A Última Sessão de Freud

Dirigido por Elias Andreato, a partir da comédia do americano Mark St. Germain, o espetáculo traz o encontro fictício entre Sigmund Freud (Odilon Wagner) e o escritor C.S. Lewis (Marcello Airoldi) para mostrar que é possível que duas pessoas que pensam absolutamente diferente, se sentem, conversem e se respeitem

A Última Sessão de Freud
A Última Sessão de Freud - foto: João Caldas

A trama do premiado autor americano Mark St. Germain apresenta um encontro fictício entre Sigmund Freud (Odilon Wagner) e o escritor, poeta e crítico literário C.S. Lewis (Marcello Airoldi), dois intelectuais que influenciaram o pensamento científico filosófico da sociedade do século 20. Durante esse diálogo, Freud, crítico implacável da crença religiosa, e C.S. Lewis, renomado professor de Oxford, crítico literário, ex-ateu e influente defensor da fé baseada na razão (autor de clássicos como O Regresso do Peregrino e a trilogia infanto-juvenil  As Crônicas de Nárnia), debatem de forma apaixonada, o dilema entre ateísmo e crença em Deus. Freud quer entender por que um ex-ateu, um brilhante intelectual como C.S. Lewis, pode, segundo suas palavras, “abandonar a verdade por uma mentira insidiosa”, tornando-se um cristão convicto.

 No gabinete de Freud, na Londres de 1939, o pai da psicanálise, e o escritor C.S. Lewis conversam sobre a existência de Deus, mas o embate verbal se expande por assuntos como o sentido da vida, a natureza humana, sexualidade, religião e relações humanas, nenhum assunto é tabu ou complexo demais para esses intelectuais, resultando em um espetáculo que se conecta profundamente com o espectador através do humor, da sagacidade e do resgate da escuta como ponto de partida para uma boa conversa. O sarcasmo e ironia rondam toda essa discussão. As ideias contundentes ali propostas nos confundem, por mais ateus ou crentes que sejamos.

 “O interessante é que todos esses temas existenciais não são papo-cabeça. A peça não é feita para bolhas de intelectuais, filósofos, psicólogos ou religiosos; é feita para o público. Não é aula, não precisa conhecer a obra deles para curtir o espetáculo. É uma discussão que todo ser humano, uma vez ou outra na vida, já teve sobre esses temas”, destaca Odilon Wagner.

 O texto de Mark St. Germain é baseado no livro Deus em Questão, escrito pelo Dr. Armand M.Nicholi Jr., professor clínico de psiquiatria da Harvard Medical School, que aborda as diferenças filosóficas entre Freud e Lewis. Após a leitura, St. Germain imaginou que aquelas enormes diferenças poderiam dar um bom confronto dramático.

 “Eu sabia que, para a plateia aceitá-los, eles tinham que ser pessoas, não ícones. Injetar humor foi a maneira de fazer isso. A peça mostra um embate de ideias. Isso é uma armadilha, e eu não queria que o espetáculo se transformasse em um debate. Por isso, pelo bem da ação dramática, situei o encontro entre Freud e Lewis no dia em que a Inglaterra ingressou na Segunda Guerra Mundial. Então, são dois homens no limite, sabendo que Hitler poderia bombardear Londres a qualquer minuto”, declara Mark St. Germain.

O diretor Elias Andreato optou por uma encenação que valorize a palavra, construindo as cenas de modo que o texto seja o protagonista e as ideias estejam à frente de qualquer linguagem.

 “O Teatro é uma forma de arte onde os atores apresentam uma determinada história que desperta na plateia sentimentos variados. É isso o que me interessa: despertar sentimentos e acreditar na força de se contar uma história. É muito prazeroso brincar de ser outro e viver a vida dessa pessoa em um cenário realista, com figurino de época, jogando com ficção e realidade. Isso é uma realização para qualquer artista de teatro. E é assim que defino essa experiência de me debruçar sobre a obra teatral de Mark St. Germain”, comenta Andreato.

