Exposição de Alessandra Vaghi abre temporada de mostras na Galeria de Arte IBEU

Evento no Jardim Botânico é gratuito e aberto a todos os públicos

por Redação

A Galeria de Arte IBEU, no Jardim Botânico, inicia a programação regular de 2024 com mostras de artes visuais de artistas selecionados na última convocatória de projetos. Todos os eventos são gratuitos e aberto a todos os públicos. A primeira mostra do ano será da artista visual Alessandra Vaghi com lançamento no dia 9 de abril para convidados e de 10 a 30 de abril (segunda a quinta, das 13h às 19h e sextas, de 12h às 18h) para o público geral.  A exposição “Hecatombe” apresenta uma instalação que reúne os vídeos “A última ceia” e “Sacrifício”, além de objetos e fotografia.

“Hecatombe”, de Alessandra Vaghi, leva o visitante a diferentes reflexões sobre o tema proposto pela artista. Do ponto de vista da sustentabilidade, a hecatombe fala da morte das florestas, passando pela transformação da madeira em carvão, que encobre a luz e tira o ar. Multiversos que remetem à origem da palavra Hecatombe e de sua prática de sacrifício.

Ao fim do material, a descrição completa da obra de Alessandra Vaghi pelo curador da exposição, Luiz Alberto Oliveira.

SERVIÇO:

  • Título: A Hecatombe
  • Curadoria e texto crítico: Luiz Alberto Oliveira
  • Local: Galeria de Arte IBEU (Rua Maria Angélica, 168 – Jardim Botânico)
  • Inauguração: 09 de abril (terça)
  • Visitação: 10 a 30 de abril – segunda a quinta, das 13h às 19h; sextas, de 12h às 18h.

Perfil Alessandra Vaghi:

Graduada em Desenho Gráfico, Platt University, EUA, cursou arte e filosofia na PUC-Rio e pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Realizou exposições individuais em individuais no MAM, BA; Centro Cultural da Candido Mendes de Ipanema, RJ; Galeria Lurixs, RJ; Depois da tempestade, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, MAC; Art Source, no Museu da República, RJ e San Francisco, CA.

Participou das coletivas FotoRio, Galeria Lurixs, RJ; Temporada de projeto, Paço das Artes, SP; Arquivo Geral 2008, Centro Cultural Justiça Eleitoral, RJ; Novas Aquisições, MAC de Niterói, RJ; Zona oculta, Centro Cultural Justiça Eleitoral, RJ entre outras.

Suas obras fazem parte das coleções do MAC de Niterói e do MAM da Bahia.

Galeria de Arte IBEU:

Criada na década de 1960 em Copacabana, a Galeria de Arte IBEU ocupa desde 2017 uma casa na Rua Maria Angélica, no Jardim Botânico. O bairro, que já abriga ateliês e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, oferece na Galeria de Arte IBEU exposições individuais e coletivas em um espaço de 52 m2.  A Galeria de Arte IBEU já proporcionou exposições de nomes importantes da arte brasileira como Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Iberê Camargo, Alexander Calder, Antonio Manuel, Lygia Pape, Artur Barrio, entre outros.

Uma Reflexão sobre Ritual e Sacrifício

Sobre a exposição “Hecatombe”, de Alessandra Vaghi

Luiz Alberto Oliveira

Na antiga Hélade, foram costumeiros os rituais em que animais eram sacrificados para propiciar os Deuses, dentre eles Hera, soberana do Olimpo e protetora dos lares, e Atena, divindade da sabedoria e da guerra. Quando o número de animais era grande, a cerimônia era chamada de “Hecatombe” (o termo grego original designava a matança de 100 reses). Em nossos dicionários, o termo passou a significar chacina, massacre, carnificina. E, por certo, não apenas de animais de pastoreio.

O conjunto de trabalhos artísticos que Alessandra Vaghi nos apresenta sob este título oferece várias dimensões de reflexão. A mais imediata diz respeito a uma inflexão que vivemos na sociedade contemporânea: a hecatombe é das matas, em favor dos bovinos. O exame de mapas da cobertura vegetal no Brasil de algumas décadas para cá não deixa dúvidas acerca do morticínio em larga escala desfechado contra savanas e florestas, a ferro – e a fogo. Pois um segundo viés de devastação ampla foi o da conversão de madeira em carvão, em particular para uso em siderúrgicas. Deixando de fabricar ar, a mata fornece fogo para forjar o ferro; a contemplação dos sacos alinhados de lenho carbonizado inevitavelmente nos questiona sobre sua origem.

Em seguida, e ainda mais profundamente, somos conduzidos da substância para a luz – ou, antes, para sua abolição. É o negrume do carvão, por contraste, a fonte principal para o transluzimento do ambiente; a claridade diáfana dos feixes luminosos da cave onde os gestos rituais se desempenham – subterrâneos, silenciosos, suaves – abduz, e compõe, com o peso escuro da muralha de sacos. Este cenário íntimo, recluso, hospeda a sequência de movimentos pelas quais uma moradia – o lugar onde a gente se demora – é constituída sob nossas vistas, encarnada nos utensílios que põe o banco como mesa. Este domicílio improvável é como que o avesso da paisagem vista do alto, tão belamente exposta ao lado; tal como lá a vida se diferencia e espraia, aqui é a feminilidade que se multiplica.

De Jorge Luis Borges aos paradoxos quânticos e às histórias em quadrinhos, o conceito de multiverso se disseminou largamente em nossa cultura. O rol de questionamentos que Alessandra nos traz tão sutilmente talvez tenham como eixo integrador, fundacional ainda que indiscernível, fulgurante ainda que obscuro, o mistério mesmo de que as Deusas arcaicas eram símbolo: o da potência multiversal do feminino.

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