E a escravidão não acabou…

por Waleria de Carvalho
12 anos ou a Memória da Queda

Ser livre é uma necessidade eterna do ser humano. Apesar de terem passados mais de 130 anos da assinatura da Lei Áurea, a situação não é tão confortável como parece. Nem sempre o princípio constitucional da igualdade exposto no artigo 5º da Constituição Federal, assegurando a todos, indistintamente, independente raça, cor, sexo, classe social, situação econômica, orientação sexual, convicções políticas e religiosas, igual tratamento perante a lei, é respeitado. Não é difícil encontrar inúmeros casos de discriminação de todas as formas.

Muitos continuam na escravidão assim como peixes que vivem em aquários ou pessoas que sempre caem em buracos ou em golpes. Na peça 12 anos ou a Memória da Queda, em cartaz no CCBB – Rio de Janeiro, um homem branco é um lobo em pele de cordeiro e consegue “trapacear’’ seus peixes, ou melhor, suas presas, ou ainda, consegue fazer homens livres de escravos com falsas promessas. Afinal, quanta gente não é obrigada a trabalhar de graça pelos rincões do Brasil, submetendo-se a humilhações?  A analogia da prisão com o aquário, abordando os tubarões como os barões é de grande criatividade e faz pensar sempre.

Num jogo de cena e de luzes, os três atores – Cintia Rosa, Milton Filho e Bruce de Araújo –  que substituíram o elenco principal, Dani Ornellas, David Júnior e Carmo Dalla Vecchia, mostravam que estavam em sintonia durante a sessão de domingo (11 de dezembro). Por meio dos gestos e olhares os três se entendiam muito bem. E é claro, as palavras, que também precisam ser ditas. O espetáculo, inspirado no livro 12 anos de Escravidão, de Solomon Northup, com dramaturgia de Maria Shu, texto final de Onisajé e idealização de Felipe Heráclito Lima, impacta quem não tira os olhos das inúmeras cenas que não são confortáveis, mas necessárias para que a escravidão tenha, de fato, um fim.

A ideia de levar aos palcos a história partiu de Felipe Heráclito Lima. Ao se deparar com uma pesquisa sobre a quantidade inacreditável de trabalhadores em regime análogo à escravidão em fazendas de búfalo da Ilha de Marajó (PA), o artista questionador percebeu o quanto o assunto, até então por ele ignorado, precisava ser debatido.

“Senti a necessidade de falar sobre questões urgentíssimas como essa, porque é enorme a quantidade de pessoas iludidas por uma boa oportunidade de trabalho que, por fim, é submetida a um regime desumano dentro de algumas distorções realizadas dentro do capitalismo – que não pode se impor sobre os valores humanos. Isso mexe muito comigo, e pensei nesse projeto como uma plataforma de falar de todos estes assuntos que precisam ser vistos e debatidos a partir do nosso passado colonial nesta sociedade escravocrata”, resume. Se você não viu dá um pulo no CCBB porque a temporada acaba no dia 17 de dezembro (sábado). Vale muito conferir!!!

SERVIÇO:

  • Teatro I – CCBB RJ
  • Temporada: 16 de novembro a 16 de dezembro
  • Quarta a sábado às 19h30 | Domingo às 18h*
  • *Não haverá espetáculo nos dias 24/11 e 02/12
  • As sessões estão sujeitas a alterações de elenco.
  • Na sessão do dia 20 de novembro haverá acessibilidade com intérprete de libras e audiodescrição
  • Inteira: R$ 30 | Meia: R$ 15 , disponíveis na bilheteria física ou no site do CCBB (bb.com.br/cultura)
  • Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada
  • Classificação indicativa | 12 Anos
  • Duração | 90 min

FICHA TÉCNICA:

  • Elenco: David Júnior, Dani Ornellas e Carmo Dalla Vecchia
  • Dramaturgia original: Maria Shu
  • Texto Final: Onisajé
  • Direção Artística: Tatiana Tiburcio e Onisajé
  • Idealização: Felipe Heráclito Lima
  •  Coordenação Geral e Artística: Anna Sophia Folch e Felipe Heráclito Lima
  • Direção de Produção: Leila Maria Moreno e Felipe Valle
  • Assistente de Direção: Cridemar Aquino

Elenco Alternante:

