeto que existe na relação entre os personagens, transformada pela realidade precária deles, uma das perspectivas principais”, diz Roumer.

Dentro deste contexto também emerge a questão do machismo. “Zé é um homem comum, parado no tempo, que carrega nele toda a cultura machista, que era naturalizada quando a peça foi escrita, e não questionada naquele tempo. Dentro dessas dificuldades financeiras que enfrentam, ele e a mulher precisam ‘matar’ alguns de seus sonhos. E isso influi negativamente na construção familiar dele com Nina”, observa Pedro Di Carvalho, que se identifica com o personagem, mas não sobre este aspecto. “Venho do subúrbio do Rio e já passei por alguns perrengues financeiros. Isso faz a gente pensar na nossa existência e em como lidar com isso no cotidiano. Vejo que a arte me salvou”, diz.

Idealizadora do espetáculo ao lado de Roumer, a produtora e atriz Carolina Ranaldi escolheu este texto de Plínio Marcos pois sentiu urgência em tratar dos temas abordados na obra. “Andando por inúmeras cidades brasileiras ainda encontramos muitas Ninas e Zés pelas ruas. A Nina me pegou desde o começo. É uma mulher sonhadora, mas determinada e de muita fé. Ela é o suporte emocional do marido depois que ele fica desempregado. Encontrei em mim vários lugares em comum com ela. Todos nós temos algo que não estamos dispostos a abrir mão e sabemos o preço de sustentar um sonho”, conta Carolina.

Conhecido e celebrado pelo trabalho como preparador de atores, Roumer Canhães faz sua estreia como encenador. “Dá um frio na barriga. Pensar e materializar na encenação o universo retratado por Plínio Marcos é realmente instigante por sua ambiguidade: nos tira do nosso lugar confortável e nos propõe refletir sobre as limitações pela perspectiva de quem vive à margem”, afirma. “Roumer é maravilhoso, tem indicações muito precisas e sabe como expressar o que quer em cena, nos mínimos detalhes”, elogia Carolina.

Ficha Técnica

  • Dramaturgia: Plínio Marcos
  • Direção, Direção de Movimento, Direção Artística e Trilha Sonora: Roumer Canhães
  • Elenco Carolina Ranaldi e Pedro Di Carvalho
  • Design De Luz: Alexandre Passos e Ana Carolina Pizzo
  • Produção: Carolina Ranaldi e Alexandre Passos
  • Assessoria de Comunicação e Mídias Sociais: Dobbs Scarpa

Serviço

GIOSTRI TEATRO
Rua Rui Barbosa, 201, Bela Vista — (11) 3284-8783.

  • 15 de setembro a 01 de outubro
  • Sextas e Sábados às 21h e Domingos às 19h
  • 6 a 14 de outubro
  • Sextas e Sábados às 21h
  • Drama. 70min. 14 anos.
  • Ingressos: R60 inteira / R30 meia

Clã do Jabuti em Noite de Brinquedo no Terreiro de Yayá

Noite de Brinquedo

Noite de Brinquedo – Foto: Vanderlei Yui

A história de Noite de Brinquedo no Terreiro de Yayá, trabalho do grupo Clã do Jabuti, se passa no interior do Ceará, na região do Cariri, onde acontece tradicionalmente a festa do Reisado. É ali, entre histórias, versos e adivinhas dos ‘cabinhas’, apelido dado às crianças na região, que acompanhamos Maria, uma menina prestes a viver um dos momentos mais desafiadores de sua vida: entregar sua coroa de reisado e conquistar outro lugar nesse tradicional folguedo. A temporada começou no dia 9 de setembro, no Teatro Paulo Eiró, às 16h, e segue em cartaz em diversos espaços da cidade até o fim de novembro, sempre com entrada gratuita (veja a programação completa abaixo).

O ponto de partida para este trabalho foi o livro Terra De Cabinha: Pequeno Inventário Da Vida De Meninos e Meninas Do Sertão e o documentário Reis e Meninos, ambos da jornalista e pesquisadora Gabriela Romeu, que assina a dramaturgia de Noite de Brinquedo, ao lado de Antonia Mattos. Esses trabalhos trouxeram um diálogo com a região e a cultura popular, com mestres e mestras do local.

