A Prefeitura anunciou, nesta quarta-feira (19/6), Dia do Cinema Brasileiro, o investimento de R$ 34 milhões no audiovisual carioca para este ano. O anúncio foi feito durante a inauguração de um estúdio de ponta no Polo Cine Vídeo, na Zona Oeste, complexo que é fruto de uma parceria público-privada entre a Prefeitura e a concessionária Quanta. As inscrições para os editais do Pró-Carioca Audiovisual 2024 vão de 1º de julho a 5 de agosto.
A cerimônia contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do prefeito do Rio, Eduardo Paes, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, do secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero, do presidente em exercício da RioFilme, Eduardo Marques, entre outras autoridades e representantes do setor audiovisual.
– É um prazer estar aqui nesse Dia do Cinema Brasileiro para falarmos sobre esse setor tão vital para a nossa cidade. Temos muito a comemorar com a retomada desse setor que é estratégico economicamente e que faz o Rio pulsar nos corações mundo a fora. O cinema projeta a nossa cidade dentro e fora do país, gravando no imaginário nacional e global o desejo de conhecer e viver tudo aquilo que temos a oferecer. A produção cinematográfica carioca é responsável por 70% da bilheteria do cinema brasileiro. Superamos Paris em número de filmagens. Isso é muito fruto da beleza do Rio, mas também é resultado de uma política da valorização do setor – afirmou Eduardo Paes.
Os R$ 34 milhões dessa nova linha de fomento serão investidos na produção de longas e séries, documentários, curtas e jogos eletrônicos, assim como em desenvolvimento de projetos, formação profissional, mostras e festivais, entre outros. Até o dia 21 de junho os editais se encontram em Consulta Pública no site da RioFilme. Representantes do setor podem fazer as contribuições pelo endereço riofilme.com.br/consulta.
– Acho que nunca antes na história desse país, os companheiros da indústria da Cultura ouviram tanta notícia boa. Nós vamos tratar a cultura com seriedade e respeito. Porque um país que não tem cultura, que não investe nesse tema, na verdade não se transforma num país. O povo não é povo, é massa de manobra. A cultura politiza e refresca a cabeça das pessoas. É por isso que acreditamos muito na cultura e fazemos os investimentos – disse o presidente Lula.
Novo estúdio na Zona Oeste
Na cerimônia, também foi inaugurado o Estúdio 8, do Polo Cine Vídeo, onde foi filmado recentemente o longa-metragem “O Auto da Compadecida 2”, de Guel Arraes. A produção é uma parceria com a RioFilme, por meio do edital de Incentivo à Atração de Produções Audiovisuais para o Município do Rio de Janeiro – Cash Rebate, de 2023.
O Polo Cine Vídeo pertence à Prefeitura do Rio, mas é administrado pela Quanta desde junho de 2022, quando a empresa firmou uma parceria público-privada com o município por meio da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar). Em contrapartida, o contrato estabelecido pela Prefeitura determina que a empresa invista R$ 92 milhões no espaço. Os investimentos estão transformando o Polo Cine Vídeo em um dos maiores complexos de estúdios da América Latina.
Segundo o cronograma de obras divulgado pela Quanta, estão previstas as inaugurações dos blocos 3 em setembro, 1 e 2 em dezembro e 4 em março. Serão 16 estúdios no polo com estrutura de ponta para receber produções de todos os tamanhos e gêneros, inclusive com recursos digitais de última geração.
Investimentos recordes e mais de R$ 570 milhões na economia carioca
Os investimentos da Prefeitura no setor do audiovisual nos últimos três anos movimentaram mais de R$ 570 milhões na economia do município. Desde 2021, foram mais de R$ 139 milhões de investimentos por meio da RioFilme, e estima-se que as ações de fomento atraíram potencialmente outros R$ 431 milhões para a cidade.
– A indústria audiovisual tem dois aspectos. No econômico, nós geramos empregos, renda e movimenta a economia da cidade. E no aspecto de identidade reflete toda a nossa produção criativa, tudo aquilo que consideramos parte do nosso arcabouço civilizatório que transferimos para aa telas e telinhas. Esse investimento é muito abrangente nesse sentido, porque trata da nossa identidade e da nossa economia – disse Marcelo Calero.