O cenário citado pelo diretor é assinado por Fábio Namatame, foi indicado ao Prêmio Shell Melhor Cenário e reproduz o consultório onde Freud desenvolvia sua psicanálise e seus estudos. Ele estava exilado na Inglaterra depois de ter fugido da perseguição nazista na Áustria, em plena segunda guerra mundial, no ano de 1939.

Marcelo Airoldi, intérprete de C.S. Lewis, se refere a peça como um verdadeiro elogio ao diálogo: “Freud e Lewis são pessoas com ideias completamente diferentes, mas sendo inteligentes podem dialogar. Ideias diferentes são muito melhores do que ter uma ideia só.”

Odilon Wagner complementa o colega de cena: “É uma discussão que não tem vencedores. A coisa mais bonita do espetáculo é que ninguém ganha de ninguém, o que é mais interessante é que as reflexões chegam para cada um sair com suas convicções, para alimentar as suas reflexões. E que é possível que duas pessoas que pensam absolutamente diferente sentem, conversem e se respeitem.

Professor de Literatura e Teatro da UFMG, Paulo Bio Toledo segue o mesmo campo de reflexões dos atores: “É a discordância dialética entre ambos que instaura a vontade de construir e formular argumentos. É ela que provoca e que movimenta o pensamento. Na atualidade regida pela intolerância, a peça faz lembrar que um momento importante da construção de nós mesmos se dá apenas quando nos deparamos com algo radicalmente diferente de nós, com um outro.”

Por sua atuação no espetáculo, Odilon Wagner foi indicado aos prêmios Shell, APCA e Bibi Ferreira, na categoria melhor ator.

 “Ter a oportunidade de representar um personagem tão intenso e profundo, que fez parte da nossa história recente, é um privilégio. Foram meses estudando sua vida e personalidade, para tentar trazer um recorte mais fiel possível do último ano de vida desse grande gênio do século 20”, conclui Odilon Wagner.

Ficha técnica

  • Texto: Mark St. Germain
  • Tradução: Clarisse Abujamra
  • Direção: Elias Andreato
  • Assistente de Direção: Raphael Gama
  • Idealização: Ronaldo DIAFÉRIA
  • Elenco: Odilon Wagner e Marcello Airoldi
  • Cenário e figurino: Fábio Namatame
  • Assistente de Cenografia: Fernando Passetti
  • Desenho de Luz: Gabriel Paiva e André Prado
  • Iluminação: Nádia Hinz
  • Trilha Sonora: Raphael Gama
  • Designer de Som: André Omote
  • Coordenador Geral de Produção: Ronaldo Diaféria
  • Produtora Executiva: Katia Brito
  • Direção de Palco / Contra-regragem: Vinicius Henrique, Kauã Nascimento
  • Produtores Associados: Diaféria Produções e Itaporã Comunicação
  • Assessoria de Imprensa: Ney Motta
  • Arte Gráfica: Rodolfo Juliani
  • Fotografia: João Caldas
  • Mídias Sociais: Felipe Perillo

Serviço

A Última Sessão de Freud

  • Local: Teatro Adolpho Bloch – Rua do Russel, 804, Glória, Rio de Janeiro
  • Telefone: 21 3553-3557
  • Temporada: 27 de setembro a 20 de outubro de 2024
  • Dias e horários: Sextas às 20h, sábados às 17h e 20h e domingos às 17h
  • Valor do ingresso: R$ 120,00 (inteira), R$ 60,00 (meia) e ingressos promocionais a partir de R$ 21,00
  • Vendas online: www.freud.art.br
  • Formas de pagamentos aceitas na bilheteria: todas
  • Capacidade de público: 359 pessoas
  • Classificação indicativa: 14 anos
  • Duração: 90 minutos
  • O Teatro Adolpho Bloch possui acessibilidade plena.

Othon Bastos emociona a FITA (Festa Internacional de Teatro de Angra) com monólogo que celebra os 91 anos de vida e 72 de carreira

Othon Bastos emociona a FITA
Othon Bastos emociona a FITA – Foto de Anderson Mendes

Na última quarta-feira, Othon Bastos subiu ao palco da FITA (Festa Internacional de Teatro de Angra) para apresentar ‘Não me entrego, não!’, espetáculo que faz imenso sucesso no Rio de Janeiro e que repassa toda a trajetória dos 91 anos de idade e 72 de carreira do ator. Othon – que é o grande homenageado desta 16ª edição da FITA – se surpreendeu com as cerca de 800 pessoas que lotavam a Tenda principal do evento e que o aplaudiram de pé por longos minutos.