  • Cintia Rosa, Milton Filho e Bruce de Araujo
  •  Direção Musical e Música Original: Jarbas Bittencourt
  • Cenografia: Wanderley Gomes e Cachalote Mattos
  • Figurino: Wanderley Gomes
  • Assistência de Figurino e Costureiro: Igor Nascimento
  • Desenho de Luz: Jon Thomaz
  • Direção de Movimento: Jefferson Bilisco e Tatiana Tiburcio
  • Preparação Corporal: Jefferson Bilisco
  • Visagismo: Diego Nardes
  • Visagista cabeleireiro: Lucas Tetteo
  • Produção Executiva: Raissa Imani e Aliny Ulbricht (Kawaida Cultural)
  • Assistente de Produção: Luz Anna Rocha
  •  Direção de Marketing: Felipe Heráclito Lima
  • Coordenação de Comunicação: Anna Sophia Folch
  • Designer Gráfico: Cadão
  • Fotógrafo: Ale Catan
  • Assistente de fotografia: Rafael de Sá e Daniel Sulima
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Assessoria
  • Gestão de Redes Sociais: LB Digital e Conteúdo
  • Conteúdo Audiovisual: Allan Fernando
  •  Gestão de Projeto e Leis de Incentivo: Felipe Valle e Mariana Sobreira (Fomenta Consultoria)
  • Produção Financeira: Nathalie Bragado
  •  Assessoria Jurídica: Julia São Paulo e Ricardo Brajterman
  • Contabilidade: Escritório Contábil Catete
  • Produtoras Associadas: Brisa Filmes, Sevenx Produções Artísticas e Curumim Produções

Liga do Natal leva a magia natalina para municípios do Rio com  programação gratuita

Liga de Natal

Liga de Natal – Foto de Juliana Chalita

A Liga do Natal é um projeto itinerante com atrações para toda a família. A programação, inteiramente gratuita e acessível, acontece em praças públicas, das 16h às 21h15, contando com diversas atividades: espetáculo teatral, filme, brincadeiras, shows locais e distribuição de gibis. Em 14 de dezembro, Cantagalo receberá o projeto. Logo em seguida, o público poderá presenciar o espetáculo em São Fidélis, no dia 15, Campos dos Goytacazes, no dia 16, e o encerramento em Niterói, no dia 17 de dezembro. A caravana, que iniciou a circulação em 03 de dezembro, já passou por outros seis municípios do Estado

“A Liga do Natal tem o propósito de reacender no público a magia natalina, a partir de atividades que promovam o encontro, a socialização e a partilha de valores como fraternidade e respeito às diferenças”, comenta a Diretora Geral Priscylla Mesquita. A acessibilidade é garantida: o espetáculo presencial e o filme contam com tradução em libras e audiodescrição, para que todos os públicos possam vivenciar as atrações

Em uma narrativa leve e divertida, tanto a peça teatral quanto o filme — Liga do Natal, uma aventura no Rio – apresentam temas cotidianos e pautam questões como sustentabilidade, diversidade e inclusão. Na trama a personagem Mamãe Noel assume o protagonismo e é representada por atrizes negras. Nady Oliveira e Verônica Bonfim puxam o elenco, que também é composto por outros grandes nomes como Pietra Canle, Beto Vandesteen, Marcos Camelo, Luiz Borges, Paula Frascari, Cecília Viegas e Kelson Succi

O espetáculo e o filme possuem roteiros originais que apresentam os personagens da Liga como uma grande família. “A ideia é criar uma identificação do público com os personagens e com as narrativas, que tratam da união de uma família para fazer o Natal acontecer. Além disso, temos um elenco representativo e diverso, que amplia essa conexão com o público”, afirma a Diretora Artística Flávia Muluc.

SERVIÇO – LIGA DO NATAL

Data e local: 14/12 a 17/12

Cantagalo (14/12) — Praça João XXIII, Avenida Barão de Cantagalo, 157, Cantagalo

São Fidélis (15/12) — Praça Guilherme Tito de Azevedo, São Fidélis

Campos dos Goytacazes (16/12) — Praça São Gonçalo, Goytacazes, Campos dos Goytacazes

Niterói (17/12) – Praça João Saldanha, Santa Bárbara, Niterói


A caravana da Liga do Natal já passou por seis municípios do Estado: Paraty (03/12), Angra dos Reis (04/12), Duque de Caxias (08/12), Guapimirim (09/12), Tanguá (10/12) e Iguaba Grande (11/12).


