Carolina Maria de Jesus – Diário de Bitita no Festival de Inverno de Garanhuns

Foto Luiz Teixeira Mendes

A atriz Andréia Ribeiro estará no 30º Festival de Inverno de Garanhuns, em Pernambuco, com a peça “Carolina Maria de Jesus, Diário de Bitita”. O espetáculo é dirigido por Ramon Botelho e tem como assistente de direção Gabriela Calainho. A peça, com duração de 60 minutos, poderá  ser vista, na Praça da Palavra, no dia 22 de julho (sexta-feira), às 18h. Logo depois haverá debate com a atriz, os diretores e o público. O evento é gratuito.

Há sete anos que Carolina Maria de Jesus, Diário de Bitia, vem sendo apresentada em vários estados do Brasil. A peça é uma adaptação das obras “Quarto de Despejo” e “Diário de Bitita” da escritora mineira Carolina Maria de Jesus. Uma história surpreendente e inspiradora. A menina, que estudou apenas dois anos do primário, se apaixonou pelos livros e virou uma grande escritora, publicada em todo mundo. Carolina foi catadora de papel

e escreveu sua obra em cadernos que encontrava no lixo.

Reciclando materiais, acabou por transformar sua trajetória. A encenação segue o fluxo de memória de Carolina, refazendo sua história da infância miserável em Sacramento, no interior de Minas, quando a chamavam de Bitita, até o lançamento do seu primeiro

livro – com enorme sucesso.

SOBRE CAROLINA MARIA DE JESUS

Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 1914. Teve uma infância miserável. Foi doméstica e lavradora, virou andarilha e foi obrigada a mendigar. Estudou apenas dois anos do primário, nesse tempo aprendeu a ler e se apaixonou pelos livros.

Adulta foi morar no Canindé, uma das primeiras favelas de São Paulo, onde construiu seu próprio barraco. Nunca se casou e sustentou os três filhos sozinha catando papel nas ruas. Nos anos 50 começou a escrever em cadernos que encontrava no lixo e conseguiu o improvável: se tornar uma grande escritora reconhecida mundialmente.

O jornalista Audálio Dantas foi fazer uma matéria na favela e descobriu Carolina. Seu primeiro livro “Quarto de Despejo” foi editado em 1960 com enorme sucesso. A primeira edição bateu recorde de vendas no Brasil, foi traduzida para 16 idiomas em mais de 40 países.

Com a linguagem dos despossuídos, ela fez de sua obra um meio de denúncia sociopolítica, trazendo o testemunho de sua vida e fazendo deste um libelo contra a opressão, um manifesto contra a intolerância e qualquer forma de discriminação e preconceito de raça e gênero.

Mas o interesse por aquela figura exótica – a negra favelada semianalfabeta que escrevia livros – durou pouco. O mercado editorial queria rotular Carolina e publicar apenas diários da favela, mas ela recusou esse papel, queria escrever outras coisas e publicou poesia e romance, às vezes com recursos próprios, que pouca gente leu. Também gravou um disco cantando músicas de sua autoria. Carolina faleceu em 1977. Na época ela morava numa casa de alvenaria fora do Canindé. Antes de morrer Carolina entregou o manuscrito de Diário de Bitita para jornalistas franceses.

O livro foi publicado na França depois de sua morte e muito tempo depois no Brasil. Hoje sua obra é estudada e referenciada mundo afora e deu origem a centenas de teses acadêmicas, sites, documentários, especiais de TV, HQ, exposições, blocos de carnaval e peças teatrais. Carolina virou nome de rua, assim como creches, escolas e museus em todo país.

Carolina foi incluída na Antologia de Escritoras Negras de Nova York, no Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis de Lisboa e no livro “Extraordinárias Mulheres que Revolucionaram o Brasil”, que escolheu, dentre todas as brasileiras, 44 mulheres que impactaram a nossa história. E seu livro “Quarto de Despejo” foi o sétimo mais vendido no site Estante Virtual, no ano de 2017 e foi incluído na lista de leitura obrigatória nos vestibulares da UFRGS e UNICAMP.

FICHA TÉCNICA:

Realização: Casa Forte Produções Culturais

Parceria: Esportivas e Rotunda e Bambolina Produções Artísticas

Coordenação Geral: Andréia Ribeiro

Adaptação do texto, direção artística e cenário: Ramon Botelho

Interpretação: Andréia Ribeiro

Assistente de Direção e contribuição textual: Gabriela Calainho

Iluminação e operação de luz: Paulo Cesar Medeiros

Trilha Original: Marco Lyrio

Figurinos: Wagner Louza

Programação visual: Rafael Paschoal

Operador de som: Salomão Waisman

Costureira: Railda Lima

Adereços: Sinhá Recicla (ONG Uberlândia/ MG)

Cenotécnico: Rostand Albuquerque (Galpão 6centos)

Produção: Gabriela Calainho

Produção Recife: Vanya Oliveira

Jurídico: Mario Cezar Ribeiro