“O cachorro que se recusou a morrer” reestreia em Copacabana, no cult Teatro Brigitte Blair

Nesse drama bem humorado, a memória afetiva do autor-ator, filho de imigrantes libaneses,mistura tempos e espaços, tocando uma dimensão onírica do real

por Redação
O cachorro que se recusou a morrer

O argumento de O cachorro que se recusou a morrer, novo espetáculo multimídia do ator e autor Samir Murad, que divide a direção com Delson Antunes, deriva de suas memórias e das histórias contadas por seu pai: um imigrante libanês em sua luta pela sobrevivência numa terra estranha. Conflito, êxodo, o novo mundo, casamento por encomenda, saúde mental afetada, são conteúdos que, como um mascate andarilho, o ator mambembe carrega em sua mala e que pretende vender ao seu público. Dessas referências nasce um contato intimista e revelador entre artista, teatro e espectador.

– Quero lhes apresentar essa história porque acredito que ela cumpre a função essencial do Teatro: emocionar e provocar uma reflexão sobre a condição humana. Depois da trilogia Teatro, Mito e Genealogia – a partir de uma pesquisa de linguagem cênica, baseada em conceitos e práticas teatrais de Antonin Artaud –, representada pelos meus trabalhos anteriores proponho com O cachorro que se recusou a morrer uma nova forma de narrativa, mais simples, mais contida e essencial. Meu foco, aqui, é a alma do texto. O diálogo com o público. Por trás de uma cena de família (da minha família), muitos aspectos da cultura árabe – alguns deles em gritantes conflitos com os costumes brasileiros – precisam ser revisitados. Começando pela submissão da mulher, a intolerância religiosa, o poder tribal do patriarca –, declara Samir Murad.

Um casamento por encomenda e uma tríade formada pelo pai, a mãe e a irmã mais velha, afetada mentalmente (inclusive por internações) pelo casamento sem amor dos pais. Marcas que não desvanecem e perpassam por toda a relação familiar do autor-ator, extraídas não apenas de suas memórias, mas de relatos gravados por seu próprio pai antes de falecer. Conflitos que estão em cada um de nós e ajudarão a resgatar sentimentos no público, por meio de recursos cênicos despojados, apoiados principalmente pelo trabalho de corpo e voz do ator. Assim o texto oscila entre o drama e o humor, trazendo à cena uma cultura machista, forjada em dogmas religiosos que até hoje permeiam a maioria dos lares brasileiros. Em alguns momentos, projeções mesclam imagens criadas com fotos reais antigas, assim como da casa onde tudo se passou, o que acentua o clima dos escombros da memória. A forte presença da trilha sonora, marca a cultura árabe familiar. Não faltam ao espetáculo os gestos, a mímica e as pantomimas que emprestam emoção à palavra.

Ficha técnica

  • Criação, texto e atuação: Samir Murad
  • Direção: Delson Antunes e Samir Murad
  • Cenografia: José Dias
  • Figurino e adereços: Karlla de Luca
  • Iluminação: Thales Coutinho
  • Trilha Sonora: André Poyart e Samir Murad
  • Videocenário: Mayara Ferreira
  • Assistente de direção: Gedivan de Albuquerque
  • Assessoria de imprensa: Ney Motta
  • Programação visual: Fernando Alax
  • Fotos: Fernando Valle
  • Mídias sociais: Cia Teatral Cambaleei, mas não caí…
  • Cenotécnico: Mario Pereira
  • Costureira: Maria Helena
  • Direção de produção: Fernando Alax
  • Produção executiva: Wagner Uchoa
  • Operação audiovisual: Edmar Rocha
  • Operação de luz: Hélio Malvino
  • Realização: Cia Teatral Cambaleei, mas não caí…

Serviço

  • De 4 de março até 2 de abril, sábados, às 20:30h, e domingos, às 19h.
  • Local: Teatro Brigitte Blair
  • Endereço: Rua Miguel Lemos, 51-H, Copacabana, Rio de Janeiro.
  • Próximo a Estação Cantagalo do Metrô Rio
  • Informações: 21 2521-2955
  • Valor do ingresso: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia-entrada)
  • Capacidade de público: 200 pessoas
  • Classificação: 10 anos
  • Duração: 75 minutos
  • Gênero: Drama bem humorado

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