Horário: 

16h às 18h – Brincadeiras na praça

18h às 19h30 – Pré-estreia Filme “Liga do Natal – Uma aventura no Rio”

19h30 às 20h10 – Apresentações culturais da cidade

20h15 – Liga do Natal, a peça

21h15 – Encerramento

Classificação: livre

Acessível em Libras e Audiodescrição

Gratuito

Espetáculo teatral ‘Pasmado’ transforma lajes em palcos, na Vila Aliança, no Rio de Janeiro

Obra retrata a memória afetiva de moradores do antigo Morro do Pasmado, a experiência com a remoção e a criação de um dos primeiros conjuntos habitacionais da América Latina

Ensaio Pasmado - Foto: Leonardo Lopes

Ensaio Pasmado – Foto: Leonardo Lopes

Mesclar uma parte de nossa história com a memória afetiva e a experiência de quem viveu tudo isso na pele é uma das propostas da montagem Pasmado, que estreia no Rio, nesta quarta-feira, 14 de dezembro, às 18h30. Cinco lajes se transformarão em cinco palcos, aproximando arte da vida cotidiana de moradores da Vila Aliança, na Zona Oeste, que cederam depoimentos para a construção da narrativa criada pelos diretores Priscila Bittencourt e Luiz Fernando Pinto. Além da estreia, mais quatro apresentações gratuitas estão na agenda: 15, 16, 17 e 18 de dezembro. A lotação máxima será de 30 espectadores a cada sessão.

Segundo os diretores de Pasmado, os anfitriões e seus vizinhos terão a oportunidade de não só assistir a um espetáculo profissional, mas também de se reconhecer na obra artística. A montagem contará com recurso de acessibilidade, por meio da participação de um intérprete de Libras. Com trilha musical elaborada exclusivamente para o espetáculo, o público será envolvido por paisagens sonoras, a partir das ambiências da cidade. Ao final de cada encenação, um jantar será oferecido pela produção do projeto, com o intuito de gerar um bate-papo informal e descontraído sobre a experiência artística entre o público, os atores e a equipe técnica.

O espetáculo conta a história dos irmãos João e Zezé que moram no Morro do Pasmado, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. A década é 1960, ápice da política de remoções de favelas cariocas, onde mais de 176 mil pessoas foram deslocadas para conjuntos habitacionais construídos na Zona Oeste da cidade. A ação, denominada “Aliança para o Progresso”, foi um projeto político executado pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos durante a presidência de John F. Kennedy.

Muitas comunidades surgiram, algumas foram incendiadas e parte de seus líderes desapareceram. Após o falecimento da mãe, os irmãos herdam “Jurema”, um móvel que acreditam ser muito valioso. João foi contratado recentemente como contínuo em um prédio público no Rio. Zezé tira seu sustento atuando como boleira em uma padaria no Pasmado. Com a notícia de um projeto de remoção dos moradores do Morro, a relação entre os irmãos é colocada à prova. A dinâmica entre a narrativa e os atores é permeada por casos ocorridos no processo de remoções do Rio de Janeiro em diversos momentos de sua história.

Vale ressaltar que o texto original da peça foi escrito por Luiz Fernando Pinto, nascido e criado na comunidade da Zona Oeste. Após conversar por horas com a sua avó, a mineira Maria das Graças Marques Pereira, que saiu de sua terra natal para buscar uma vida com mais possibilidades no Rio de Janeiro, ele foi ouvir outros moradores para conhecer as experiências vividas durante o período da remoção. A relação com o território e com as pessoas foi imprescindível para a construção de um material com depoimentos de moradores, fotografias, recortes de jornal e documentos da época.

Pasmado foi produzido pela Associação Cultural Peneira, uma organização social que atua na área da cultura e se estrutura como uma trama articulada na cidade do Rio de Janeiro. Com objetivo de desenvolver formas inovadoras de compartilhar conhecimento e potencializar criações artísticas e culturais, valorizando a memória e saberes daqueles que constroem a metrópole cotidianamente fabulando outras territorialidades.

