Quem diria… Nelson Rodrigues era um romântico! E o espetáculo “Pierrô do Méier – 3 crônicas de Nelson Rodrigues” pode provar! O texto é uma adaptação teatral inédita de três crônicas da série “A vida como ela é”: “A troca”, “O monstro” e “Flor de laranjeira”. Com atuação de Paulo Trajano e direção de Elena Gaissionok, o monólogo volta ao cartaz, desta vez no Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio, onde cumpre temporada de 6 a 28 de dezembro, com ingressos a preços populares de R$ 30 e R$ 60.
A peça estreou em março, numa temporada de 11 semanas em Copacabana. A receptividade da crítica e do público validou “Pierrô do Méier” como um espetáculo potente, crítico e cheio de humor. “Trata-se de um espetáculo libertador […], a libertação do drama do pecado de existir […], uma alquimia de textos de três crônicas […] irreverentes, ácidas, profundamente humoradas e belamente críticas”, atestou a crítica teatral Tânia Brandão, que se encantou também pelo desempenho do ator.
A atuação de Trajano impressiona por sua capacidade arrebatadora de expressar uma complexa rede de sentimentos. A concepção desse trabalho baseou-se na técnica russa “fala cênica”, reconhecida internacionalmente, que se caracteriza pelo rigor no trato com a palavra encenada. Destaque para a diretora Elena Gaissionok, uma das poucas que utiliza esse método no Brasil e que potencializou o talento do ator.
“Pierrô do Méier” aborda questões retratadas por Nelson Rodrigues nos anos 1950, que continuam em evidência nos dias de hoje, como a pretensa superioridade do sexo masculino, a desvalorização do desejo feminino, a violência contra a mulher e a criminalização do aborto. “Nelson Rodrigues foi um grande escritor e nos deixou uma obra muito extensa, em que considerou aspectos relevantes da alma humana. Nosso objetivo neste espetáculo foi valorizar aspectos positivos e românticos de personagens e situações rodrigueanas. Procuramos mostrar que o ser humano pode tropeçar e cometer erros, mas com a perspectiva de melhorar na vida e conquistar seus objetivos. Acreditamos que a vida tem seus percalços mas que ainda podemos ser felizes. Talvez por isso, a crítica Tânia Brandão tenha dito que ‘Pierrô do Méier’ é um espetáculo que faz bem para as agruras da alma”, explica Paulo Trajano.
As três crônicas têm um fio narrativo único, praticamente sem intervenções sonoras, em uma encenação camerística com poucos elementos cênicos. Para a pesquisadora Carmem Gadelha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, “o espetáculo cria a sensação no espectador de olhar pelo buraco da fechadura, mas é também exuberante e transborda em teatralidade”.
Paulo Trajano
Ator formado pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) e pela Faculdade de Dança Angel Vianna (FAV). Mestre em Teatro pela Uni-Rio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). Pós-graduado em Estudos Avançados em Dança Contemporânea pela UFBA / FAV. Estudou na Escola de Mímica Corporal Dramática de Paris, onde trabalhou com a Companhia Théâtre de L’ânge Fou, apresentando-se nos EUA, na Alemanha, na Holanda e na França. No Brasil, alguns de seus importantes espetáculos como ator foram: “Os possessos” (1987), direção de Bia Lessa; “Na solidão dos campos de algodão” (2001), direção de Paulo José; “Pedras nos bolsos” (2012), direção David Herman; “Cauby! Cauby! Uma lembrança…” (2018), direção de Diogo Vilela e Flávio Marinho; “A verdade” (2019), direção de Marcus Alvisi. “Pierrô do Méier” (2023), direção Elena Gaissionok. Em 2018, estreia como diretor com o espetáculo “Amar é o crime perfeito”. Desde 1994, trabalha como professor na Faculdade e Escola Angel Vianna e no Instituto e Faculdade CAL de Artes Cênicas.
Elena Gaissionok
Atriz e diretora de teatro formada por duas faculdades em Moscou (Academia do Teatro e Cinema Lunatchársky e Instituto de Música Gnéssiny), onde estudou canto lírico, interpretação artística e fala cênica. Durante oito anos, trabalhou no principal teatro para a juventude da Rússia: RAMT. Há mais de vinte anos, reside no Brasil, atuando como professora particular de canto, fala cênica e trabalho artístico com textos literários. Na cidade do Rio de Janeiro, dirigiu vários espetáculos: “Cartas portuguesas” (2004); “Histórias de Lili” (2006); “Historiettes” (2007), de Guy de Maupassant; “Caminhando entre contos, palavras e amores” (2012); “Oito mulheres” (2016). Atuou como preparadora vocal (técnica de fala cênica) em importantes espetáculos como: “Otelo” (2008) e “Camille Claudel” (2009). Traduziu para o idioma russo a peça “O beijo no asfalto”, assim como trechos de “A vida como ela é”. De 2012 a 2022, trabalhou como professora no Instituto e Faculdade CAL de Artes Cênicas.
Ficha técnica
- Autor: Nelson Rodrigues
- Direção: Elena Gaissionok
- Atuação: Paulo Trajano
- Cenografia e figurino: Elena Gaissionok e Paulo Trajano
- Iluminação: Thales Paradela
- Programação visual: Aline Assumpção
- Fotografia: Renato Neto
- Direção de produção e produção executiva: Cláudio Calixto
Serviço
“Pierrô do Méier – 3 crônicas de Nelson Rodrigues”
- Temporada: de 6 a 28 de dezembro
- Local: Teatro Glauce Rocha
- Endereço: Av. Rio Branco 179 – Centro – RJ
- Sessões: quartas e quintas, às 19h
- Capacidade: 204 lugares
- Duração: 70 minutos
- Classificação etária: 16 anos
- Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)
Vendas na bilheteria do teatro e no site da Sympla (https://www.sympla.com.br)