Sexta edição do Festival Novembro Negro, com jovens e crianças do Morro da Providência, fecha a programação do Mês da Consciência Negra no Rio de Janeiro

Programação gratuita de três dias terá protagonismo de artistas e iniciativas da região - O projeto é realizado pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Política Nacional Aldir Blanc

por Jorge Rodrigues
Novembro Negro

Quem visitar o Morro da Providência nos dias 28, 29 e 30 de novembro vai encontrar arte, festa e alegria. A Casa Amarela Providência escolheu os últimos dias do mês da Consciência Negra para realizar a 6a edição do Festival Novembro Negro. Viabilizado pelo edital Fomenta Festival 2024, o evento tem como objetivo mostrar os frutos de um trabalho de cultura, saúde, educação e empreendedorismo realizado desde 2009 na comunidade, que beneficia 1620 famílias/ano: uma realidade da favela que não aparece nas páginas dos jornais.

Gratuito e aberto ao público, o festival oferecerá uma extensa programação com mesas de conversa, batalha de danças de rua, feijoadas, espetáculo de teatro, DJs, exposição de arte, roda de samba, contação de histórias e apresentações musicais, de dança e de coletivos de religiões de matriz africana. Os artistas são crianças, jovens e adultos criados na região e frequentadores dos programas da Casa Amarela.

“Nosso objetivo é abrir as nossas portas para toda a população do Rio de Janeiro, seja de outras comunidades ou do asfalto, que queiram testemunhar e dividir com a gente o orgulho de ver a favela exercendo seu direito à cultura, educação, arte, saúde e alimentação e, sobretudo, seu direito à representatividade e a encontrar o seu espaço na sociedade através desses caminhos. Isso aqui também é favela!”, diz Tiphanie Constantin, produtora do Festival.

As atividades do festival, comandadas pela mestre de cerimônia Ellen Ferreira (mulher preta, mãe, pedagoga e mestranda em Educação (UNIRIO), pesquisa Educomunicação Ambiental de base comunitária e Cibercultura no contexto da cultura infantojuvenil), acontecerão no período da tarde e serão divididas em dois pontos do Morro da Providência: o Largo da Providência e a Pista Santo Skate. Situado no Centro do Rio, a facilidade de acesso e transporte são um atrativo para o público. Veja as atrações:

Literatura

A leitura e a escrita são destaque nas atividades da Casa Amarela e estarão na programação do festival. A mesa de debates: Literaturas Marginais: memórias do Morro da Providência terá como convidados três autores nascidos e criados no Morro da Providência: Maurício Hora (co-fundador e atual presidente da Casa Amarela), Luiz Torres e Jeferson Pedro. Durante a conversa, os autores falarão sobre suas trajetórias, obras, inspirações e sobre a identificação das crianças com suas histórias nas aulas coordenadas pela Professora de escrita e leitura dos jovens da Casa Amarela, Gaby Makena.

Dança

As apresentações de dança vão dar um show de diversidade e inclusão, tanto nas modalidades, como na representatividade dos dançarinos, compostos em grande parte por jovens LGBTQIA+. Entre as atrações estão a Companhia Estrela Dourada, grupo premiado de dança caipira, fundada pelo Quinzinho (cria do Morro da Providência); o Coletivo Colerê, primeira companhia de dança afro do território, fundado por Ernane Ferreira, educador de dança afro e a Batalha de danças urbanas, com participação da Batalha Sagas, em parceria com o Galeria Providência, uma das atrações mais badaladas do festival, que agrega público infantil e jovem.

Teatro

Uma das mais esperadas atrações do evento é a apresentação do espetáculo Amor de Baile, que encerra o primeiro dia do festival. O espetáculo teatral celebra o movimento Black Rio dos anos 70, explorando a cultura, a estética, a afetividade e o empoderamento racial através da experiência dos bailes da época. A peça usa a efervescência cultural para discutir o amor entre pessoas racializadas como forma de resistência ao racismo e de fortalecimento da autoestima

Música

Além da roda de samba Samba Honesto, tradicional da Região Portuária do Rio de Janeiro, que há 12 anos representa a rica herança cultural da Pequena África, estarão na programação musical a Orquestra Luna, primeira orquestra da comunidade formada por grupo de câmara de violinos, com alunos da Casa Amarela, de 9 a 14 anos e o Grupo Leke, grupo de instrumentistas de cordas friccionadas e sopro que aborda repertório negro.

