Artistas plásticas Cláudia Tavares e Renata Cruz levam exposição inspirada em floresta para a Galeria de Arte IBEU

As artistas Cláudia Tavares e Renata Cruz expõem, em maio, a exposição “Para sempre até” na Galeria de Arte do IBEU, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Com entrada gratuita, a mostra será aberta dia 8 de maio para convidados e a partir do próximo dia 9 até 31 para o público geral. Com curadoria de Jozias Benedicto, o trabalho teve como inspiração o convívio das artistas, em 2027, em uma residência artística na Vila de Paranapiacaba, São Paulo, no topo da Serra do Mar. A imersão na floresta, associada às leituras e debates, foi o ponto de partida para a elaboração do projeto.

A frase da escritora uruguaia Fernanda Trías, “O mundo cai em pedaços, mas só aos pedaços se constrói algo”, descreve a proposta das artistas, inventando, para os visitantes da exposição, um novo mundo com suas memórias e seus registros da floresta. Os desenhos de Renata, de sua série “Para sempre um dia”, saltam das paredes e se unem, arquitetando “árvores”, criando caminhos entre os quais o espectador pode passear e fazer suas descobertas. As fotografias e os objetos que Cláudia recolhe e ressignifica se espalham pelas paredes, como corpos celestes ancorados a um horizonte de palavras, os “até”.

– Até, a preposição que indica um limite, também uma trajetória, espacial e temporal é o nome dado ao trabalho que apresento aqui, constituído de imagens fotográficas de tempos e espaços diversos. As imagens de Até representam vida e morte, cortes, quedas, transformações. Estão todas em estados de transitoriedade e circularidade, assim como a natureza. O ciclo da natureza dos corpos vivos se evidencia, e as imagens também pensadas como corpos em si são colocadas lado a lado, em diálogos que potencializam a ideia de tempo circular, de coletividade. As imagens propostas convivem entre si e se deslocam nas direções das outras – diz Claudia Tavares. 

Já Renata Cruz explica que o “para sempre” da exposição vem de “Para sempre e um dia”, fragmento de texto retirado do livro “História da eternidade” do escritor argentino Jorge Luis Borges.

– Essa passagem do texto me ajudou a sistematizar uma prática de desenho em harmonia com as vinte e quatro horas do dia, onde procuro prestar atenção cotidianamente a pequenos acontecimentos, entre eles as folhas das árvores nas calçadas e os pássaros dos lugares onde estou. Por meio deste exercício contínuo, que faço desde 2016, retomo frequentemente a perguntas relevantes para mim: o que acontece quando muitos pequenos acontecimentos, pequenos gestos, pequenas histórias são colocadas juntas? Qual a força do ínfimo como agente de transformação, quando sustentado com cuidado ao longo do tempo? O que a diversidade de vozes baixas pode contar sobre nosso mundo diante da homogeneização e a histeria dos comportamentos? – completa.

Serviço:

“Para sempre até”

Exposição individual simultânea das artistas Cláudia Tavares e Renata Cruz

Curadoria: Jozias Benedicto

Galeria Ibeu – Rua Maria Angélica, 168 – Jardim Botânico

Abertura para convidados: 8 de maio, das 18h às 21h

Visitação: 9 a 31 de maio de 2024

Horário de visitação: segunda a quinta, de 13h às 19h; sextas, de 12h às 18h.

Entrada franca – sem restrição de idade

Sobre a artista Claudia Tavares:

Claudia Tavares é Doutora em Processos Artísticos Contemporâneos, pelo Instituto de Artes da UERJ, e Mestre em Linguagens Visuais pela EBA/UFRJ. Seu trabalho se apoia principalmente nas linguagens da fotografia e do vídeo, em diálogo com objetos, desenhos e cadernos de artista, sendo orientado por um pensamento de montagem instalativa. Desde 2014, sua pesquisa vem questionando as possíveis relações entre arte e natureza na contemporaneidade, a partir de imersões em florestas e matas, e no pensamento sobre a circularidade do tempo, que acredita que todo corpo, vivo, em deslocamento ou não, tem uma trajetória inevitável em comum: o tempo.

Sobre a artista Renata Cruz:

Renata Cruz vive e trabalha entre São Paulo e Santos. Em seu trabalho procura criar narrativas abertas e não lineares, onde estão presentes diferentes visões, vozes e outras manifestações da vida. Se apropria de recortes de textos literários, ouve relatos e histórias pessoais e os organiza com imagens e fragmentos do mundo. Graduada em Comunicação Visual pela UNESP e Educação Artística, pela UNAERP, fez também cursos como aluna estrangeira na Faculdade de Belas Artes da Universidade Complutense de Madrid, Espanha e pós-graduação em Arte Integrativa na Anhembi Morumbi, São Paulo. Como educadora, além de sua prática de oficina, participa de projetos colaborativos que conectam arte, educação e pensamento autônomo.