Dados da RioFilme apontam que quase cinco mil postos de trabalho foram gerados na área técnica, e outros quase sete mil entre atores e figurantes. A empresa investiu também em mais de 70 cursos de formação profissional na área do audiovisual, propiciando que 386 alunos pudessem se qualificar e serem inseridos no mercado de trabalho.
A respeito da democratização dos recursos distribuídos pela RioFilme, recentemente a empresa divulgou o resultado de sua política afirmativa, que atua por meio de pontuações adicionais a grupos minorizados em seus editais. Em 2023, quase 80% das propostas aprovadas pela RioFilme são lideradas por mulheres, 61% por pessoas negras e 37% por pessoas que vivem em áreas de maior vulnerabilidade social da cidade, em zonas de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixo.
Viva o Cinema de Rua!
O programa de fomento em audiovisual da Prefeitura do Rio propiciou também a democratização do acesso da população ao conteúdo audiovisual. A partir de ações da RioFilme, foram realizadas reformas, reaberturas e modernização de sete cinemas de rua cariocas. Em 2023, a partir de recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio do edital Viva o Cinema de Rua! lançado pela Secretaria de Cultura, via RioFilme, estão sendo reformadas e reabertas salas de exibição nas zonas Sul e Norte e também no Centro, como os recém-inaugurados CineCarioca Nova Brasília, no Complexo do Alemão, o Ponto Cine de Guadalupe e o Cine Santa, em Santa Teresa.
No dia 28 de junho será reinaugurado o Cine Penha, que estava fechado desde 2006. Além disso, foram também beneficiados para reforma a sala de exibição da Cinemateca do MAM e as salas de cinema do Grupo Estação. E, em agosto, será inaugurado o CineCarioca José Wilker, que oferecerá ao carioca duas salas de cinema de rua em Laranjeiras.
– A gente passou por um período de ausência de investimento, somado a uma pandemia. Em 2021, essa nova gestão retomou o trabalho e o resultado é o maior investimento da história do Rio de Janeiro. É claro, contando com o apoio do recurso que veio da Lei Paulo Gustavo. Nesse início de 2024, a gente vem colhendo o que plantou. Tivemos a reabertura de salas de cinema de rua, que para a gente é a prova do retorno. Adotamos um sistema próprio, um atendimento muito específico para o produtor que é filmar na cidade, enfim, batendo recorde, superando Paris, e hoje, no dia do cinema brasileiro, esse evento que vem, enfim, brindar esses investimentos – declarou o presidente em exercício da RioFilme, Eduardo Marques.
Uma das cidades mais filmadas do mundo
Com todos esses investimentos, o Rio alcançou o posto de uma das cidades mais filmadas do mundo em 2023, de acordo com a Rio Film Commission, ultrapassando Paris no número de diárias autorizadas. O município autorizou 7.885 diárias de filmagem em 2023, o que significa que todos os dias do ano passado pelo menos 21 sets de gravação estavam trabalhando nas ruas, praias, parques e praças da cidade, levando o Rio para as telas do Brasil e do mundo. No mesmo período, a capital francesa autorizou 7.400 diárias de filmagem.
– Investir no audiovisual é fundamental. O Rio tem essa vocação, é uma cidade artística. E o audiovisual, além de ser uma questão artística, gera muitas oportunidades de emprego para a juventude, de educação, de circulação de imagem da cidade para o mundo inteiro. Ele atrai produções internacionais. Espero que o Rio coloque cada vez mais o audiovisual no seu plano estratégico e que a gente possa oferecer oportunidades de ampliar as ações do audiovisual. Essa uma grande potência associada ao turismo, tecnologia e inovação – disse a produtora de cinema e diretora do Festival do Rio, Vilma Lustosa.
Cota de tela
Na solenidade, o presidente Lula assinou o decreto que regulamenta a cota de tela em cinema, disposta na Lei nº 14.814/2024, proposta pelo então deputado federal Marcelo Calero, hoje secretário municipal de Cultura do Rio. A norma sancionada em janeiro recria a cota de exibição comercial de obras cinematográficas brasileiras, obrigatoriamente, até 31 de dezembro de 2033. O intuito é promover a valorização do cinema nacional ao determinar que empresas, indústria cinematográfica e parque exibidor incluam e mantenham, no âmbito de sua programação, obras brasileiras de longa-metragem, observados o número mínimo de sessões e a diversidade dos títulos.