A obra-prima “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa ganha vida nos palcos da Cidade das Artes – Sala Eletroacústica, em Janeiro de 2024, pelas mãos do diretor e ator Gilson de Barros. Este projeto, indicado Prêmio Shell Rio 2023 nas categorias de Melhor Dramaturgia e Melhor Ator.
Gilson de Barros apresentará as duas primeiras peças da trilogia, começando com “Riobaldo” nos dias 13, 20 e 21 de janeiro, às 20h, seguido por “O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho” nos dias 14, 21 e 28 de janeiro, às 19h, na Sala Eletroacústica da Cidade das Artes. A direção, a cargo do premiado Amir Haddad.
Publicado em 1956, “Grande Sertão: Veredas” revolucionou a literatura brasileira ao explorar a linguagem popular e oferecer uma perspectiva única do sertão. João Guimarães Rosa mergulha nas profundezas da alma humana, utilizando a riqueza e ousadia da língua para discutir aspectos metafísicos do homem de forma universal.
A “Trilogia Grande Sertão: Veredas” teve sua estreia com a peça Riobaldo em março de 2020, no Espaço Cultural Sérgio Porto, mas teve sua temporada cancelada uma semana depois devido à pandemia. Apesar disso, manteve uma conexão com o público por meio de lives entre ator e diretor, tornando-se pioneira nas apresentações virtuais. Em 2021, retomou suas temporadas presenciais em locais como a Casa de Cultura Laura, em Ipanema, a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, e o Teatro Gláucio Gil, em Copacabana.
No ano seguinte, em 2022, iniciou uma turnê pelo país, passando por São Paulo, Belo Horizonte (na Biblioteca Pública do Estado) e cidades mineiras do Circuito Guimarães Rosa, além de percorrer bairros da cidade de São Paulo e 18 cidades do interior, encerrando o ano em Brasília. Em 2023, a trilogia retornou a Belo Horizonte (no Palácio das Artes) e realizou novas temporadas em São Paulo, Porto Alegre e Florianópolis, sempre recebendo uma ótima receptividade do público.
Em abril de 2023, estreou no Rio de Janeiro a segunda parte da Trilogia, intitulada “O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho”. Em maio, a peça teve uma temporada em São Paulo, passando por Campinas e outras cidades do interior paulista, assim como Porto Alegre, Belo Horizonte e Florianópolis. O espetáculo continuou a receber uma excelente recepção do público ao longo dessas apresentações.
Para 2024, o projeto embarcara nos países da Europa, Portugual, França e Alemanha.
Trecho da crítica de Furio Lonza
“…Riobaldo é teatro na veia, um Guimarães pocket, algo de novo na dramaturgia nacional; sem adereços, sem cenografia e sem figurinos, mas com uma luz abrasiva pilotada pelo experiente Aurélio de Simoni. Em cena, Gilson de Barros administra o tempo e o espaço como se fosse um demiurgo regendo o sol do sertão, uma espécie de deus onisciente que acompanha com ternura passo a passo as andanças de suas criaturas lá embaixo, nas veredas de um mundo lancinante e despreparado para conceber uma lógica formal do cotidiano…”
Guimarães Rosa pelo olhar de Amir Haddad e Gilson de Barros
Amir Haddad – @amirhaddadreal
Li as duas primeiras páginas do ‘Grande Sertão’ várias vezes até perceber que aquela ‘língua’ tinha tudo a ver comigo. O resto da narrativa devorei em segundos, segundo minhas sensações. Aprendi a ler, aprendi a língua, lendo este romance portentoso no original. Entendi! Não era uma tradução, era um livro brasileiro, escrito na ‘língua’ brasileira.
Até hoje me orgulho de ser conterrâneo e contemporâneo de Guimarães Rosa. E tenho certeza de que qualquer leitor estrangeiro que ler o livro traduzido jamais lerá o que eu li. Assim como jamais saberei o que lê um inglês quando lê Shakespeare. Os realmente grandes são intraduzíveis.
Gilson de Barros – @gilsondebarrosator
Há alguns anos venho estudando a obra de Guimarães Rosa, com ênfase no livro Grande Sertão: Veredas. Interpretar Riobaldo tem sido meu trabalho e minha dedicação. A cada releitura do livro, cada temporada da peça, a cada curso que participo, vou aumentando a compreensão da obra.
O objetivo é traduzir a prosa Roseana para a linguagem do teatro. Pretensioso, eu sei. Mas, não imagino outra forma de enfrentar essa obra-prima, repleta de brasilidade. Por fim, registro a honra de estar no palco com o suporte de João Guimarães Rosa, Amir Haddad, Aurélio de Simoni e todos os colegas envolvidos nessa montagem. Evoé!
Sinopse:
Riobaldo
Personagem central do romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, o ex-jagunço Riobaldo relembra seus três grandes amores: Diadorim, Nhorinhá e Otacília. O incompreendido amor por Diadorim, o amigo que lhe apresentou a vida de jagunço e lhe abriu as portas do conhecimento da natureza e do humano, levando-o ao pacto fáustico; o amor carnal e sem julgamentos pela prostituta Nhorinhá; e o amor purificador por Otacília, a esposa, que o resgatou do pacto fáustico e o converteu em ‘homem de bem’.
