Crítica | A Primeira Comunhão

por Alyson Fonseca

Filme estreia nesta quinta-feira, dia 30 de março, no cinemas

Por: Gabriele Slaffer*

O cinema espanhol vem surpreendendo o público com bons filmes de terror nos últimos tempos. Mas em A Primeira Comunhão, longa-metragem dirigido por Víctor Garcia, realizador também de A Amaldiçoada, que traz uma história com uma premissa até interessante, mas com a fórmula que já foi vista em diversas outras produções, mostra mais do mesmo.

Ainda que seja um filme simples em sua essência, o roteiro não se esforça para fugir de clichês do gênero, o trabalho de Garcia até entrega uma boa ambientação, mostrando elementos suficientes para que a história dos personagens principais possa se desenvolver além do mistério principal.

Confira também >>> Crítica | Skinamarink: Canção de Ninar

A trama se passa em 1980, em uma cidade do interior da Espanha, o espectador é apresentado a Sara, interpretada por Carla Campra, uma adolescente que se mudou recentemente para o local e que ainda não tem muitos colegas, com exceção de Rebe (Aida Quiñones), sua melhor amiga da escola. 

Apesar de possuir um plot pouco inovador, a primeira hora de filme se desenvolve de forma eficiente em termos de ambientação. O público conhece as histórias de Sara e  Rebe, e entende as suas frustrações de adolescentes como elas, com uma vida sem muitos agitos, em uma cidade pequena, relações ruins com os pais e o desejo de deixar tudo para trás.

Independentemente da cidade em que você more, é bem provável que já tenha ouvido uma versão da lenda urbana de uma mulher vestida de branco que aparece misteriosamente à noite, em cemitérios ou lugares afastados. Um dia, voltando de uma festa, elas cruzam com uma menina vestida com roupas de primeira comunhão e segurando uma boneca. Sem entender direito se trata de uma miragem ou de algo real, elas saem do carro e começam a procurar pela garota, porém só encontram a tal boneca caída na mata. 

É agradável que A Primeira Comunhão queira dar mais elementos para melhorar as personagens principais. Isso funciona também graças à boa atuação da dupla, que mostra uma ótima química e motiva o espectador a ir adiante. Vale falar que o texto é bem coeso e até mesmo bem amarrado, mostrando como a entidade dona da boneca consegue, pouco a pouco, destruir a vida de cada um que a tocou. 

Entretanto, o roteiro parece se esquecer que em um filme de terror é preciso ter algum suspense ou susto. Esses momentos são praticamente deixados em segundo plano e somente na metade do filme é que essas cenas aparecem. Aqui se tem somente clichês, com sustos provocados por efeitos sonoros, objetos se movendo sozinhos e coisas do tipo.

Já era esperado ver Sara e Rebe possuídas lutando contra o mal, e é exatamente isso que acontece. Juntas, elas tentam derrotar o espírito que está causando esse transtorno, mas a única coisa que conseguem é libertar o demônio que possuía a pequena Marisol (dona da boneca). E é assim que o filme termina: deixando um gancho para o próximo, que para valer a pena terá que melhorar muito no roteiro e no seu clímax.

Com um roteiro simples e sustos fracos, A Primeira Comunhão é a opção ideal para aquela pessoa que até gosta de terror, mas tem medo de assombrações.  O filme até garante algum entretenimento, mas infelizmente é daqueles que deve se perder facilmente na memória depois de alguns dias, por não deixar nenhuma marca mais pessoal no fã do gênero.

Assita ao trailer:

*Especial para o Sopa Cultural em São Paulo

Você pode gostar

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Presumiremos que você concorda com isso, mas você pode cancelar se desejar. Aceito Leia mais

Share via