Ficha Técnica:

Direção: Priscila Bittencourt  e Luiz Fernando Pinto | Texto original: Luiz FernandoPinto | Adaptação e fabulação do texto: Luiz Fernando Pinto, Priscila Bittencourt,Kamilla Neves e Anderson Barreto | Elenco e personagens: Zezé: Kamilla Neves e João: Anderson Barreto | Assistente produção: Hendel Souza e Ivinni Gabriele |Figurino e cenário:Tiago Ribeiro | Luz: Raimundo Pedro | Trilha: Orlando Scarpa |Fotografia e vídeo: Leonardo Lopes | Design: Douglas Nunes | Assessoria de Imprensa: Orbe Comunicação | Produção: Peneira

Entrada gratuita

Lotação máxima: 30 pessoas por sessão

Ingressos antecipados, por meio do telefone (21) 97205-0842 ou pelo e-mail

contato@peneira.org

Local: Lajes de moradores da Vila Aliança, na Zona Oeste do Rio

Grupo Arte de Viver apresenta  Maria Bonita e os Seres das Horas 

O espetáculo acontece no Centro Cultural Arte de Viver (Rua Samuel Uchôa, 395, Montese), nos dias 16, 17 e 18 de dezembro de 2022, sempre às 18 horas.

Maria Bonita

Maria Bonita

Quando Lampião morre e vai para o inferno acaba por criar uma confusão e é banido para o céu, mas São Pedro não o deixa entrar, restando assim a Maria Bonita chegar para mostrar que eles também têm lugar no Céu. Quando o Ser do Meio Dia desaparece, o sol começa a se apagar e o sertão do Nordeste passa a congelar, então cabe a Rainha do Sertão o dever de recuperar o Ser das mãos da senhora Morte, passando pelos desafios dos senhores Seca, Sofrimento, Fome e Medo.

O espetáculo é a montagem de conclusão anual de CURSOS LIVRES DE ARTES (Teatro e Balé para Crianças, Oficina de Talentos para Adolescentes e Teatro Livre para Adultos). Como objetivo maior, subir ao palco para mostrar a plateia os talentos das crianças e jovens que, mais do que atuarem, dançarem e cantarem, mostram ser possível realizar sonhos, crescer e conviver, levando esse aprendizado para além da cena, para a vida real, construindo um futuro bem mais bonito.

“Teatro não serve só para ser ator ou atriz, serve pzra vida, pzra olhar o mundo diferente, enfrentar nossos medos de frente e abraçar as oportunidades que aparecem sem medo de ser feliz, podemos fazer teatro para sermos pessoas melhores, profissionais mais sensíveis com um outro olhar para o mundo e principalmente para àqueles que estão a nossa volta” – diz Hemetério Segundo, fundador e diretor-presidente do Grupo Arte de Viver.

Fernanda Leite, mãe de um dos atores do espetáculo, Gabriel Mendes, 7 anos, diz que o teatro é de extrema importância para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. “Gabriel era bem tímido, começou no Arte de Viver em março. É nítido como evoluiu e desenvolveu em muitos aspectos. Eu fiz teatro dos 12 aos 21 anos e sei a importância dessa arte. Acredito que toda criança e adolescente deveria estudar teatro em algum momento da vida” afirma. 

“Estou amando fazer teatro e conto os dias para ir ensaiar e brincar com meus amiguinhos, pois lá aprendemos e nos divertimos. Meu personagem no espetáculo é o Zênite”, conta Gabriel Mendes.

Já a pequena Sara Maria, 9 anos, é protagonista do espetáculo e pediu aos pais para fazer teatro, um grande seu sonho. “Percebo que estou mais dedicada aos estudos, aprendi a interpretar melhor os textos e a dar vida as falas dos personagens que faço. Eu gosto de ser a Maria Bonita, no começo fiquei nevosa porque são muitas falas, mas me dediquei e hoje estou muito feliz em poder interpretar essa mulher tão importante na história do nosso Nordeste”, destaca.

O Grupo Arte de Viver, companhia de teatro profissional, é uma ONG sem fins lucrativos, criada em maio de 2000, em Fortaleza, capital do Ceará, acumulando mais de 40 montagens,  sendo a única companhia de teatro do Estado com o SELO DE RESPONSABILIDADE CULTURAL, comenda conferida pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Ceará.

O Espetáculo Musical tem Direção Artística de Sheyla Lima, Paulia Barreto, Junior Gouveia e Danilo Ventura. Com texto de Danilo Ventura, Composições Musicais de Junior Gouveia, Arranjos Musicais de Samuel Sales e Direção Geral de Hemeterio Segundo, Maria Bonita e os Seres das Horas é um espetáculo para toda a família rir, se emocionar e se divertir.

Serviço:

– Espetáculo Maria Bonita e os Seres das Horas 

– Endereço da sede: Rua Samuel Uchôa, 395, Montese.

– Fundador, diretor e Presidente do grupo: Hemetério Segundo. 

– Para mais informações: (85) 99104-3360

– Assessoria: (85) 99714-8251

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