Foto de Henrique Esteves

A Semana Nacional de Combate à Intolerância Religiosa fechou com chave de ouro na Praça Cinelândia, com Padre Omar, Pastor Kleber Lucas e Grupo Awure

Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco e o presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues, também marcaram presença

por Redação

A Semana Nacional de Combate à Intolerância Religiosa começou na quarta (dia 18), com debates, no CCJF – Centro Cultural da Justiça Federal do RJ, seguindo até dia 21. Foram 4 dias intensos, com exibição de filmes, muito diálogo inter-religioso, trocas de experiências, apresentações culturais e lançamento do II Relatório Sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe, produzido numa parceria do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) e a UNESCO. O relatório trouxe como fonte: casos e dados apresentados pela CCIR, pelo Ministério da Família Mulher e Direitos Humanos (Disque 100) entre 2019, 2020 e 2021 e o Instituto de Segurança Pública (ISP) entre os anos de 2019, 2020 e 2021, dados sobre islamofobia, racismo e intolerância religiosa contra as comunidades Kaiowá e Guarani e antissemitas. Organizado pelo Observatório de Liberdades Religiosas (OLIR), é o 1º e único no mundo com dados tão completos. O relatório inova ao apresentar as denúncias de intolerância contra os povos indígenas e um panorama da América Latina e Caribe através do trabalho em conjunto com “Acredite no Plural”, Otros Cruces e a Rede Latino-Americana e do Caribe pela Democracia (REDLAD) entre 2021 e 2022.

As atividades começaram com o VI Seminário Liberdade Religiosa, Democracia e Direitos Humanos & I Seminário Internacional Liberdade Religiosa, Democracia e Direitos Humanos, com diversas mesas com debates. Recebendo Mônica Francisco, Dr. Hédio Silva Júnior – Coordenador Executivo do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras, Martha Rocha – Presidente da CPI contra de Intolerância Religiosa, cineasta Sílvio Tendler, além de Doutores, Desembargadores, entre outros.

“A participação  da DPU é inicialmente uma oportunidade  de apresentarmos aos membros das comunidades religiosas nossos serviços para prestação  de assistência  jurídica aos hipervulneráveis , individualmente ou coletivamente, como instrumento de  resistência  aos atos contrários às liberdades religiosas e de culto. Mas ao mesmo tempo, e talvez até  mesmo mais relevante, é também  uma oportunidade  de aprimoramento  de nossos conhecimentos sobre quem são  e quais são as expectativas destas minorias religiosas enquanto sujeitos de direito. Desta forma parabenizamos o babalorixá Ivanir Santos e toda a equipe do CEAP pela resiliência na luta contra a intolerância religiosa e sobretudo pelas oportunidades que são dadas à DPU para que nossa instituição possa cumprir seu papel constitucional  na luta por uma sociedade plural e mais justa”, declarou Dr. José Roberto Tambasco – Defensor Público Federal, Representante na Região Sudeste do Grupo de Trabalho Sobre Comunidades Tradicionais DPU e no Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais.

No segundo dia (19), o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, recebeu duas importantes lideranças no CCJF – Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco e o presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues, com auditório lotado. Acompanhada da mãe Marinete, a ministra da Igualdade Racial, encerrou a programação de quinta. Ovacionada quando chegou ao evento, provocando o maior alvoroço, Anielle, declarando que seu ministério será o da escuta de todos. “Por causa da perda da minha irmã, relutei a aceitar o convite e fiquei em dúvida sobre qual era a minha missão, mas aceitei e agora vamos até o fim. Sonho com o dia em que vamos eleger um homem ou uma mulher negra presidente ou vice-presidente deste país”, concluiu. 

O sacerdote Ivanir dos Santos lembrou da vereadora Marielle Franco e observou que: “O ministério será de Anielle e Marielle”. E finalizou: “Nós ocupamos uma casa como essa, o CCJF, que já foi o Supremo Tribunal Federal (STF), e não destruímos nada”. levando todos às gargalhadas.

O Presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues, disse estar honrado em participar da atividade, que é preciso atuar efetivamente no combate à intolerância religiosa e o racismo, fez duras críticas ao governo anterior: “Houve uma tentativa de esquecer as 80 personalidades negras que estavam na lista de personalidades homenageadas (pelo órgão). Além disso, houve uma tentativa de tirar o símbolo de Xangô da Fundação. Isso só demonstra um ataque a nós e ao povo negro”, argumentou Rodrigues, logo q chegou no CCJF. 

O Babalawô entregou pessoalmente aos dois ministros um exemplar do documento de Subsídios Para o Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. O professor Ivanir dos Santos destaca a importância do plano de combate à intolerância religiosa, onde pontuou: “o direito à fé é fundamental para garantir a democracia e promover a liberdade”.

Na sexta (20), terceiro dia de atividade, o CCJF exibiu os documentários “Fé e Fúria”, “Bangbala, que eu Receba Riqueza“ e “Tenho Fé”. Além de roda de conversa com alunos de e prof da Universidade de Princeton (EUA).   

E no sábado, 21 de janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa – Criada para alertar sobre o problema da intolerância gerado pelo desrespeito às diversas crenças existentes no mundo. A data fechou a programação com uma grande atividade. Iniciando com procissão do Zé Pelintra, concentrado nos Arcos da Lapa e seguiu pelas ruas até a Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, reuniu devotos de uma das mais populares entidades das religiões de matriz africanas e que enfrentam discriminação por causa da fé. “Hoje estamos unidos pela fé para dar uma resposta social àqueles que querem banir qualquer coisa que seja pautada em cima do amor de cada um sobre a sua fé”, declarou o presidente institucional do Santuário de Zé Pelintra, na Lapa, Diego Gomes.

Na Praça Cinelândia, o Festival Cultural Inter-religioso “Cantando a Gente se Entende”, contou com um encontro cultural inter-religioso, com em torno de 12 tentas, trazendo vivências religiosas de diversos segmentos. Rodas de conversa durante o dia, apresentações musicais como muçulmanas, danças com representantes da União Cigana do Brasil, Wicca, Hare Krsna, indígenas, entre outros.

No fim da tarde, o palco principal recebeu o Maestro Ricardo Szpilman e a Orquestra de Rancho. Seguido com a exibição de lançamento do curta metragem/álbum visual “Macumbeira”, de autoria da cantora e atriz Jéssica Ellen. O vídeo apresenta 5 músicas, cada uma em homenagem a um Orixá representativo das religiões afro-brasileiras. 

Padre Omar fez uma apresentação contagiante e colocou todo mundo pra dançar. A apresentação do grupo Awure foi um arraso – criado com o objetivo de exaltar e resgatar a importância da identidade e consciência ancestral, através da música, cânticos e dança, papel da representatividade negra e o seu protagonismo, cultural e social. O ícone gospel Kleber Lucas fechou a Semana Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, que promoveu um festival com lideranças de diversas crenças. O cantor pontuou a retomada da democracia e comemora mais esta vitória contra a intolerância religiosa: “a luta pela tolerância religiosa é uma luta de todos, pois busca a defesa da liberdade e do respeito às diferenças”.

“O importante para nós é a diversidade. Não existe democracia com intolerância religiosa. Não existe democracia com misoginia, com racismo, com homofobia. Democracia só existe com estado laico e diversidade”, declarou Ivanir dos Santos, que vem há anos chamando a atenção da sociedade civil e as autoridades públicas para os riscos antidemocráticos diante do crescimento dos casos de intolerância religiosa em toda a sociedade e em todos os continentes.

João Jorge, da Palmares, esteve também na atividade de sábado e também comentou sobre a importância dessa união. “É contribuir para um Brasil com ideias, do ponto de vista da liberdade religiosa. Colocar amor no lugar do ódio, da intolerância”, declarou. 

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