Completando uma década de trabalho realizado em hospitais da rede pública do Rio de Janeiro, o projeto “Conexão do Bem – Novos Territórios 2022” tem motivos de sobra para comemorar. Retornando ao formato presencial com seus já famosos cortejos artísticos, a trupe formada pelos atores Felipe Haiut, Laura Araújo, Mag Pastori, Nina da Costa Reis e Pedro Nêgo segue sua bem-sucedida trajetória de colaboração na melhoria de um estado geral dos pacientes dos hospitais atendidos e da qualidade da saúde pública. Nesta reta final do ano, sob patrocínio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, recebem as intervenções artísticas o Hospital Federal de Bonsucesso (29/11), Hospital Estadual da Criança, Hospital Estadual Carlos Chagas (30/11) e INCA (1º/12), em parceria com o Inca Voluntário.
Enquanto profissionais de saúde e pacientes batalham pela vida, os integrantes da Conexão do Bem levam aos hospitais música e teatro como forma de apoio e afeto, possibilitando que a arte transforme os ambulatórios e pediatrias e cheguem a milhares de pessoas, levando inspiração e força para o enfrentamento das adversidades. “A comemoração pelos 10 anos está sendo marcada pelo retorno presencial e pela expansão do projeto no lado artístico, que já era um sonho nosso. A longo prazo, queremos capacitar cada vez mais artistas nas ações para, assim, ampliar o atendimento a esses hospitais de forma responsável”, planeja Felipe Haiut.
O preparo do grupo, porém, vai muito além do que se vê pelos corredores e enfermarias. “Neste processo de retorno, buscamos entender o que a pandemia de Covid-19 causou emocional e fisicamente nas pessoas que trabalham nestes espaços. Precisamos compreender a situação do material humano, o provável cansaço de muitos desses profissionais e como podemos somar levando em conta este novo momento”, considera Laura Araújo que, assim como os demais integrantes, não parou o trabalho em 2020 e 2021, período que abrange o auge da pandemia.
Nesta fase, a Conexão garantiu a continuidade das ações artísticas e a poesia no dia a dia de pacientes e profissionais de saúde através de ações virtuais nos hospitais parceiros e ampliou a intervenção artística para novos hospitais públicos do Rio de Janeiro. No período, foram produzidos pelo projeto mais de 60 vídeos, recebendo 26 convidados especiais, homenageando 24 profissionais da saúde, realizando 24 sessões de cinema nos hospitais e gerando através deste conteúdo mais de 100 mil visualizações nas redes sociais do projeto.
No mesmo período, a Conexão do Bem também desenvolveu o “Encontros do Bem”, um bate-papo divertido entre os integrantes, um artista conhecido do público e um especialista do tema debatido, promovendo reflexões sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida dentro e fora do ambiente hospitalar. Desta ação já participaram artistas como Jonathan Azevedo, Fabiula Nascimento, Babu Santana, Aline Borges e Elisa Lucinda, entre outros. Nas enfermarias, a Conexão já levou aos cortejos Dandara Mariana, Carol Garcia, Fabiula Nascimento, Romulo Estrela, Emilio Dantas, David Junior e Pedroca Monteiro, entre outros artistas convidados.
“Tivemos que aprender a realizar essas intervenções através de vídeo, gerando conteúdo dentro do que era o possível naquele momento. A pandemia nos trouxe isolamento, o que gerou muito distanciamento afetivo, e todos vimos o quanto a arte neste período se tornou uma espécie de salvação – as pessoas consumiam séries, filmes, músicas, livros… Então, retornar com a arte no âmbito da saúde nos ajuda a reforçar a compreensão de que ela auxilia no processo de cura. Num momento em que tudo está caminhando para o metaverso, vemos o quanto a arte presencial faz diferença e auxilia na cura das pessoas”, analisa Nina da Costa Reis.
Se a realidade nos hospitais já era dura e maçante, após este momento de linha de frente de combate à Covid-19 são ainda mais necessárias as ações do Conexão do Bem. “Desejamos mais do que nunca entrar e fazer com que a expressão aconteça, porque é através dela que a ajuda para a cura acontece internamente. Além disso, existe um aspecto de cidadania muito importante, porque 70% da população nacional faz uso do SUS e, destas pessoas, muitas nunca tiveram um contato presencial artístico com a música ou o teatro, por exemplo. E isso acaba acontecendo neste momento de tratamento médico”, finaliza Nina.