Escritas do Corpo

Exposição reúne obras de Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Letícia Parente e Wanda Pimentel

Exposição Escritas do Corpo reúne obras de Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Letícia Parente e Wanda Pimentel, pioneiras dos anos 1960 e 1970

por Redação

Está em cartaz no SESC Ramos  a exposição ESCRITAS DO CORPO, reunindo trabalhos de quatro criadoras fundamentais para a arte brasileira: Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Letícia Parente e Wanda Pimentel. Vencedora do edital Sesc Pulsar, a mostra tem curadoria da professora e pesquisadora Viviane Matesco e da crítica de arte Daniela Name. A produção é uma parceria entre a Museo Museologia e Museografia e a Caju Conteúdo e Projetos.

ESCRITAS DO CORPO procura debater a importância das obras dessas quatro grandes artistas e sua enorme contribuição para o pensamento e as vivências sobre o corpo a partir das décadas de 1960 e 1970. De diferentes maneiras, Anna Bella, Anna Maria, Letícia e Wanda fizeram da representação dos confinamentos e desafios do corpo uma metáfora para a luta contra totalitarismos políticos, sociais e de gênero.

“Essas quatro artistas pertencem a uma geração que criou novas formas de ver o corpo na arte, já que, ao longo da história da arte conduzida por um olhar europeu o corpo feminino oi representado tolhido de desejo e de sexualidade”, diz Viviane Matesco.

Daniela Name, por sua vez, enfatiza a importância das artistas da mostra em um período difícil da história brasileira – os anos de chumbo da ditadura civil-militar nas décadas de 1960 e 1970:

“Cada uma dessas criadoras responde ao período de uma maneira. Letícia Parente usa grande ironia ao bordar ‘Made in Brazil’ na sola do próprio pé e ao se pendurar como um casaco dentro do armário; Wanda Pimentel mostra um corpo feminino confinado, que já não cabe nos espaços domésticos. Anna Maria apresenta esse corpo no limite da fragilidade, de bocas lacradas, do caminhar evitando pisar em ovos. Já Anna Bella usa o próprio corpo para discutir  territórios, identidades e hegemonias muito antes de isso se tornar uma questão incontornável.

Com uma equipe majoritariamente feminina, que tem produção de Bruna Araújo e expografia de Paula de Oliveira Camargo, a exposição dá grande ênfase ao trabalho educativo. Em vez de visitas mediadas faladas, a artista e designer Luana Aguiar, que também assina a identidade visual, vai oferecer três vivências corporais para o público durante o tempo da exposição em cartaz.

CONHEÇA MAIS SOBRE AS ARTISTAS

Anna Bella Geiger (1933)

Pioneira da arte abstrata no Brasil, desenvolveu uma obra multilinguagem, que transita com desenvoltura por variados suportes (objetos, vídeos, esculturas, pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e fotoperformances) e também percorreu com muita fertilidade variados campos simbólicos. Em seu trabalho, o corpo é um território no qual  as noções de fronteira, geografia, identidade e cultura são discutidas. Filha da diáspora judaica, Anna Bella evidencia um corpo em estado de exílio, que busca novos espelhos, mapas e pertencimentos.

Anna Maria Maiolino (1942)

Uma das participantes da Bienal de Veneza em 2024, a artista ítalo-brasileira desenvolveu sua poética em diversos meios. Participou do movimento que ficou conhecido como Nova Figuração, que, no Brasil dos anos 1960 e 1970, dialogou com a Pop Art do Hemisfério Norte, mas mergulhando fundo no contexto da cultura de massa e popular de nosso país e no contexto histórico da ditadura militar. Na obra de Maiolino, o corpo frequentemente vive no limiar, perto de um risco, e sempre evidenciado em sua fragilidade e efemeridade.

Letícia Parente (1930-1991)

Pioneira da videoarte no Brasil, seus trabalhos envolvem o corpo feminino em um estado de estranhamento com situações que seriam corriqueiras, domésticas. Seu vídeo Marca registrada sintetiza a conjuntura política brasileira na época da ditadura. Ele e as demais obras reunidas em Escritas do corpo apresentam uma artista inquieta, que trata da objetificação e da contenção do corpo. Há uma violência subliminar que é denunciada e combatida nos trabalhos da artista, não através de um confronto direto mas com o uso do nonsense e da ironia.

Wanda Pimentel (1943-2019)

Nas suas obras em diversos suportes, o cotidiano feminino é figurado por uma linguagem pop, em diálogo com a imagem em meios da cultura de massa do Brasil, como as fotonovelas e as histórias em quadrinhos. Os corpos das mulheres anônimas da série Envolvimento não cabem nos lugares que lhes são destinados: a sensação é a de que as pernas e braços das retratadas pretendem ultrapassar o espaço delimitado pela cena e vivem em confinamento. Além de participar sobre as importantes discussões sobre espaço e representação de sua geração, Wanda faz de sua obra um espelho simbólico para a condição da mulher durante a ditadura.

AÇÕES EDUCATIVAS

1ª ação – 6  de abril, sábado, 15h – SACAR O SILÊNCIO DA BOCA

A artista Luana Aguiar vai conduzir uma vivência com todas as pessoas interessadas, com direito a alongamento, aquecimento e experiências de desenho e ações que levem a uma reflexão sobre aquilo que nunca dissemos, porque fomos obrigadas a calar. 20 vagas por ordem de chegada. Gratuito. Atividade para pessoas de 10 a 99+ anos.

2ª ação – 20 de abril, sábado, 15h – tema a confirmar

3ª ação – 25 de maio, 15h – tema a confirmar junto ao debate do lançamento do ebook do projeto

ESCRITAS DO CORPO

Sesc Ramos

Em cartaz

De 9 de março a 2 de junho

Terças a domingos, das 10h às 18h

SESC RAMOS

Rua Teixeira Franco 38 – Ramos

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