A primeira versão da peça-filme foi apresentada de forma on-line no fim de 2021. Para gravar a história, a equipe viajou ao Cariri e encontrou mestres e mestras dos folguedos tradicionais com quem falaram durante a pesquisa. Essa viagem e os encontros foram decisivos para a nova peça. “Foi fundamental finalizar o trabalho da primeira versão no Cariri; feito o material lá, encontrar os mestres e mestras, os terreiros, as crianças de lá. Fomos alimentados com o que conhecemos e voltamos com muitas inquietações em relação ao trabalho até aquele momento”, diz a diretora Antonia Mattos.

O trabalho que estreia agora ganhou “novos personagens, como a Sereia, novas cenas, ganhou um novo corpo, com a música, a dança e a encenação interagindo diretamente com o público”, afirma a diretora.  Noite de Brinquedo no Terreiro de Yayá narra a história da menina Maria, que, ao chegar próxima à adolescência, precisa entregar sua coroa de reisado e assumir outro lugar nesse tradicional folguedo. Ao mesmo tempo, no terreiro de Yayá, sua avó, estranhos acontecimentos lançam a menina em uma jornada pelo sertão. “O enredo e o processo da pesquisa giraram em torno dessa menina que resiste a passar a coroa”, diz Gabriela Romeu; menina essa que foi a protagonista do documentário Meninos e Reis chamada Maria Fabriyslene, herdeira direta do Reisado dos Irmãos.

Depois da visita ao Cariri, a diretora conta que a ideia de esquecimento também ganhou força. “Ver os Mestres mais velhos nos contando de ‘entre-meios’, personagens esquecidos, que já não se brinca nos dias de hoje, nos fez pensar ainda mais o quanto as gerações que estão por vir são fundamentais na preservação da memória e o quanto nossa menina Maria representa isso. Ela não pode esquecer o próprio brinquedo, e portanto precisa reinventar seu lugar nessa festa”, diz Antonia. 

E foi justamente a memória que tocou a diretora e dramaturga ao encontrar o livro e o filme de Gabriela Romeu. “Quando começamos a pensar no projeto, queria fazer uma homenagem a minha avó, que havia acabado de fazer sua passagem. Então vivi um reencontro com a minha família, com histórias que minha mãe contava, tudo isso nos versos de Terra de Cabinha, lá também ouvi canções que minha avó cantava, foi um mergulho nas lembranças do Ceará, terra onde nasci. Sempre digo que a ancestralidade trabalha de um jeito invisível. De alguma forma, a história da Maria, seu rito de passagem, me reconectou com o lugar de onde eu vim”, afirma.

Em cena, a menina Maria segue acompanhada pelos brinquedos e encantados que encontra no caminho, Boi Mansinho, Jaraguá e uma trupe de artistas, que cruzam arraiais, roçados assombrados por injustiças, histórias de esquecimento e uma noite sem fim.  Esse percurso é também guiado por algumas perguntas que fizeram parte do processo do grupo: O que significa perder a infância? E qual é o rito desta passagem? Tudo isso pode acontecer em meio a uma festa?

Ficha Técnica

  • DIREÇÃO GERAL, CONCEPÇÃO E DRAMATURGIA: Antonia Mattos
  • DRAMATURGIA: Gabriela Romeu
  • DIREÇÃO MUSICAL: Jonathan Silva e Lincoln Antonio
  • INTÉRPRETES: Antonia Mattos, Cibele Mateus, Fagundes Emanuel, Laruama Alves, Lilyan Teles e Rubens Alexandre
  • PROVOCADORA DA CENA: Juliana Jardim
  • FIGURINOS: Silvana Marcondes
  • CENÁRIO: Katiana Aleixo
  • DIREÇÃO TÉCNICA: Edson Luna
  • PRODUÇÃO EXECUTIVA: Antonia Mattos
  • PRODUÇÃO: Roberta Marangoni e Clã do Jabuti

Serviço

Noite de brinquedo no Terreiro de Yayá
Classificação Livre | Duração: 70 minutos

Teatro Paulo Eiró

Av. Adolfo Pinheiro – 765 – Santo Amaro – São Paulo – SP
Até 17/09. Sábados e domingo, às 16h

Teatro Cacilda Becker

Rua Tito, 295 – Lapa – São Paulo SP

  • De 23/09 a 22/10.  Sábados e domingos (Exceto dia 21 de outubro), às 16h
  • Dia 11/10 – sessões extras às 10h30 e às 14h30
  • Dia 12/10 – sessão extra às 16h

