Mineira conta os desafios de ser chef de cozinha em restaurante no litoral da França

Anna Alves, de 32 anos, trabalha desde os 21 em restaurante localizado em Nice

por Redação
Anna Alves trabalha como chef de cozinha no restaurante Único Rodízio Nice, na Riviera Francesa

Anna Alves trabalha como chef de cozinha no restaurante Único Rodízio Nice, na Riviera Francesa

Em meio à diferença de costumes, gostos e culturas, se mudar pra outro país para trabalhar é algo que traz consigo inúmeros desafios. A mineira Anna Alves sentiu isso na pele ao passar a morar em Nice, no litoral francês, para atuar como chef de cozinha. Ela é uma das principais profissionais do Único Rodízio Nice, restaurante que mistura a gastronimia brasileira com a francesa.

De acordo com Anna, navegar pelo cenário culinário francês é muito desafiador, já que é um local que tem uma cultura gastronômica muito bem definida e famosa, o que aumenta a exigência para a confecção de bons pratos. E, quando não se está inserido nessa cultura, segundo ela, o processo de adaptação é mais desafiador.

“Eu me deixei levar para aprender com os franceses. A cultura é muito diferente, por isso foi preciso que eu mergulhasse de cabeça para me desenvolver como chef por aqui. Precisei esquecer um pouco do que já sabia no Brasil. Tive que começar do zero aqui, como se fosse uma chef sem experiência”, afirmou a chef.

Atualmente com 32 anos, Anna teve o seu primeiro contato com a França quando tinha 21, ao fazer uma viagem de 40 dias para visitar seus primos. No período em que ficou no país, se apaixonou pela cultura e decidiu ficar de vez, iniciando estudos em escolas de gastronomia em Paris. Depois de meses aprimorando suas técnicas, foi notada por restaurantes e iniciou sua carreira.

Como principal desafio em sua introdução à culinária francesa, a chef mineira salientou que o paladar dos franceses é algo que foi um obstáculo no início, já que o gosto deles é muito diferente do que o que já estava acostumada.

“O palador dos franceses é complicado. Eles gostam muito de comida com molho, diferente do Brasil. Brasileiros gostam mais de comida seca. Eu estava mais acostumada a trabalhar com esses tipos de pratos. Tive que estudar bastante para me adaptar”, explicou Anna.

Ainda segundo a chef, já como algo positivo das diferenças entre a culinária brasileira e francesa, o acesso aos ingredientes na França é muito mais fácil, além de serem mais baratos.

“Tem muito mais facilidade e acesso. Consigo encontrar ingredientes que dificilmente encontraria no Brasil. Os preços não são tão elevados também. É possível exercer melhor a criatividade. É uma oportunidade única para explorar novos horizontes culinários, ainda que exigindo sensibilidade para equilibrar tradições e inovações”, disse.

A jornada de Anna Alves destaca não apenas os desafios, mas a resiliência e a criatividade que os chefs estrangeiros trazem consigo. Em Nice, onde o mar Mediterrâneo encontra a culinária sofisticada, Anna continua a surpreender os paladares, mostrando que, embora seja desafiador, trabalhar em outro país pode ser uma oportunidade única de crescimento e inovação.

Chef Anna Alves

Natural de Belo Horizonte e criada em Ibirité, Anna Paula Alves, uma mineira cheia de sonhos, alimentava aos 17 anos o desejo de se tornar uma renomada chef de cozinha. Na época, ela não fazia ideia de que, aos 32 anos, estaria fazendo história na França, o berço da gastronomia mundialmente reconhecida.

Sua trajetória profissional teve início aos 17 anos, quando assistiu ao primeiro episódio do programa “Top Chef”. Foi nesse momento que decidiu transformar ingredientes simples em algo extraordinário, inspirada pela habilidade do chef em cortar e transformar a salsinha em pó. “Fiquei tão impressionada que decidi me dedicar a fazer o mesmo”, compartilhou.

Ao completar 18 anos e concluir o ensino médio, Anna Alves ingressou em um curso profissionalizante de culinária no SENAC, com o objetivo de levantar fundos para a faculdade. Contudo, os planos divinos para sua vida eram grandiosos. Seu talento e paixão pela culinária foram reconhecidos por um “anjo da guarda” que financiou seus estudos na Faculdade Estácio de Sá, a única instituição em Belo Horizonte com um curso de gastronomia academicamente reconhecido na época.

Desde então, Anna trabalhou em prestigiadas casas italianas na cidade, tornando-se chef pela primeira vez aos 19 anos na Domenico Pizzeria, onde permaneceu por dois anos antes de decidir se aventurar na França. “Vim para a França para passar 40 dias, visitar meus primos, conhecer a neve e aproveitar o réveillon europeu. No fim, acabei ficando por aqui para trabalhar”, revelou.

Atualmente, Anna é a chef do “Rodízio Nice” em Nice, onde apresenta suas especialidades nas culinárias italiana e francesa. Recentemente, ela também explorou o universo da culinária brasileira, conquistando o paladar europeu com o sabor caseiro de suas receitas, mostrando o verdadeiro sabor de Minas Gerais.

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