Baseado em “Os Jardins e a Noite”, terceiro e mais premiado livro de Vicente Franz Cecim, o espetáculo Jardins de Andara traz pela primeira vez o universo literário do escritor paraense para o teatro. A narrativa faz parte de um conjunto de 23 obras que reimagina a Amazônia como um território mítico, espiritual e simbólico. Idealizado e interpretado por Eli Emiliano Corrêa, o solo propõe ao público uma jornada reflexiva e criativa sobre temas universais da vida, da morte, da espera e da busca por sentidos. A temporada acontece no Teatro Ruth de Souza, no Parque Glória Maria, até dia 30 de novembro.
Jacinto, um homem cego, espera na janela a volta de uma ave anunciada. O Curau. Morador de Santa Maria do Grão, como um profeta, guarda memórias dessa região amazônica, de um tempo em que, segundo ele, ainda não enxergava de fato. Jacinto ouve no vento histórias do local entre a cidade e a mata, e conta a quem chega suas esperanças e ouve e sente a presença de algo maior que observa a todos. Esse algo é Andara.
Segundo Eli, “O jardim é a parte visível de algo maior, a floresta, a cidade, a vida. Andara é o lado invisível da vida. Andara pode ser a Floresta, pode ser a atmosfera local, pode ser uma face oculta e feminina de Deus, Andara é uma entidade com outra moral que não branca, que não da civilização”, explica.
A dramaturgia, adaptada por And Romano, mergulha em uma narrativa não linear, repleta de lacunas e símbolos, que convidam o público a criar junto da construção cênica “Adaptar Cecim foi um desafio e um deleite. Sua obra, como a de Guimarães Rosa, traz histórias do homem de uma região que o põe a prova no limite da existência, conjugando o local com o universal, e com uma boa dose de neologismo em ambos os casos.”, revela And.
Sob a direção de Mika Makino, Jardins de Andara recebe influências da dança butô de Kazuo Ohno. A forma é o conteúdo da criação, concebida para evocar a relação profunda entre o jardim (sonho) e a noite (sono) da Amazônia. A cena não se propõe a representar, mas a sugerir, instigando o espectador a imaginar e a ver o invisível. Por meio de pistas coreográficas e cênicas, a montagem envolve o público numa atmosfera sensorial que é, em si, o ambiente onírico.
O espetáculo oferece um contraponto às atuais narrativas produzidas sobre a Amazônia, que frequentemente são atreladas às mazelas sociais e à exploração: “trazemos o lugar da memória e da imaginação, do saber popular e de um imaginário local que reflete questões universais. Enquanto o mundo olha pra Belém por conta da COP 30, trazer a literatura de um homem da Amazônia, do Pará, apresenta outro tipo de conversa, outra forma de contar a região através da arte. Nosso desejo é dar visibilidade ao trabalho do Cecim e tantos outros artistas da palavra e do palco que vêm dessa região.”, conclui.
Sobre o idealizador
Ator, produtor e pesquisador, Eli Emiliano Corrêa começou sua trajetória no teatro em Belém (PA), formou-se pela EMART (Macaé/RJ) e é mestre em Artes Cênicas pela UNIRIO. Desde então, vem se dedicando a espetáculos que resgatam narrativas brasileiras. Após Aimberê (2022), inspirado em A Guerra dos Tamoios de Ailton Quintiliano; e Karaíba (2025), baseado no livro homônimo de Daniel Munduruku, Jardins de Andara consolida seu percurso de criação voltado à brasilidade e à memória.
Em 2026, o espetáculo segue para Belém do Pará para uma temporada na terra natal de seus criadores.
Jardins de Andara é uma realização da Nossa Criação, produtora comprometida em desenvolver projetos que valorizem as raízes culturais brasileiras e revelem novos modos de ver o país.
SERVIÇO
- Local das apresentações: Teatro Ruth de Souza – Parque Glória Maria (Antigo Parque das Ruínas)
- Endereço: Rua Murtinho Nobre, 169 – Santa Teresa – Rio de Janeiro/RJ
- Dias: de 22 a 30 de novembro (sábados e domingos)
- Horários: 17h
- Duração: 70 minutos.
- Classificação indicativa: 12 anos.
- Teatro adulto.
- Endereço de venda dos ingressos: ingressosriocultura.com.br ou na bilheteria do teatro
FICHA TÉCNICA
- Da obra de Vicente Franz Cecim
- Dramaturgia: And Romano
- Direção: Mika Makino
- Atuação: Eli Emiliano Corrêa
- Direção de Arte: Marianna Ladeira
- Cenário: Kíssila Brasiliano e Marianna Ladeira
- Figurino: Marianna Ladeira
- Pesquisa Musical e Trilha Sonora: Carla Muzag
- Preparação Vocal: Carla Muzag
- Iluminação: Fernanda Mantovani
- Direção de Produção: Eli Emiliano Corrêa
- Consultoria em Produção Executiva: Inspira Projetos Artísticos
- Design de Mídias: Helen de Freitas
- Fotografia: Daniela Dacorso
- Assessoria de Imprensa: Mar Comunicação
- Realização: Nossa Criação
PARCERIAS
- Inspira Projetos Artísticos
- Carla Muzag
- Daniela Dacorso
- Casa Azul
