Surgido a partir da afinidade das pesquisas das artistas plásticas Mariana Paraizo e Mery Horta, cujos estudos individuais analisam a relação entre o espaço público e o privado, o projeto Casa Pública se concretiza contemplado pelo edital FOCA – Fomento à Cultura Carioca da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Assim, nos dias 05, 06 e 07 de maio acontecem intervenções artísticas urbanas com trabalhos inéditos de cinco artistas cariocas, uma ação totalmente gratuita e voltada ao público de todas as idades. Além de trabalhos de Mariana e Mery, estão no projeto obras de Ana Hortides, André Vargas e Rafael Amorim, que poderão ser vistas na Praça Mauá (Centro), Praça Saens Peña (Tijuca) e Praça Guilherme da Silveira (Bangu).
Inéditos, os trabalhos foram desenvolvidos especialmente para o projeto a partir das noções de acolhimento, abrigo, espaço público e privado e o direito à moradia. A intervenção acontece de forma pontual e temporária, sendo um dia em cada uma das praças escolhidas e, deste modo, abarcando públicos de esferas distintas da cidade. A ocupação incluirá como atividades artísticas proposições participativas para o público na forma de performances, ativações de objetos, ações, instalações e leituras, tudo compartilhado com o público presente em cada uma das praças.
“Vemos a necessidade de trazer para o cenário das artes visuais trabalhos e reflexões acerca dos limites e o entrelaçamento entre o que é da ordem do público e privado, entre o doméstico e o comunal. Além da própria questão do formato de exibição das obras nesses ambientes ‘não convencionais’, propomos trabalhos artísticos que tangem a dinâmica relacional com esses diferentes espaços e os aspectos sociais vinculados a eles, como o acesso e o direito à moradia e à arte”, adianta Mariana sobre o projeto.
Para Mery Horta, além de mobilizar o ambiente urbano das praças públicas do Rio de Janeiro, realizar um projeto nestes moldes atinge um ponto tido como uma questão fundamental – possibilitar a inserção de um público novo e mais heterogêneo nas artes visuais. “Este campo continua sendo, de modo geral, elitista e, portanto, inacessível à grande parte da população. Ao restringir o acesso de obras de arte aos museus e galerias, infelizmente exclui-se as camadas mais populares da sociedade. Nas praças públicas, locais de passagem, paragem e abrigo de muitas pessoas, criamos um diálogo entre obra-artista-público que só é possível nestes locais, devido às suas especificidades territoriais e de relações humanas/sociais”, observa.
Além da exposição, o projeto ainda realiza ao longo do dia 20 de maio no Paço Imperial (Sala dos Archeiros) o 1º Seminário Casa Pública, tecendo discussões e produção de textos críticos sobre as intervenções realizadas. Coordenado pelo crítico e professor de arte Thiago Fernandes, o seminário é aberto ao público em geral interessado em crítica de arte e acontece com a participação de sete estudantes da graduação de cursos de arte da cidade do Rio de Janeiro, previamente selecionados através de convocatória pública.
“Acreditamos na potência da pesquisa aliada à produção artística, e quando falamos ‘pesquisa’ incluímos as instituições acadêmicas. Como mulheres artistas e acadêmicas de origem periférica, entendemos que o acesso à educação e cultura é base fundamental para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa. O Seminário surge desta questão, sendo como uma ponte para a universidade, pois contará com a participação de estudantes e com a sociedade em geral”, finaliza Mery Horta.
Serviço:
Intervenções nas praças:
- 5/5 (Praça Saens Peña – sexta)
- 6/5 (Guilherme da Silveira – Bangu – sábado)
- 7/5 (Praça Mauá – domingo)
- Horário: De 10:00 às 16:00 h
- Grátis
Seminário na sala dos Archeiros no Paço Imperial:
- Local: Paço Imperial – Praça XV – n 48
- Dia 20/5 (sábado)
- Horário: 14:00h
- Grátis