Fábrica de Cultura Brasilândia

Av. General Penha Brasil, 2508 – Brasilândia – São Paulo – SP

Dias 09 e 10/11. Quinta e sexta, às 10h30 e às 14h30

 

Espaço Cultural CITA

  1. Aroldo de Azevedo, 20 – Jardim Bom Refúgio

Dias 18 e 19/11. Sábado e domingo, às 16h

Dia 22/11 – Quarta às 10h e às 14h30

AGENDA DE OUTRAS AÇÕES

23/09 – 22/10 Exposição de fotos “Os quintais de Maria no terreiro de Yayá” de Samuel Macedo
Local: Teatro Cacilda Becker

13/10 SEX às 15h30 – Mesa: A mulher na cultura popular, tradição e transgressão com Maria Fabryslene do Reisado dos irmãos, Cibele Mateus e Odília Nunes

Local: Teatro Cacilda Becker

20/10 SEX às 15h – Mesa “Literatura infantil negra” com Edmílson de Almeida Pereira;

Local: Galeria Olido 

Peça ‘Jacinta’ honra a memória da mulher negra que teve seu corpo exposto por 30 anos 

Jacinta

Jacinta – Foto: Bob Sousa

No começo do século 20, uma mulher negra morre nas ruas da capital paulista e não é sepultada. Seu corpo embalsamado fica exposto como curiosidade científica durante trinta anos na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Para honrar a sua memória, a Cia do Pássaro estreia o espetáculo Jacinta – Você Só Morre Quando Dizem Seu Nome Pela Última Vez, que faz uma temporada gratuita no espaço do grupo, no Anhangabaú, entre os dias 14 de setembro e 8 de outubro, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e, aos domingos, às 19h.

Escrita e dirigida por Dawton Abranches, a peça é baseada no caso real de Jacinta Maria de Santana, mulher negra brasileira que, após sua morte, teve o corpo embalsamado e exposto como curiosidade científica, sendo usado em trotes estudantis por quase trinta anos na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na cidade de São Paulo. Em cena, os atores Gislaine Nascimento e Alessandro Marba, são acompanhados pela musicista Camila Silva, que conduz a trilha sonora no cavaquinho e na cuíca, remetendo ao universo do samba.O espetáculo integra o projeto “Trilogia do Resgate”, da Companhia do Pássaro, que pretende resgatar do apagamento personalidades históricas com trajetórias emblemáticas no Brasil.

A peça conta a história de Jacinta Maria de Santana, que, mesmo se tornando vítima das mais diversas violações após a morte, utilizada até em trotes universitários, permaneceu praticamente anônima até 2021, quando a historiadora e pesquisadora Suzane Jardim leu sobre o caso em um jornal de 1929.  O autor da ideia e execução foi o professor Amâncio de Carvalho, da área de medicina legal da USP. Diferente de Jacinta que permaneceu desconhecida por décadas, ele virou nome de rua da Vila Mariana, o segundo bairro mais branco da capital paulista, de acordo com os dados do Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Jacinta era uma mulher pobre e sem ocupação fixa que costumava andar pelas ruas do centro de SP. Um dia, sentiu-se mal e caiu na rua Dutra Rodrigues, a 700 metros da Estação da Luz.  Quando sua presença foi comunicada às autoridades, Marcondes Machado, médico legista da Polícia Civil, e Pinheiro Prado, delegado da 1ª Circunscrição, compareceram ao local e deram os encaminhamentos para enviá-la à Santa Casa de Misericórdia. Ela não resistiu e morreu no trajeto.

A partir daquele momento, começa o seu infortúnio. O cadáver foi deixado aos cuidados de Amâncio, que, de acordo com as informações levantadas por Suzane Jardim, queria aperfeiçoar suas habilidades com embalsamento. Ele já havia deixado o corpo mumificado de uma criança exposto por trinta dias no necrotério da polícia, bem à vista de todos os funcionários. Era a vez de tentar com um adulto.  Foi assim que essa mulher permaneceu exposta na Faculdade de Direito do Largo São Francisco por tanto tempo. Inclusive, ela só teve direito a um enterro após a morte do médico. 