O Diabo na Rua, no meio do Redemunho
Riobaldo, um ex-jagunço, hoje um velho fazendeiro, conversa com um interlocutor (o público). Nesse encontro, cheio de filosofia, ele conta passagens de sua vida e reflete sobre a dialética: bem e mal, Deus/diabo. Na juventude, por amor a Diadorim, e para conseguir coragem e força, fez o que julga ser um pacto fáustico. Durante a narrativa, o personagem se vale de várias histórias populares, para questionar: “o diabo existe?”.
Ficha Técnica
A partir do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa
Riobaldo
Recorte e atuação: Gilson de Barros
Direção: Amir Haddad
Cenário e figurinos: Karlla de Luca
Iluminação: Aurélio de Simoni
Programação visual: Guilherme Rocha, Mikey Vieira e Pedro Azamor
Assessoria de Imprensa: Júlio Luz – 21 981279366
Técnico: Mikey Vieira e Pedro Azamor
Fotos e vídeos: Renato Mangolin
O Diabo na Rua, no meio do Redemunho
- Direção: Amir Haddad
- Cenário e direção de arte: José Dias
- Iluminação: Aurélio de Simoni
- Programação visual: Guilherme Rocha, Mikey Vieira e Pedro Azamor
- Assessoria de Imprensa: Júlio Luz – 21 981279366
- Técnico: Mikey Vieira e Pedro Azamor
- Fotos e vídeos: Marcos Sobral
Realização: Barros Produções Artísticas Ltda.
Amir Haddad (diretor)
Amir Haddad, diretor e ator brasileiro, co-fundou em 1958 o Teatro Oficina, mais tarde rebatizado como Uzyna Uzona, ao lado de José Celso Martinez Corrêa e Renato Borghi. Durante sua permanência no grupo, dirigiu produções notáveis como “Cândida” de George Bernard Shaw, atuou em “A Ponte” de Carlos Queiroz Telles e “Vento Forte para Papagaio Subir” (1958) de José Celso Martinez Corrêa. Sua habilidade na direção foi reconhecida em 1959 com o prêmio de melhor direção por “A Incubadeira”. Em 1960, Amir deixou o Oficina, mudando-se para o Rio de Janeiro em 1965 para liderar o Teatro da Universidade Católica do Rio.
Em 1980, Haddad fundou dois grupos teatrais influentes, A Comunidade (vencedor do Prêmio Molière pelo espetáculo “A Construção”) e o grupo Tá na Rua. Ao longo de sua carreira, participou de projetos diversos, como a encenação de “O Mercador de Veneza” de Shakespeare, com participações de Maria Padilha e Pedro Paulo Rangel, além de colaborações em shows de Ney Matogrosso e Beto Guedes. Até os dias de hoje, Amir Haddad continua ativo, liderando o Grupo Tá Na Rua e dirigindo ou supervisionando peças com renomados artistas como Clarice Niskier, Andrea Beltrão, Pedro Cardoso e Maitê Proença.
Gilson de Barros (ator e dramaturgo)
Indicado ao Prêmio Shell 2023 em duas categorias, Melhor Dramaturgia e Melhor Ator, este notável operário do teatro destaca-se como ator, gestor e dramaturgo. Graduado em Artes Cênicas pela UNIRIO, sua formação sólida reflete-se em colaborações com renomados diretores, incluindo Augusto Boal, Luiz Mendonça, Mário de Oliveira, Domingos Oliveira e a parceria artística significativa com Amir Haddad na Trilogia Grande Sertão: Veredas. Sua trajetória abrange mais de 25 peças, atuando em produções diversas como “Bolo de Carne” de Pedro Emanuel, dirigido por Yuri Cruschevsk; “Murro em Ponta de Faca” com texto e direção de Augusto Boal; “Ópera Turandot” sob a direção de Amir Haddad; “Os Melhores Anos de Nossas Vidas” com texto e direção de Domingos de Oliveira; “Da Lapinha ao Pastoril” escrito e dirigido por Luís Mendonça; “A Tempestade” de Shakespeare dirigido por Paulo Reis; e “O Boca do Inferno” com texto de Adailton Medeiros e direção de Licurgo. Seu talento foi reconhecido com prêmios destacados, como o de Melhor Ator no Festival Inter-regional de Teatro do Rio em 1982 e o prêmio de Melhor Ator no Festival de Teatro SATED/RJ em 1980.
Indicado ao Prêmio Shell 2023, em duas categorias: Melhor dramaturgia e Melhor ator.
Serviço – Trilogia Grande Sertão: Veredas
- Cidade das Artes – Sala Eletroacústica
- Av. das Américas, 5300 – Barra da Tijuca
- Informações: 33285300
- Ingressos: R$ 30,00 (meia) e R$ 60,00 (inteira)
- Capacidade: 100 lugares
- Duração: 60 minutos
- Classificação Etária: 16 anos
- Temporada 13 a 28 de janeiro de 2024
Riobaldo – Sábados, às 20h
O Diabo na Rua, no meio do Redemunho – Domingos, às 19h
Venda pela Sympla.
https://bileto.sympla.com.br/event/89653/d/230977