Conhecido por arrancar risadas do público ao longo de anos com seu humor afiado, o ator e comediante Gigante Leo agora se aventura por um novo território: o da literatura infantil. Ele fará sua estreia na Bienal do Livro Rio 2025 com A Arte de Ser Diferente, uma obra lúdica, emocionante e, como não poderia deixar de ser, recheada de humor com um propósito: combater o capacitismo e o machismo desde a infância.
O livro, co-escrito por Leo ao lado de Sergio Nardini, Manoel Ivo, Marcelo Correia e Renato Oliveira, integra a Coleção MaM (Meninos Anti-Machistas), e é ilustrado por Janine Eufrasio e Luana Chinaglia.
A história se passa em um reino animal onde o rei NapoLeão organiza as “Olimpíadas de Arte” — mas exclui competidores que considera “diferentes”. É quando personagens como Le Cão (com nanismo), Da Pink (cadeirante) e Larissa (neurodivergente) decidem desafiar as regras injustas do monarca e provar que talento e valor não têm padrão.
“Escrever “A Arte de Ser Diferente” foi uma alegria imensa, especialmente por ser meu primeiro livro infantil e por fazer parte da Coleção MaM”, conta Leo. “É um projeto que usa a arte para falar de temas essenciais como inclusão e respeito. Queremos que essa história chegue nas escolas e se torne uma ferramenta poderosa para mostrar para as crianças que a diferença é uma riqueza.”
A motivação para mergulhar no universo infantil veio de casa. Pai da pequena Luísa, de oito anos, Leo viu na literatura uma ponte afetiva com o mundo da filha. “Tenho cada vez mais vontade de me inserir na arte que ela curte. Tanto em livros, porque ela ama ler, quanto no audiovisual.”
A estreia como autor, porém, veio carregada de emoções e homenagens. “Poder homenagear a minha querida buldogue Juju, que marcou tanto a nossa família, foi especial. Ela já nasceu com uma condição renal grave e só viveu quatro anos, mas nos ensinou muito.”
E foi Juju quem inspirou Le Cão, personagem que compartilha com Leo não só a condição de nanismo, mas também o bom humor diante da vida. “Assim como os buldogues, as pessoas com nanismo têm dificuldades com o encurtamento dos membros e de serem baixinhos, mas isso não as impede de serem felizes e conquistarem tudo. O Le Cão tem um grande tom para a comédia, assim como eu. Mas também enfrenta limitações físicas para que enxerguem seu talento além das aparências.”
O livro é resultado de um processo criativo coletivo que, segundo Leo, foi “leve, divertido e libertador”. “O mais difícil foi condensar tudo o que queríamos dizer de forma clara e lúdica”, lembra. A parceria com Sergio Nardini, artista plástico e ativista com AME Tipo 2, surgiu do movimento “Pais Atípicos”. “Desde as primeiras trocas de mensagens, foi amor à primeira vista.”
A personagem Larissa, por sua vez, foi construída em colaboração com famílias de crianças neurodivergentes, reforçando o compromisso com representações reais e sensíveis. Com apoio formal do Instituto Nacional de Nanismo (INN), a obra se propõe a ser uma aliada de pais e professores no combate ao bullying e aos estigmas.
“Queremos que pais, mães, professores e cuidadores absorvam a mensagem da inclusão. Que passem a enxergar as potencialidades das pessoas antes de suas limitações”, reforça Leo.
Mesmo abordando temas densos como capacitismo e machismo, “A Arte de Ser Diferente” não perde o tom leve e divertido. “A linguagem infantil não traz tanto o universo cômico em si, mas há muita brincadeira com os nomes dos personagens, como ‘Marília Mãe da Onça’”, explica o autor. “O humor desarma resistências. Quando falamos desses assuntos de forma militante, às vezes a mensagem não toca as pessoas. O humor consegue isso.”
Essa mistura de riso com reflexão vem desde a infância de Leo, marcada por autores como Monteiro Lobato, Ziraldo, Maurício de Sousa e Maria Clara Machado. “O Cebolinha me marcou muito. Ele tinha dificuldade na fala, como eu na minha dicção, mas era esperto, feliz e aprontava todas.”
Luísa, claro, foi a primeira leitora e crítica da obra. “Ela foi meu principal termômetro. A primeira vez que leu o livro foi o momento mais feliz da minha vida. Ela lia com entusiasmo e dava muitas risadas.”
E se depender de Leo, essa não será sua única investida no universo infantil. “Já estou gravando em julho um filme chamado GRUDI: O Musical dos Gestos, que também aborda a inclusão. Pretendo escrever mais livros infantojuvenis. A literatura virou, sim, uma nova paixão.”
Com lançamento oficial previsto para a Bienal do Livro Rio, entre os dias 13 e 22 de junho, “A Arte de Ser Diferente” já nasce com a missão de provocar, encantar e transformar. Para Gigante Leo, subir ao palco literário nesse evento é uma conquista.
“Esse livro tem um valor sentimental inestimável. Desde poder falar para crianças sobre inclusão, respeito e empatia, até eternizar o espírito da Juju. Viver tudo isso na Bienal, um lugar que sempre amei, é algo que não tem como ser descrito em palavras.”
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