Oficina
Nos dias 30 de setembro (sábado) e 01 de outubro (domingo), o projeto também oferece de forma gratuita a Oficina de Investigação e Produção de Documentação Oral: Narrativas de Memória e História Oral – Reconstruindo Identidades a Partir de Biografias Ancestrais, com Jéssica Nascimento Olaegbé (Pesquisadora do Centro de Estudos Culturais Africanos e da Diáspora – CECAFRO).

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo link no Instagram do grupo, a partir do dia 14 de setembro: @cia_do_passaro.
Vagas: 15 pessoas.

Sinopse
A peça é baseada no caso real de Jacinta Maria de Santana, mulher negra brasileira que, após sua morte, teve o corpo embalsamado e exposto como curiosidade científica, sendo usado em trotes estudantis por quase trinta anos na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na cidade de São Paulo. O espetáculo integra o projeto “Trilogia do Resgate”, da Companhia do Pássaro, que pretende resgatar do apagamento personalidades históricas com trajetórias emblemáticas no Brasil.

A programação completa também está na página do Instagram da companhia: @cia_do_passaro

Ficha técnica
Idealização: Cia do Pássaro – Voo e Teatro
Realização: Prêmio Zé Renato de Teatro; Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo; Cia do Pássaro – Voo e Teatro
Produção: Plataforma – Estúdio de Produção Cultural
Texto e Direção: Dawton Abranches
Elenco: Gislaine Nascimento e Alessandro Marba
Musicista: Camila Silva
Interpretação e Tradução em Libras: Gabrielle Martins e SinaLibras – Acessibilidade
Direção de Movimento: Verônica Santos
Direção Musical: Alexandre Guilherme
Concepção de Iluminação: Alice Nascimento
Concepção de Cenário: Pedro de Alcântara e Dawton Abranches
Concepção de Figurinos: Pedro de Alcântara e Érika Bordin
Operação de Luz: Rebeka Teixeira e Alice Nascimento
Operação de Som: Thau Oliveira
Costureira: Érika Bordin
Cenotécnico: Wesley Lopes
Percussionista Convidado Gravação: Julio Cesar
Direção de Produção: Fernando Gimenes e Plataforma – Estúdio de Produção Cultural
Produção Executiva: Alessandro Marba
Produção Financeira: Math’eus Borges e Alessandro Marba.
Assistente de Produção e Contrarregra: Irlley de Mello.
Assistente de Produção Temporada: Elisa do Nascimento e Matriarca Produções
Estagiário: Cristiano Belarmino
Ministrantes Oficinas: Lyllian Bragança, Monalisa Bueno, Reginaldo Pingo e Jéssica Nascimento Olaegbé
Convidadas Encontros Públicos: Suzane Jardim, Danielle Rosa, Sonia Regina Nozabielli e Letícia Chagas
Fotos: Bob Sousa
Identidade Visual e Designer Gráfico: Murilo Thaveira
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques, Flávia Fontes e Dani Valério

Serviço

JACINTA – VOCÊ SÓ MORRE QUANDO DIZEM SEU NOME PELA ÚLTIMA VEZ
Temporada: 14 de setembro a 08 de outubro, de quinta a sábado, às 20h; aos domingos, às 19h
Local: Espaço Cia do Pássaro – Voo e Teatro
Endereço: R. Álvaro de Carvalho, 177 – Anhangabaú, São Paulo/ SP
Acessibilidade em Libras: em todas as sessões de sexta a domingo.
Ingresso: Gratuito | ingressos no Sympla
Telefone: (11) 94151-3055
Duração: 90min
Classificação: 14 anos

Após a temporada de estreia, o espetáculo fará circulação entre os meses de outubro e novembro em unidades dos CEUS – Centros Educacionais Unificados.

Oficina

Oficina de Investigação e Produção de Documentação Oral: Narrativas de Memória e História Oral – Reconstruindo Identidades a Partir de Biografias Ancestrais 
Com Jéssica Nascimento Olaegbé (Pesquisadora do Centro de Estudos Culturais Africanos e da Diáspora – CECAFRO).
Dias 30 de setembro (sábado) e 01 de outubro (domingo), das 14h às 18h. 
Vagas: 15 pessoas. Gratuito. Inscrições a partir do dia 14 de setembro pelo link do Instagram da companhia @cia_do_passaro

 

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