Dobras da Folia: Pop e Popular

Festival celebra os mestres do samba, dos enredos da Sapucaí ao universo cotidiano, e leva a magia dos barracões para a Casa Brasil e Alpha Bar, a partir do dia 2 de dezembro - Programação inclui rodas de samba, cortejo, homenagem a Jamelão, Joãosinho Trinta e Fernando Pinto, oficinas com grandes carnavalescos e conversas-cantadas 

por Jorge Rodrigues
BORA E HADDAD foto de MARCO TERRANOVA RIOTUR Grande Rio Nosso destino é ser onça Grande Rio 2024

Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Política Nacional Aldir Blanc, apresentam o festival DOBRAS DA FOLIA: POP e POPULAR. Em sua 2ª edição, o Festival Dobras da Folia chega com leveza e festa para ocupar a Casa Brasil (antiga Casa França-Brasil) e a Orla Conde, em frente ao Alfa Bar, no Centro do Rio de Janeiro, entre os dias 2 e 14 de dezembro. Organizado pela Caju, com produção da V Arte, curadoria geral de Daniela Name e curadoria adjunta do escritor Marcelo Moutinho e da jornalista Domi Valansi, o evento multiartístico propõe uma reflexão vibrante sobre os desfiles das escolas de samba, patrimônio cultural imaterial do Rio de Janeiro, a partir da trajetória de figuras-chave, como o cantor Jamelão (1913-2008) e os carnavalescos Fernando Pinto  (1945-1987) e Joãosinho Trinta (1933-2011).

Com o subtítulo “Pop e Popular”, esta edição celebra esses três artistas que transitaram entre a grandiosidade das avenidas e os circuitos culturais do samba carioca. Todos eles sabiam da importância da comunicação de massa: seus trabalhos dialogavam tanto com a multidão da Sapucaí quanto com o público televisivo, e tinham raízes profundas nos saberes da cultura popular brasileira.

“O ‘Dobras da folia’ é um festival que destaca, analisa e debate as múltiplas linguagens dos desfiles das escolas de samba, o maior patrimônio cultural do Rio de Janeiro”, diz a curadora Daniela Name. “Este ano demos dois passos importantes para a 2a edição do festival. Estamos de fato em festa, celebrando o samba em rodas, conversas cantadas e batucadas; e documentando o pensamento crítico sobre a visualidade da avenida em quatro livretos e uma publicação objeto”, avalia Name.

Uma ambientação que é desfile

Uma das salas da Casa Brasil receberá ambientação que evoca os desfiles de  Fernando Pinto e Joãosinho Trinta, lembrando que eles introduziram, no corpo do enredo, a vocação para o delírio que sempre esteve no espírito do carnaval carioca, dos coretos de subúrbio aos antigos ranchos e sociedade. Neste espaço, onde são lembrados desfiles como A Lapa de Adão e Eva (1985), de Joãosinho, e Tupinicópolis (1987), de Fernando Pinto, estão programados debates e um seminário em parceria com a UERJ.

Também acontecem ali imersões gratuitas com carnavalescos como Leandro Vieira (fantasia), Jorge Silveira (desenho), Jack Vasconcelos e Annik Salmon (enredo) e Leonardo Bora e Gabriel Haddad (processos experimentais). As vagas são gratuitas e limitadas, com inscrição pela plataforma Sympla a partir das 10h do dia 27 de novembro, quinta-feira.

Conversas cantadas

O festival busca destacar que o carnaval e seus artistas detém saberes expressos de modos diversos, que não seguem padrões acadêmicos e europeis. Nada mais natural, então, que no universo que tem o samba como seu coração, as conversas sejam cantadas.

No dia 3, às 17h30, acontece a conversa-cantada “As Áfricas no samba enredo”, reunindo o historiador Luiz Antonio Simas e o intérprete Pixulé, do Paraíso do Tuiuti, na Casa Brasil.

No dia 4, às 18h, o Alfa Bar recebe uma celebração ao compositor Paulo César Feital, autor de sucessos como Saigon, gravada por Emilio Santiago, e Cinelândia, imortalizado por Beth Carvalho e também de sambas enredo como os da Acadêmicos de Niterói para 2026 e os da Mocidade Independente de Padre Miguel e da Viradouro em 2025. Considerado um dos maiores letristas da Sapucaí, Feital será acompanhado na conversa cantada pelo violonista Rubinho Jacob e o crítico musical Hugo Sukman.