As DJs Marta Supernova e Anati animarão o público entre as atrações.

Educação e Saúde

O trabalho de conscientização sobre saúde física e mental para jovens da Providência, realizado pela professora Mariana Andrade, será representado pela roda de conversa O Bem viver das juventudes periféricas e faveladas, que receberá profissionais da área de saúde e assistência social para a discussão de temas importantes para a juventude como depressão, direitos reprodutivos, prevenção de gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis.

Gastronomia

Assim como nas outras edições, o último dia de festival será aberto pela tradicional Feijoada da Rosiete (domingo, dia 30/11, 12h30). Além de alimentar o público e dar um sabor especial ao evento, a feijoada simboliza o Programa de Segurança Alimentar realizado pela Casa Amarela, garantindo um cardápio saudável planejado por nutricionista, com 120 refeições por semana servidas gratuitamente para jovens e crianças.

Empreendedorismo e Arte

Capacitação e inclusão social são pontos fortes do trabalho realizado na comunidade, que será mostrado na roda de Conversa Nós mulheres do Morro. Promovida pelo coletivo de Mulheres Independentes da Providência (MIP), primeiro coletivo de empreendedorismo e capacitação da Providência, a roda deste ano vai abordar a condição da mulher favelada no contexto de favela e como ela mesma trabalha em prol da sua inclusão social, através de capacitação, cursos, profissionalização e reinserção no mercado de trabalho, empreendedorismo e na sociedade como um todo.

O trabalho, que é coordenado por Miriam Generoso (Casa Amarela), recebe este ano Robson Quintilano, arquiteto, urbanista, cenógrafo, artesão e arte-educador fundador do projeto Adin.kras, onde utiliza materiais reciclados para criação de obras de arte afro-referenciadas. Durante a conversa, os trabalhos realizados pelas mulheres da comunidade nas oficinas de arte estarão expostos para o público.

Festival Cultural Novembro Negro

Produzido desde 2020 pela Casa Amarela Providência, o Festival Cultural Novembro Negro chega a sua sexta edição em 2025. O evento foi criado como forma de apresentar à comunidade os trabalhos desenvolvidos ao longo do ano pelos viventes da instituição, como atividades educacionais, artísticas e culturais, cursos profissionalizantes e de formação, que são dirigidas por educadores, moradores, ativistas, produtores e artistas da Providência, do entorno e outros locais. O evento também visa enaltecer os resultados alcançados pelos viventes da Casa Amarela Providência ao longo de cada ciclo anual. Atualmente, a instituição acolhe cerca de 120 famílias e em média 150 viventes.

Casa Amarela Providência

A Casa Amarela é um Centro de Cultura, Educação e Arte, no Morro da Providência, que visa colaborar com o desenvolvimento humano e territorial pela educação, arte e cultura, contribuindo na possibilidade de redução do impacto social causado e mantido pela desassistência do estado no Morro. A Casa foi fundada em 2009 pelo artista francês JR e o fotógrafo brasileiro Maurício Hora. A Casa Amarela atua por meio de atividades educacionais, artísticas e culturais, cursos profissionalizantes e de formação e colabora com a construção dos conhecimentos e saberes, baseados em evidências científicas como fruto do trabalho de pesquisa, incentivando à valorização territorial e cultura local. Atualmente acolhe cerca de 120 famílias e em média 150 viventes por mês.

Programação Festival Novembro Negro – 6º edição – 2025

https://docs.google.com/document/d/1LCll8kzZT-f4PNB859Z7WJlcDzmHsgIN1aVDaduOXts/edit?usp=sharing

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