Pela primeira vez em Angra, Othon chegou a derramar algumas lágrimas diante da ovação popular. A emoção foi ainda maior quando ele soube que a temporada do espetáculo no Rio de Janeiro havia sido prorrogada até dezembro, no Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea.

Com patrocínio da ENEL Distribuição Rio, Eletronuclear, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei de Incentivo à Cultura, e parceria da Secretaria de Eventos e TurisAngra da Prefeitura de Angra, a FITA reúne 29 espetáculos que se apresentam no Cais Santa Luzia e no Teatro Municipal de Angra, nos bairros Centro e São Bento, respectivamente.

Até 29 de setembro, o evento segue com diversas atrações e ainda vão passar por lá nomes como Paulo Betti, Heloisa Perissé, Isabel Teixeira, Armazém Companhia de Teatro, Cia OmondÉ, entre muitos outros.

A FITA segue até o dia 29 e muitos espetáculos já estão esgotados. Confira a programação dos próximos dias:

Dia 21, sábado

  • 19h (Tenda) – Jandira, em busca do bonde perdido
  • 21h (Teatro) – Donatello

Dia 22, domingo

  • 19h (Tenda) – Autobiografia autorizada
  • 21h (Teatro) – Ensaio para um adeus inesperado

Dia 23, segunda-feira

  • 11h e 14h30 (Tenda) – Quebra cabeças

Fitinha

Dia 24, terça-feira

  • 11h, 13h e 15h (Teatro) – Sambalêlê – Teatro da Roda

Fitinha

  • 19h (Tenda) – Brás Cubas

Dia 25, quarta-feira

  • 11h, 13h e 15h (Teatro) – O menino e seu circo

Fitinha

  • 19h (Tenda) – Kafka e a Boneca Viajante

Dia 26, quinta-feira

  • 19h (Tenda) – Agora é que são elas
  • 21h (Teatro) – Em nome da mãe

Dia 27, sexta-feira

  • 11h, 13h e 15h (Teatro) – A Princesa e o Sapo

Fitinha

  • 19h (Tenda) – O avesso da pele

Dia 28, sábado

  • 19h (Tenda) – Último ensaio
  • 21h (Teatro) – O pastor

Dia 29, domingo

  • 19h (Tenda) – A iluminada

ESPETÁCULO GRATUITO , “TÁ PRA VENCER” SE APRESENTA NA SEDE DO
GRUPO  XIX DE TEATRO 

Com direção artística de Naruna Costa e direção musical de Emicida, montagem  retrata o tema da saúde mental da população negra e periférica em relação ao excesso
de trabalho e o esgotamento social  

TÁ PRA VENCER
TÁ PRA VENCER

Idealizado pelos atores Ailton Barros e Filipe Celestino (co-fundadores do “O Bonde”, grupo de  teatro negro de São Paulo) e pela atriz e produtora Jennifer Souza, o espetáculo “Tá Pra Vencer”  retrata como as questões de saúde mental, esgotamento social, o racismo estrutural, o excesso  de trabalho, estresse e a necessidade de produtividade afetam a população negra periférica. Ao  projeto uniu-se ao elenco a atriz Bia Rezi (atriz do premiado musical “Tatuagem” da Cia da  Revista), a direção artística de Naruna Costa (indicada à melhor direção no Prêmio SHELL 2024,  pela direção de “Parto Pavilhão”), a dramaturgia de Jhonny Salaberg (indicado como melhor  dramaturgo no Prêmio Shell 2024, pela dramaturgia de “Parto Pavilhão”) e a direção musical e  trilha sonora original do cantor, compositor e pensador contemporâneo Emicida, estreante no cenário teatral brasileiro. Assim nasceu o espetáculo inédito “Tá Pra Vencer” que realiza uma temporada popular de 12 apresentações  gratuitas de 21 de setembro a 6 de outubro, de quarta-feira a domingo, na sede do Grupo XIX  de Teatro, com uma roda de bate-papo ao final das apresentações aos domingos e outras ações  culturais paralelas, todas gratuitas e abertas ao público.  