Debate e autógrafos

No dia 11, também às 17h30, o pensador Milton Cunha, a artista Rafa BQueer e a crítica Daniela Name, debatem o “Delírio nos enredos de Fernando Pinto e Joãosinho Trinta”, seguido de lançamentos e sessões de autógrafos de livretos com ensaios críticos e depoimentos sobre Rosa Magalhães, Leonardo Bora e Gabriel Haddad Leandro Vieira, Renato Lage, e uma publicação-objeto para  os homenageados Pinto e Joãosinho, com folders que viram pôsteres.

Oficinas

No dia 9, a mestra da Beija-Flor, Laísa, filha do grande Laíla, oferece uma oficina de tamborim às 17h, com 20 vagas gratuitas para portadores de um instrumento e aberta a todos que quiserem assistir.

No dia 12, às 16h, a rainha de bateria da Mangueira, Evelyn Bastos conduz a oficina aberta “O Pensamento que Dança”, ao lado da rainha de bateria do Império Serrano Quitéria Chagas convidando os participantes a refletir sobre como o pensamento de um carnavalesco se traduz em movimento, cor e ritmo.

Samba em rodas e cortejo e uma batucada para Ciça

No dia 6, sábado, acontece no Alfa Bar uma homenagem a Jamelão, com repertório que vai de Lupicínio Rodrigues a Dorival Caymmi e Ary Barroso, celebrando não só sua presença nos desfiles, mas também o legado fora da avenida, afinal, Jamelão é amplamente reconhecido por interpretar Lupicínio com grande maestria. Cantores convidados vão percorrer o repertório do grande intérprete da Mangueira em seus tempos de crooner.

No dia 13, às 15h, a Casa Brasil sedia “Uma batucada para Ciça”, dentro do programa FALA, MESTRE, que registra a memória dos mestres de bateria do carnaval carioca, coordenado pelo jornalista Carlos Gil. Mestre Ciça, enredo da Viradouro, conversará com o jornalista e com o carnavalesco Tarcísio Zanon e João Gustavo Melo. Além disso, mestres de todas as baterias do Grupo Especial serão convidados para “Uma batucada para Ciça” ao lado dos ritmistas da escola vermelho-e-branco de Niterói.

No encerramento, no dia 14, domingo, sai o Cortejo “Pra Você Heitor”: criado por Gabriel Haddad e Leonardo Bora, o desfile homenageará Heitor dos Prazeres, artista multifacetado: pintor, compositor, cenógrafo e figurinista. Heitor foi um dos pioneiros do samba carioca, cofundador de escolas como Estácio, Mangueira e Portela. O cortejo parte da Casa Brasil rumo ao Alfa Bar e culmina no Baile do Heitor, uma roda de samba com os sucessos icônicos dele como “Pierrot Apaixonado”.

DOBRAS DA FOLIA – SEMANA 1

DIA 2 DE DEZEMBRO, TERÇA – DIA DO SAMBA

10h Abertura OCUPAÇÃO DELÍRIOS, em homenagem a Fernando Pinto e Joãosinho Trinta – CASA BRASIL

10h às 13h – IMERSÃO LEANDRO VIEIRA: PROCESSOS DE CRIAÇÃO EM FANTASIA – 30 vagas gratuitas pelo Sympla – CASA BRASIL: SALA OCUPAÇÃO E CURSOS

DIA 3 DE DEZEMBRO, QUARTA

10h às 13h – IMERSÃO JORGE SILVEIRA: DESENHO – 30 vagas gratuitas pelo Sympla – CASA BRASIL – SALA OCUPAÇÃO E CURSOS

17h30 – ÁFRICAS NO SAMBA ENREDO – conversa cantada com LUIZ ANTONIO SIMAS + PIXULÉ  –  CASA BRASIL – SALA OCUPAÇÃO E CURSOS

DIA 4 DE DEZEMBRO, QUINTA

18h – PAULO CÉSAR FEITAL – SAMBA E SAMBA ENREDO – Conversa cantada mediada por Hugo Sukman – ALFA BAR

DIA 6 DE DEZEMBRO, SÁBADO

13h – HOMENAGEM A JAMELÃO com NINA ROSA E RODA JEQUITIBÁ repertório que vai de Lupicínio Rodrigues a Dorival Caymmi e Ary Barroso, celebrando não só a presença do grande intérprete da Mangueira no Carnaval carioca, mas também seu  legado fora da avenida como crooner.   –  ALFA BAR

SEMANA 2

DIA 9 DE DEZEMBRO, TERÇA

14h às 17h – IMERSÃO – Annik Salmon e Jack Vasconcelos – Processos de enredo –  30 vagas gratuitas pelo Sympla – CASA BRASIL – SALA OCUPAÇÃO E CURSOS

