Em seu romance de estreia, Aléxis Kiosia cruza passado, presente e futuro numa ousada caça ao autoconhecimento

Bala Sete pretende ser modificador para quem lê

por Redação

E se um deus, demônio ou ventríloquo te manipulasse e previsse seu destino? E se suas tentativas de ler Nietzsche e a sua dor insuportável na cadeira do dentista estivessem sendo comandadas por um narrador que te conhece melhor do que você mesmo? Em Bala Sete (ou Uma Elaborada Forma de Suicídio), o leitor é instigado, como se estivesse num jogo de espelhos, a pensar se é de fato dono da própria história, num livro que marca a estreia de Aléxis Kiosia na literatura.

O romance é contado por um narrador responsável por personagens complexos e sedutores, em especial obcecado por tudo o que se pareça ELA. “Tentei surpreender e fugir de clichês, além de deixar diálogos os mais realistas que consegui”, conta. Cada capítulo de Bala Sete tem uma música como tema, além de ser nomeado com uma palavra “intraduzível” de algum idioma do mundo.

O livro é uma ficção autobiográfica e todos os personagens são baseados em pelo menos uma pessoa real. O objetivo de Kiosia é quebrar expectativas, confundir o leitor enquanto as peças do quebra-cabeça se encaixam. Um protagonista sem nome, Camila e um narrador que tem o leitor como cúmplice em seu jogo formam Bala Sete, numa jornada do herói às avessas e um castelo de cartas se desconstruindo enquanto o mundo interno está a ruir.

Em busca do cheiro de laranja, numa alusão ao autoconhecimento, mas indo pelo caminho oposto ao dos livros de autoajuda, a leitura desta obra transborda, mistura e tende a modificar quem a lê. É um livro sobre conhecer estradas (ou linhas), onde o passado, o presente e o futuro se encontram em uma atmosfera que se assemelha aos filmes de Charlie Kaufman e David Lynch.

Bala Sete é informalmente dividido em duas partes: a primeira metade é pueril, e a segunda é mais forte, intencionalmente confusa e experimental. De uma paixão adolescente, com encontros no shopping, passeios no centro da cidade e zero preocupações, ao luto, depressão, pressões familiares e relações desesperadas. No meio, o narrador manipulando ativamente a história ou reescrevendo trechos mesmo depois que tudo já aconteceu.

Aléxis Kiosia acredita que o texto, harmoniosamente encaixado, teve influência da sua atuação como engenheiro de software. Escritor por hobby desde a adolescência, se acostumou com a limitação de três páginas que a profissão lhe deu. Foi pouco antes da pandemia que resolveu se preparar para “quebrar” a limitação e investiu em cursos de escrita e criação com Lourenço Mutarelli.

Começado em 2002, muitas ideias maturaram na cabeça do autor até Bala Sete nascer.  “Foi um processo doloroso, terapêutico e libertador. O título do livro é o final do livro. O que eu mais quero com esse livro é fazer os leitores dizerem ‘EITA’ enquanto leem”, entrega.

SERVIÇO
Bala Sete (ou Uma Elaborada Forma de Suicídio)
Formato: 14x21cm
Preço: R$ 45,90

O autor
Aléxis Kiosia nasceu em 1986. Se perde entre palavras, músicas e traços. No tempo livre, sustenta seus vícios e seus gatos com um emprego comum. Nasceu em Campinas e mora em São Paulo.

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