Historicamente, oportunidades e qualidade de vida foram limitadas para a população negra, criando uma pressão adicional em uma geração de jovens negros para alcançar sucesso e reconhecimento. O desejo de superar barreiras sistêmicas e alcançar uma qualidade de vida melhor para si e para os seus, resulta em uma camada adicional de estresse e comprometimento da saúde mental. Isso ocorre porque o sistema, de forma contínua, opera para que esses corpos adoeçam. A montagem aborda de forma bem-humorada, e às vezes até ácida, um tema fundamental para o entendimento da nossa sociedade contemporânea: a saúde mental da  população negra e periférica abalada pelas desigualdades sociais e econômicas.  

“Vivemos uma onda de esgotamento geral. O cansaço é coletivo. A pressa, a urgência e a necessidade de ser produtivo dão o tom dos dias. Não à toa o assunto da saúde mental está tão em pauta. Mas como essas questões chegam na periferia e, em especial, na população negra periférica?”, questiona Filipe Celestino. O objetivo do espetáculo “Tá Pra Vencer”, ao abordar esse tema, é promover junto ao público uma reflexão mais profunda sobre a saúde mental no  contexto de desigualdades estruturais e incentivar uma maior compreensão para aqueles que  lidam com as pressões diárias nas periferias e que precisam se esforçar para vencer na vida,  acabando por se ver vencidos pelo cansaço e pela impossibilidade de parar.  

Na peça, três amigos preparam uma festa de aniversário surpresa para um quarto amigo que está sempre ausente ou atrasado por excesso de trabalho. Enquanto organizam a comemoração, eles compartilham experiências profissionais, revelando contradições, medos e  angústias comuns em uma camada da sociedade que diariamente se depara com o racismo e  demais preconceitos sociais. Com uma dramaturgia leve e divertida, a peça envolve o público e cria um espaço seguro para a reflexão, ao transformar o desconforto em uma oportunidade para  questionar e compreender melhor a realidade.  

“São coisas nossas e das nossas famílias que, embora não sendo as mesmas experiências,  carregam um fio em comum que as une. No desenrolar da história podemos ver as personagens  tentando lidar com os seus atravessamentos pessoais, questões da relação com seus trabalhos  diversos, cansaço e exaustão mental e tudo isso com uma pressão de que a vida não pode parar e precisamos continuar porque a realidade é um boleto que vence no mês seguinte”, relata  Jennifer Souza.  

Ao ir na contramão da sua própria estética narrativa e escrevendo uma peça dialógica e  contemporânea, o espetáculo escancara a rotina de um domingo na periferia, com falas  autênticas e cotidianas muito próximas da realidade de pessoas vindas desse contexto. “Foi um  desafio escrever essa peça. O texto nem sempre tem a intenção de ser engraçado, mas, sim, de  gerar identificação, que gera memória e o riso. ‘Tá Pra Vencer’ não estaciona só no bom humor,  ela passeia por tensões subjetivas e coletivas à medida em que a trama vai crescendo. Nesse  sentido, os diálogos convidam as pessoas a uma volta de montanha russa com direito ao  ingresso só de ida. Nem o público e nem as personagens sabem onde o conflito vai parar. Foi  das anedotas, dos ditados populares, das simpatias, das rezas e bênçãos das nossas famílias que  me inspirei na construção das personagens”, declara Jhonny Salaberg.  

Participando pela primeira vez de uma produção teatral, o cantor, compositor e pensador contemporâneo Emicida é o  responsável por toda trilha sonora da peça, assinando a direção musical. “É um sonho antigo  estar mais perto do teatro. Nos últimos anos tive a oportunidade de participar com shows no  Festival de Teatro de Curitiba, e estar ali me deu um gás e reavivou esse sonho que estava numa  gaveta. Depois disso voltei a estudar, e foi então que surgiu essa oportunidade e esse convite  maravilhoso de ajudar a pensar na paisagem sonora da peça ‘Tá Pra Vencer’ junto com esse  time dos sonhos! Senti que é mais um chamado irrecusável da arte. Tem sido um aprendizado,  mas também uma honra e uma alegria colaborar. O texto do Jhonny está um absurdo e a Naruna  é uma força da natureza. Estou feliz, quem sabe não tomo coragem e subo no palco daqui a  pouco pra me arriscar na atuação, né?”, diverte-se Emicida.  