17h30 – FALA, MESTRE  – Oficina com Laísa, mestra de bateria Beija-Flor de Nilópolis  – tamborim 20 vagas gratuitas pelo Sympla  – CASA BRASIL – SALA OCUPAÇÃO E CURSOS

DIA 10 DE DEZEMBRO, QUARTA

10h às 13h  PESQUISA EM DIÁLOGO – seminário em parceria com a UERJ com pesquisadores de Carnaval – CASA BRASIL – SALA OCUPAÇÃO E CURSOS

DIA 11 DE DEZEMBRO, QUINTA

10h às 13h – PESQUISA EM DIÁLOGO seminário em parceria com a UERJ com pesquisadores de Carnaval – CASA BRASIL – SALA OCUPAÇÃO E CURSOS

14h às 17h – IMERSÃO LEONARDO BORA E GABRIEL HADDAD – processos experimentais  – 30 vagas gratuitas pelo Sympla  –  CASA BRASIL – SALA OCUPAÇÃO E CURSOS

17h30 – DELÍRIOS DE FERNANDO PINTO E JOÃOSINHO TRINTA – DEBATE COM Milton Cunha, Rafa BQueer e Daniela Name – CASA BRASIL

18h30 – Lançamento DOS LIVRETOS DOBRAS DA FOLIA  – CASA BRASIL

18h30 – DJ Jorge Lz mesclando samba e outros gêneros musicais – CASA BRASIL

DIA 12 DE DEZEMBRO, SEXTA

10h às 13h – PESQUISA EM DIÁLOGO – seminário em parceria com a UERJ com pesquisadores de Carnaval – CASA BRASIL – SALA OCUPAÇÃO E CURSOS

16h – PENSAMENTO QUE DANÇA OFICINA E DEPOIMENTOS DE EVELYN BASTOS, Rainha de bateria da Mangueira, e QUITÉRIA CHAGAS, Rainha de bateria do Império Serrano  CASA BRASIL

DIA 13 DE DEZEMBRO, SÁBADO

14h30 – BATUCADA PARA CIÇA – FALA, MESTRE – com a presença do carnavalesco Tarcísio Zanon, o enredista João Gustavo Melo e ritmistas da Viradouro, outros mestres de bateria do grupo especial participarão da homenagem à Ciça – CASA BRASIL

DIA 14 DE DEZEMBRO, DOMINGO 

10h – Concentração PRA VOCÊ, HEITOR –  Cortejo em homenagem a Heitor dos Prazeres, enredo da Unidos de Vila Isabel (Gabriel Haddad e Leonardo Bora) – CASA BRASIL

11h – Cortejo Heitor – Orla

LIVRETOS DOBRAS DA FOLIA – quatro livretos e um livro-objeto

PUBLICAÇÃO-OBJETO DELÍRIOS – Distribuição gratuita

Em homenagem a Fernando Pinto e Joãosinho Trinta, carnavalescos que introduziram de modo radical os enredos fabulosos e imaginários a partir dos anos 1970. Formada por 7 folders, que se transformam em 7 posters A2, cada um com um texto específico. Apresentação de Milton Cunha e Daniela Name; Alan Diniz escreve sobre A Lapa de Adão e Eva, de Joãosinho; Rafa BQueer escreve sobre Lafond nos desfiles de Joãosinho; Debora Moraes escreve sobre Alice no Brasil das Maravilhas, de Joãosinho; Leonardo Bora escreve sobre Alô, alô, taí, Carmen Miranda, de Fernando Pinto; Jack Vasconcelos escreve sobre Ziriguidum 2001 e Tupinicópolis, de Fernando Pinto; e Thales Valoura escreve sobre Como era verde o meu Xingu, de Fernando Pinto, e a exposição do artista na Galeria Cesar Aché (1983).

LIVRETOS

Livros de pequenos formatos, com textos e/ou depoimentos, que se desdobram também em uma sanfona com 10 postais destacáveis com imagens (fotos e croquis) dos desfiles e artistas abordados.

O Lampião de Leandro Vieira, por Pedro Ernesto Freitas Lima

Devorações – Exus e onças de Bora e Haddad, por Daniela Name

Uma Rosa pro infinito, depoimentos de João Vitor Araújo e Jorge Silveira (participação de Angélica Ferrarez)

Criador e criatura — 30 anos, de Izak Dahora e Carlos Gil

Serviço:

DOBRAS DA FOLIA 

De 02 a 14 de dezembro

Casa Brasil (R. Visconde de Itaboraí, 78 Centro)

Terça a Domingo de 10–17h (com horário estendido em dias de evento)

Alpha Bar (Rua do Mercado, 34/Boulevard Olímpico Centro)

Entrada Franca

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