Escrever é uma forma de transformar dor em palavra, silêncio em voz. É isso que os leitores encontram nos livros de Mônica Strege – “É[Sobre]Vida” (2024) e “É[Sobre]Viver (2025)”, com relatos corajosos de quem insiste em viver mesmo quando tudo parece incerto.
Paciente oncológica em cuidados paliativos, Mônica escreve a partir de suas vivências com o câncer, mas sua literatura vai além da doença: fala de vida, de gênero, de trabalho, além de temas voltados à educação, feminismo e muito mais.
E em 2025 ela estará presente pela primeira vez em dois dos maiores eventos literários do país: a Bienal do Livro do Rio de Janeiro e a Feira do Livro de São Paulo, apresentando seus dois livros e realizando uma palestra.
Livros surgiram em meio ao processo de tratamento
Mônica estava escrevendo seu primeiro livro, “É [sobre]Vida”, com histórias de sua vida, quando recebeu o diagnóstico de câncer de pulmão, em 2021, em plena pandemia. O título da obra foi dado a partir da sua condição de saúde. Ao saber do diagnóstico soube que a cura não era mais possível e sim o prolongamento de uma sobrevida.
Mesmo diante da notícia, continuou sua trajetória de estudos no mestrado. Em 2022 recebeu o segundo diagnóstico de metástase cerebral, fez a defesa da dissertação e concluiu o seu primeiro livro.
A publicação aconteceu em 2024 e, pouco tempo depois, publicou também o segundo livro, “É (sobre)viver”, lançado em março de 2025. São obras que nascem desse entrelugar delicado: não para exaltar a dor, nem para silenciá-la, mas para dar voz a experiências reais, sentidas, choradas e, acima de tudo, compartilhadas. “O câncer atravessa minha vida, mas não é a minha vida”, diz.
Ela acredita que é fundamental falar sem tabus sobre a doença e sobre a finitude da vida, reconhecer que qualquer pessoa pode adoecer. Pontua, também, o quanto o acesso ao diagnóstico e ao cuidado ainda é um enorme privilégio em um país marcado por desigualdades.
Escritora é da área da Educação e tem novos projetos a caminho
Nascida no interior de Santa Catarina, Mônica viveu também no Mato Grosso, onde se formou em Ciências Biológicas, e vive atualmente em Goiânia com seu filho João Lucas, de 12 anos. Sempre atuou como professora e hoje cursa doutorado também na área da Educação.
Entre um divórcio em andamento, sessões de tratamento e o cuidado com o filho, segue escrevendo. Também é voluntária em grupos de apoio a pessoas com câncer, participa de projetos de acolhimento e já palestrou em diversos eventos sobre oncologia e cuidados paliativos – temas que, segundo ela, precisam ser discutidos para que as pessoas, ao se depararem com um diagnóstico seu ou de alguém próximo, não sejam pegas de surpresa.
Seu terceiro livro já está em andamento e promete ser o mais profundo, tendo o adoecimento como pano de fundo, mas aprofundando as questões femininas, acessando as “gaiolas” invisíveis que aprisionam tantas mulheres. “Não sou heroína, não sou forte. Só não tive escolha. Precisei encarar”, diz. Ela afirma ainda que sua sobrevida não é um rascunho – é a versão mais bonita de sua história, pois ela se descobriu viva desde então.
Em sua trajetória literária e pessoal, Mônica nos lembra que “há muita vida depois do “não tem cura” e que escrever é uma forma de seguir viva, habitando o mundo com coragem e literatura.
AGENDA NA BIENAL DO LIVRO DO RIO DE JANEIRO – estande Escreva, Garota
18/06:
13h às 17h – vendas e sessão de autógrafos
17h às 19h – palestra junto com a psicóloga Silvana Aquino
19/06:
19h às 21h – vendas e sessão de autógrafos
AGENDA NA FEIRA DO LIVRO DE SÃO PAULO – tenda Escreva, Garota
20/06:
17h às 20h – vendas e sessão de autógrafos