Com uma direção voltada ao estudo profundo das ferramentas da atuação e o estudo da palavra,  e buscando a leveza que a dramaturgia propõe ao abordar temas polêmicos, “Tá Pra  Vencer” tem a proposta de levar ao público cenas do cotidiano brasileiro com descontração.  “Desenvolvi um trabalho de direção artística junto com o texto e dramaturgia do Jhonny. Foi um  trabalho em parceria. A partir do que o texto sugeria, fomos pensando na direção de cada cena.  O importante foi tratar essas questões polêmicas sem peso, para não gerar gatilhos na plateia.  Foi uma proposta de deixar a dramaturgia mais leve, e só pesar mesmo quando necessário. A  questão da pressão no trabalho está presente na vida de toda população urbana, mas quando  se trata da população negra, aí piora um pouco mais. Porém, o drama não é o mote central da  peça. Optei por uma abordagem mais cotidiana com leveza e bom humor, privilegiando o olhar  e o ponto de vista da população periférica negra que ficou e enfrenta as mazelas do dia a dia  corrido de trabalho”, afirma Naruna.  

“Tá Pra Vencer” reforça a potência em que os artistas, grupos e projetos de teatro negro vem  construindo ao longo dos anos na cidade de São Paulo, firmando o espaço em que esses artistas  ocupam na cidade. A importância de refletir, dialogar e repensar a estrutura racista em que  vivemos. Até por isso, além das apresentações do espetáculo, serão realizadas ações formativas  que potencializam a relação do público com a obra e os artistas do projeto. Rodas de bate-papo com o elenco, mesa de debate, reflexão sobre teatro negro e oficinas serão realizadas pelos  idealizadores do projeto ao longo do mês. A roda de conversa acontecerá ao fim das  apresentações de domingo, entre o elenco do espetáculo e o público presente, potencializando  a relação do público com a obra e os temas abordados. “O objetivo é compartilhar pesquisas,  estudos e criações que os artistas desse projeto realizaram. É importante dividir com o público  o que aprendemos, descobrimos e refletimos no decorrer do processo de montagem dessa  peça. É uma oportunidade para o público se engajar ativamente, contribuindo com suas  perspectivas e se tornando parte da experiência do espetáculo”, finaliza Jennifer Souza. 

SERVIÇO: 

“TÁ PRA VENCER”  

  • Temporada: 21 de setembro a 6 de outubro  
  • Horário: quarta-feira a sábado às 19h30, e domingos às 18h  
  • – ao final das apresentações de domingo será realizada uma roda de bate-papo com o público – Ingressos Gratuitos  
  • Local: Sede do Grupo XIX de Teatro  
  • Endereço: Rua Mário Costa, 13 – Vila Maria Zélia – SP  

AÇÕES CULTURAIS GRATUITAS:  

– 1º de outubro, às 19h
Roda de conversa “O Corre Preto: reflexões sobre as produções teatrais pretas  contemporâneas e o fomento de público” – Buscará refletir sobre a importância das narrativas  e produções negras para o cenário teatral paulistano.  

– 08 de outubro, das 14h30 às 18h30 
Oficina “Os caminhos de uma produção teatral” – Ministrada por Jennifer Souza, tem como  público-alvo iniciantes e interessados na produção teatral, com foco em jovens negros e negras  periféricos.  

– 15 de outubro, das 14h30 às 18h30  
Oficina “O Corpo Negro e o Teatro” – Ministrada por Ailton Barros e Filipe Celestino, a oficina  buscará através de jogos teatrais, jogos de improviso, trabalho de corpo e exercícios de  memória, fazer um resgate de histórias que possam contar a trajetória da ancestralidade de  cada um.  

