O musical “O Admirável Sertão de Zé Ramalho” tem colecionado diversos êxitos de crítica e público em sua temporada de estreia, no Teatro Prudential, no Rio de Janeiro, e representa um momento muito especial na carreira de Muato. No espetáculo, o multiartista sobe ao palco e se destaca interpretando um jovem Zé Ramalho tentando conhecer o mundo de sua terra natal e, ao mesmo tempo, se conhecendo. Além disso, assina a elogiadíssima direção musical com Plínio Profeta. Ele fala sobre o desafio de estar nessas duas frentes.
– Foi um grande desafio estar nessa dupla função dentro do projeto. No que diz respeito à direção musical, percebo que a densidade da obra do Zé Ramalho fez com que o processo criativo dentro do espetáculo tenha sido inicialmente bastante cauteloso, pois o objetivo era passar a mensagem do compositor acima de qualquer coisa. Conversei bastante com o Plínio Profeta, com quem divido essa função, sobre isso. Então, o caminho foi o de absorver a musicalidade do Zé e deixar ela passar por nós da forma mais livre possível, para então chegar ao público com honestidade e profundidade – revela.
Sobre a conexão com o homenageado, Muato conta que a peça tem sido uma oportunidade não apenas para um aprofundamento na sua obra como nunca havia feito, mas também para voltar o olhar às raízes do Brasil e da sua forma de fazer música.
– Eu já conhecia muitas músicas do Zé Ramalho, mas ainda não tinha um panorama tão completo de suas criações, os aspectos místicos, filosóficos, a poesia recheada de referências e a musicalidade fluida que passeia por diversos gêneros. Enfim, todas essas características me encantaram. Sinto que ele me reconectou a uma ideia de Brasil que vinha se perdendo de mim. Uma música que nasce do ímpeto de se existir nessa terra – reflete.
No palco, ele canta, toca e atua, encarnando Zé Ramalho na sua juventude de incertezas, descobertas e busca pela sua marca como artista, questões com as quais se identificou pela sua trajetória.
– Eu represento o Zé Ramalho em uma fase de descoberta. O momento em que ele ouve rádio pela primeira vez, em que começa a tocar e descobre a música dele, sua identidade, seu DNA de artista. Identifiquei-me muito com esse momento por ser também compositor e ter que lidar com as angústias e as delícias da criação. Fiquei imaginando as catarses e os momentos de “ficha caindo” que fizeram ele chegar ao ponto de decifrar a alquimia que colocaria de pé a sua grande obra – destaca.
“O Admirável Sertão de Zé Ramalho” está em cartaz de quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 18h, no Teatro Prudential, na Glória, até 29 de outubro. Mais informações em https://bileto.sympla.com.br/
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