LOCAL: SP Escola de Teatro: Praça Franklin Roosevelt, 210 – Centro / São
Paulo  Mais informaçõeshttps://www.instagram.com/tapravencer_/  

Este projeto tem o apoio do Instituto Brasileiro de Teatro (IBT).  

FICHA TÉCNICA:  

  • Idealização: Ailton Barros, Filipe Celestino e Jennifer Souza  
  • Direção Geral: Naruna Costa  
  • Direção Musical: Emicida  
  • Texto: Jhonny Salaberg  
  • Elenco: Ailton Barros, Bia Rezi, Filipe Celestino e Jennifer Souza 
  • Trilha Sonora Original: Emicida, Damien Seth e Thiago Jamelão  
  • Assistência de Direção: Ailton Barros  
  • Preparação Corporal: Castilho 
  • Preparação Comicidade: Washington Gabriel  Cenografia: Rager Luan  
  • Figurino: Guilherme Santti  
  • Desenho de Luz: Gabriele Souza  
  • Operação de Luz: Renan Estevão  
  • Operação de Som: Dj Akinn  
  • Social Mídia: Luis Felipe Machado  
  • Designer Gráfico: Lais Oliveira  
  • Fotografia: Helbert Rodrigues  
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação  Direção de Produção: Jéssica Turbiani  
  • Produção: Corpo Rastreado | Jack Santos

Espetáculo Monga, de Jéssica Teixeira cumpre temporada no Sesc Avenida Paulista

A partir da história da mexicana Julia Pastrana, vulgarmente chamada de “mulher macaco”, a artista revisita o passado para construir novos imaginários

Monga
Monga – Foto de Camila Rios

Quando te contarem, um dia, sobre algum mito de que ‘a vida é assim’, de que ‘foi assim desde que o mundo é mundo’, de que ‘sempre foi assim e sempre será’. É mito! Lembre-se disso.” Trecho da dramaturgia de Monga, de Jéssica Teixeira

  “Você se imagina com 100 anos?” Essa é a primeira pergunta do espetáculo Mongacriado, interpretado e dirigido por Jéssica Teixeira, e a partir dela, a artista usa múltiplas ferramentas teatrais para, a um só tempo, propor um mergulho no passado, na história de Julia Pastrana (1834-1860), mexicana que ficou conhecida vulgarmente como mulher-macaco e se tornou uma das grandes inspirações para os Freak Shows espalhados pelo mundo, e questionar, por meio de sua própria história, os padrões de nosso imaginário.

 A estreia acontece no Sesc Avenida Paulista, no dia 26 de setembro, e segue em temporada até 26 de outubro, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e, aos domingos, às 18h. No domingo, dia 6 de outubro, não haverá apresentação. Nas quartas 16 e 23 de outubro, às 20h, haverá exibição do espetáculo. As apresentações em São Paulo fazem parte da Extensão MIRADA, realizado pelo Sesc SP.

 Dando continuidade à pesquisa iniciada no seu primeiro solo, E.L.A, nesse novo trabalho, a artista segue fazendo do seu corpo a matéria bruta para a construção dramatúrgica, mas desta vez Jéssica usa o estranhamento como guia do roteiro. “A diferença principal entre as duas montagens é que a primeira era sobre o meu corpo e eu queria me comunicar muito com adolescentes. Já Monga é voltada ao público adulto e eu quero falar sobre o que há de mais invisível em mim, aquilo que eu desejo e acredito”, comenta.

Dessa forma, a partir da história da mexicana Julia Pastrana (1834-1960) – uma grande intérprete, cantora e bailarina, uma mulher poliglota e à frente do seu tempo, mas que ficou mundialmente conhecida apenas como “a mulher macaco” –, a performance Monga revisita o passado na tentativa de criar imaginários. “Eu não tenho a intenção de apresentar uma biografia dessa importante multiartista e nem reconstruir o número que a deixou famosa e foi adotado em tantos circos. Meu maior objetivo é aumentar as chances de futuros mais dignos de corpos como os nossos na sociedade, no mercado de trabalho, na arte e na indústria cultural”, acrescenta.

Dessa forma, ela evoca os 26 anos de vida de Julia em condições desumanas de trabalho como bailarina, performer e cantora, e seus 153 anos após morte, expondo a ganância e exploração do mercado da cultura e do entretenimento sobre seu corpo e sobre a sua arte.

A encenação

Para o cenário, a ideia da intérprete foi criar um ambiente semelhante a um estúdio de fotografia, onde elementos como luzes e tripés estão em movimento. Assim, a equipe técnica manipula todos esses aparatos bem as vistas do público. “Eu não queria usar simplesmente uma iluminação aérea característica do teatro. Então, em cena estão bastões de LED, um Ring Light e um grande Softbox, que dão um contorno muito bonito para o corpo”, comenta Jéssica.

Além disso, compõe a cena um elemento visual fundamental para a performance, um globo de espelhos. Segundo a artista, este item contribui para dar a noção de espetáculo ao trabalho. E, ampliando ainda mais a plasticidade das cenas, o chão carrega um elemento extra: um tipo de material cenográfico que simula espelhos quebrados, que transmitem a sensação de que a artista está andando sobre a água.

 “Monga é um espetáculo feito a muitas mãos, com muita maestria e qualidade. Foram muitos anos de estudo, na verdade, uma vida inteira. Então, montamos essa performance da maneira como esta trajetória merece”, afirma Jéssica.

 O jogo cênico se completa com a participação dos espectadores. Enquanto dança, canta e se movimenta no espaço, sempre nua, a artista faz perguntas para a plateia, como “Se eu tivesse medo do meu corpo, vocês ficariam mais à vontade?”.

 Nesse espetáculo, Monga não corre atrás do público para capturar o que não consegue correr, o que cai ou o mais fraco. A multiartista devolve os olhares, espelhando e desnudando aqueles que assistem, trazendo à tona um terror psicológico com doses de riso nervoso e constrangimento.

FICHA TÉCNICA

  • Direção geral, dramaturgia e atuação: Jéssica Teixeira
  • Direção de arte e identidade visual: Chico Henrique
  • Direção musical: Luma
  • Direção técnica e iluminação: Jimmy Wong
  • Videoartista e operação de câmeras: Cecília Lucchesi
  • Montador e contrarregra: Aristides de Oliveira
  • Preparação Corporal: Castilho
  • Luz da primeira abertura de processo: Aline Rodrigues
  • Música do início: “Real Resiste”, de Arnaldo Antunes
  • Músico parceiro: Victor Lopse
  • Fotos oficiais: Camila Rios
  • Texto gravado: “Entre Fechaduras e Rinocerontes”, de Frei Betto
  • Produção: Rodrigo Fidelis, Gabs Ambròzia, Gabi Gonçalves e Corpo Rastreado
  • Criação: Catástrofe Produções e Corpo Rastreado

Agradecimentos: Acauã Shereya, Andreia Duarte, Dinho Lima Flor, Daphne, Edgar, Edson Vogue, Edson Teixeira, Edu O, Fausto Morales, Gerson Greco, Guilherme Marques, Ivana Moura, João Barreto, Joaquina Carlos, Jorge Alencar, Luqueta, Marcio Piccoli Marta Pelucio, Neto Machado, Orlando Luiz Araujo, Pollyanna Diniz, Rodrigo Mercadante, Tainá Medina, Thiago Nascimento, Thomaz Aragão, Vera Carvalho, Victor Di Marco, Yasmin Gomes

SERVIÇO

MONGA

Data: 26 de setembro a 26 de outubro de 2024. Quinta a sábado, às 20h. Domingos, às 18h.

*Não haverá apresentação no dia 6/10. Sessões extras nos dias 16 e 23/10, às 20h.
**Todas as sessões contam com Libras. Audiodescrição nos dias 17, 18, 19 e 20/10.
Local: Arte II – Sala de Espetáculos (13º andar) – Sesc Avenida Paulista – Av. Paulista, 119 – Bela Vista
Ingressos: R$60 (inteira), R$30 (meia-entrada) e R$18 (credencial plena)
Link de compra de ingressoshttps://www.sescsp.org.br/programacao/monga-brasil-ceara/

*Venda de ingressos online a partir de 17/9, 17h, e nas bilheterias das unidades a partir de 18/9, 17h

Classificação indicativa: 18 anos

Duração: 80 minutos